Jozailto Lima fala da inocência tardia de Valmir Monteiro, das ações e inações de Gustinho e Hilda Ribeiro na situação e alerta: politizar a judicialização pode levar à morte, caso do ex-prefeito de Lagarto

Não tem jeito: esse escandaloso caso da ‘condenação’ antecipada do saudoso Valmir Monteiro, ex-prefeito de Lagarto, é um assunto que mexe aqui com a casa, seja pelo emocional, seja pelo racional. Sim, porque a dor de perder um amigo, que só perde pra dor de seus familiares, é claro, precisa ser racionalizada para que brademos sempre para que casos como esse não se repitam, até para que o signo da injustiça não se perpetue.

E o fato é que o jornalista Jozailto Lima tratou desse tema com a sua pena afiada de sempre. Ler o texto de Joza (na íntegra logo abaixo e na sua publicação original clicando AQUI) é prestar uma homenagem a memória de Valmir, é lembrar que todo o calvário que ele passou tem ligação direta como seus ‘aliados’ do passado, o deputado federal Gustinho Ribeiro e a atual prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro, ambos do Republicanos, e que a Justiça foi feita, ainda que tardia – e, lembremos, a decisão que inocenta Valmir também alcança outras pessoas envolvidas nas acusações que, agora, mostraram-se infundadas. Por isso e por muito mais é que o povo de Sergipe, em geral, e o de Lagarto, em particular, precisa ler esse texto até para saber dar as respostas certas no maior dos crivos populares que é a eleição, ora pois! VALE LEITURA demais!

Inocentar Valmir Monteiro depois de morto é crime insuportável, e lesa a democracia e a dignidade!

Por Jozailto Lima

Em novembro de 2018, o prefeito de Lagarto Valmir Monteiro teve seu afastamento determinado pela Justiça em razão daquelas confusões com o funcionamento do Matadouro Público Municipal daquela cidade.

Valmir de Lagarto ficou cerca de um mês fora do mandato. Com 10 dias, Hilda Ribeiro, a vice-prefeita, assumiu a Prefeitura. Naquele período, o caso dos matadouros públicos assolou todo o Estado, diga-se a bem da verdade, e estourou no colo de outro Valmir, o de Francisquinho, prefeito de Itabaiana.

Com o retorno de Valmir de Lagarto à Prefeitura, tudo continuou como antes: ele respeitou o acordo político de 2016 e manteve os aliados de Hilda e de Gustinho Ribeiro em seus postos.

Em fevereiro de 2019, aí veio a pancada fatal: Valmir Monteiro foi não apenas afastado, mas preso, passando exatos 109 dias trancafiado e deprimido no Presídio Militar. A acusação era a mesma: desvios de recursos públicos a partir do matadouro.

No 10º dia da prisão de Valmir, Hilda assume a Prefeitura e, a partir daí, em caráter definitivo. E, sem nenhuma cerimônia, afastou da gestão todo e qualquer aliado de Valmir que professasse qualquer tipo de simpatia e apoio ao, naquele momento, ex-prefeito.

Valmir Monteiro somatizou todas essas situações – aliás, Valmir já tinha uma recorrência de dor de estômago sempre que passava por alguma contrariedade – e simplesmente se recolheu ao seu sítio no povoado Brasília. Ali bebeu, ali murchou. Ali tristou.

Dali em diante, foi só ladeira abaixo. Foram diversas entrevistas em que Valmir falava claramente que tinha sido traído por Gustinho e Hilda. E a resposta dos dois sempre foi a mesma: “Não fizemos nada. Valmir está pagando pelos seus atos”. Ok: são coisas da política, na qual a logística de engolir o outro, mesmo que aliado, virou norma-padrão muito aplaudida.

Mesmo que Valmir estivesse a pagar pelos atos dele, e que não houvesse algum tipo de perseguição política operando nos bastidores para prejudicá-lo, por qual razão Hilda, com a caneta na mão, mandou pro beleléu todos os aliados dele? Afinal, ela não só chegou à Prefeitura por ser a vice de Valmir?!

Mas siga-se então o terrível rastro das somatizações: no início de 2022 Valmir revelou que estava com um câncer no estômago. Fixe isso: socos sociais em estômago são irreversíveis. Profundamente danosos e implacáveis. Nocauteadores.

E nesse seu calvário, que durou quase dois anos e meio, além da debilidade física, o emocional de Valmir também se abalou severamente e foi identicamente para o beleléu. Valmir nunca perdeu uma única chance de reforçar que fora traído e que era inocente. Mas ver-se-á agora que ele fora traído por instâncias maiores, além das da política.

Não é que, por uma extrema ironia ou pirraça do destino, na semana passada eis que um veredito doloroso se interpõe em tudo isso: a juíza Cláudia do Espírito Santo proferiu decisão no processo cível declarando que aquele Valmir Monteiro, o ex-prefeito de Lagarto, é um inocente. Sim: um inocente.

“Por fim, ainda que houvesse ilegalidade, importa destacar que atos ilegais não caracterizam, por si, atos de improbidade, sendo necessária a comprovação de dolo na conduta dos acusados, caracterizando a desonestidade, o que, neste caso, não ocorreu”, escreveu a doutora juíza.

E lacrou: “Desta forma, não há como se imputar atos de improbidade a nenhum dos réus nos atos descritos na inicial. Diante de todo o exposto, os fatos alegados na inicial não configuram, por falta do elemento subjetivo, ato ímprobo, de forma que julgo improcedentes os pedidos, extinguindo o feito com julgamento do mérito na forma do art. 487, I do Código de Processo Civil”.

Sim, mas aí está mais que óbvio que Inês já era morta. Aí, minha gente, já é tarde demais: Valmir Monteiro, com apenas 62 anos, sucumbiu ao câncer e morreu em 10 de agosto de 2024 – há 33 dias, para ser mais exato. E não há dúvidas de que o câncer dele foi potencializado pelos efeitos da somatização de tudo isso.

Aqui cabe uma reflexão que vai bem além das ações políticas, ingratas ou não, da prefeita Hilda Ribeiro e do seu maridinho o deputado federal Gustinho Ribeiro naqueles momentos de acusação e “condenação” de Valmir Monteiro.

A reflexão elementar é: onde começa e termina o papel da justiça? Onde começa e termina o papel de instituições para-judiciárias, como os Ministérios Públicos, por vezes tão ativos, tão necessários e tão raivosos?

Como assim detonar a reputação de alguém, sacá-lo de uma instância qualquer de poder, levá-lo à execração pública e até a morte, e ao fim concluir que tudo sobre aquele infeliz execrado estava errado? E daí?

O exemplo de Valmir Monteiro – que bem se parece com o do outro Valmir, o de Itabaiana -, não deveria servir de paradigma a estas instituições na adoção de uma maior compostura, de um melhor rigor e um cuidadoso zelo? Claro e claríssimo que sim.

Óbvio que não se aspira aqui suprimir a importância e o poder da justiça. Jamais. Sem ela, não há democracia. Não há sequer Estado Democrático de Direito. Só os tiraninhos neofascistas de plantão querem fechar STF, matar juízes e incinerar tribunais. Nada passa por aí.

Mas o caso de Valmir Monteiro, longe de ser único, é emblemático. A que serve inocentação pós-morte dele? Quem vai ressarcir os danos à vida dele? À família dele? A que serviria esse ressarcimento agora? Há materialidade que pague isso? Não há. Nunca haverá!

Não errar no futuro, talvez, ou certamente, seja a esperança que fica de todo esse espólio do caso Valmir Monteiro, que nunca foi um homem corrupto. Mas tem alguém aí monitorando essas atitudes e disposto e evitar os erros futuros como esse?

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1 Comentário

  • Rogério

    18 de setembro de 2024 - 18:17

    Deixem de serem nojentos, deixem o corpo dele em paz. Quem prendeu foi a Justiça, se inocentou tardiamente vá cobrar da Justiça. E sobre falar que afastou os aliados de Valmir é mentira, afastou os parentes dele da prefeitura . Eu votei em Valmir, hoje estou com Hilda, e muito satisfeito. Botem uma coisa na cabeça, REIS NUNCA MAIS. agora pode cobrar a Sérgio o troco pelas palavras meu caro jornalista, que repito, não vai adiantar.

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