ALÉM DO DECLARADO – “Tivemos divergências políticas em 2016, em um grande embate, e o povo escolheu Edvaldo, que é um realizador de obras e faz uma boa administração. Foi daqui que eu vim: Marcelo Déda, Zé Eduardo Dutra, Valadares, Jackson Barreto, Edvaldo Nogueira”, Valadares Filho, ex-deputado federal (em evento de apoio ao pré a prefeito de Aracaju do atual gestor, ambos do PDT)

Valadares Filho (SD) é um querido amigo aqui da casa, disso ninguém duvide. Mas esse trecho de sua fala no evento do apoio dele a Luiz Roberto, convenhamos, foi de um ginástica mental e histórica pra lá de suplicante.

Senão, vejamos: ao tentar se enquadrar, em termos políticos, à figuras históricas do PT, caso dos saudosos Déda e Zé Eduardo, VF não explica nadica de nada sobre por quais razões votou pelo impedimento – ou, pra sermos mais claros, pelo impeachment – de Dilma Rousseff (PT), isso lá nos idos de 16, quando estava deputado federal.

Para o leitor e a leitora avaliar, que tal pensar sobre o quanto o voto de VF foi decisivo pra que Dilma fosse defenestrada da Presidência e o quanto isso contribuiu pra que a extrema-direita ascendesse ao poder, via Jair Bolsonaro (PL)? Nem precisa desenhar, né?

Mas aí ele acabou perdendo a disputa pela prefeitura de Aracaju justamente pra Edvaldo, ainda em 16, a quem se alia agora com garbo e circunstância. E até esse ponto, nada de errado e nem nada demais, afinal a política tem dessas coisas, ora pois.

Mas é que fica por demais complicado ver que um cabra que se ‘auto exalta’, por considerar que seus posicionamentos supostamente ‘progressistas’ o credenciam pra assumir sua atual posição, como se o seu passado simplesmente não existisse ou como se o povo fosse besta o suficiente pra ignorar o que ele fez ‘no verão passado’ ou, melhor ainda, nas eleições passadas.

Bora lá? Depois de perder para Edvaldo em 16, Valadares Filho se embrenhou numa disputa contra Belivaldo Chagas em 18, ainda que a vice na chapa que venceu, a de Belivaldo, tenha sido ocupada por Eliane Aquino, do PT – percebe a incongruência grassando aí, leitor e leitora?

Já em 20, ainda sob o manto do PSB, partido tradicionalmente alinhado ao PT no estado, VF foi candidato a vice-prefeito de Danielle Garcia, então sob o jugo de Alessandro Vieira, ainda comandante do Cidadania, isso também na disputa pela prefeitura da capital sergipana. E o PT, com Márcio Macedo, tinha seu próprio candidato a prefeito – vê como as inconsistências do novo discurso de VF vão se avolumando?

E, em 22, sendo candidato a senador, Valadares Filho estava ao lado do PT, com Rogério Carvalho sendo candidato a governador. Então, ir agora pras hostes pedetistas é um ‘caminho de volta pra casa’ de Valadares? Não tá confuso que só a peste isso tudo aí, não?

Quanto ao de onde ‘veio’, lógico que, na vida e na política, VF veio de Valadares pai, sem nenhum reparo. Mas dizer que ‘veio’ de Jackson Barreto, que o humilhou publicamente chamando-o de “vagabundo” no famosíssimo episódio do ‘telefone amarelo’ no pós-eleição de 16, aí já é pra fundir a mente de qualquer um, né verdade? E dizer que ‘veio’ de Edvaldo é meramente uma tentativa de justificar uma escolha política pra lá de questionável, ora pois!

Ao final e ao cabo, AnderSonsBlog não faz reprimenda a decisão de Valadares Filho, pois ela é legítima, sendo uma decisão que só cabe a ele e ponto. Agora, não dá pra apostar na falta de memória do povo, como se todo mundo fosse burro, poxa!

E mesmo diante de crítica e análise histórica contundentes dessas, a casa aqui continua se considerando amiga de Valadares Filho, pois uma amizade efetiva tem por obrigação dizer certas verdades, ainda que elas incomodem.

E, de mais a mais, que ‘avisa, amigo é’: Valadares Filho pode ter tomado a decisão político-eleitoral mais prejudicial para sua própria história política-eleitoral. Mas aí só o tempo poderá comprovar… “tempo, tempo, tempo, tempo”, como diria o poeta,

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