Na quarta, 28, músicos aracajuanos, capitaneados pelo presidente do Sindicato dos Músicos de Aracaju, Tonico Saraiva, fizeram manifestação em frente a Câmara de Vereadores da capital exigindo maior participação nos festejos juninos realizados pela prefeitura na gestão de Emília Corrêa (PL).
Nada mais justo, né verdade, leitor e leitora? Sim, porque os artistas locais da música, ao participarem de eventos públicos, recebem cachês, pagam seus músicos e equipes, aquecem a economia local, sustentam suas famílias e por aí vai!
Só que, ao atentar para o posicionamento de Tonico Saraiva, por quem a casa aqui tem a maior estima e o maior respeito, este AnderSonsBlog identificou uma tremenda injustiça. É que o presidente do sindicato disse, claramente, que a prefeita Emília realmente contratou 60% de músicos locais para os festejos juninos, com destaque para o tradicional Forró Caju, mas que isso, só, não bastava.
A argumentação de Tonico Saraiva é que os músicos aracajuanos mereceriam 60% não de espaço na programação, apenas, mas também 60% dos valores investidos nos cachês em geral. E sustentou isso com as tradicionais críticas aos cachês altos dos ‘artistas de fora’.
Afora o risco de beirar a xenofobia, pois artistas são artistas, sejam daqui, sejam de qualquer lugar, o que o presidente do sindicato não disse é que, para fins de contratação de artistas, cujo contrato não é regido por licitação, pregão ou coisa que o valha, sendo uma decisão discricionária da gestão que, enfim, escolhe os nomes a serem contratados, há um critério técnico bem claro.
E esse é o seguinte: para ser contatado, o artista ou o seu empresário ou a empresa que o represente, precisa apresentar três notas fiscais de contratações efetivamente recentes. E, com esses valores em mãos, é possível determinar o cachê desse artista.
Assim, considerar os cachês de ‘artistas de fora’ como sendo altos é algo que se perde em termos de objetividade pelo fato deles terem uma média de cachês que, pelo nome, fama, sucesso e impacto junto ao público, podem tranquilamente estar acima de outros artistas.
E, do outro lado, em relação aos artistas locais, se a média de três notas fiscais não alcançar um valor tão alto, pagar a mais poderia indicar algum tipo de favorecimento e, pior ainda, poderia acabar prejudicando a gestão que o contrata por improbidade, visto que nenhum Tribunal de Contas aceitaria ver que um artista, por exemplo, recebeu, digamos, R$ 15 mil, R$ 16 mil e R$ 14 mil em seus shows anteriores e, de uma hora para outra, esse cachê saltar para R$ 50 mil. Não tem lógica uma coisa dessas e cabô!
Pra finalizar: artistas locais, ao terem espaço para tocar, entrando em contato com um público obviamente grande como é o do Forró Caju, podem e devem dar o melhor de si para conquistar esse mesmo público e, com isso, fazer mais e mais sucesso. E é isso o que, de maneira contínua, pode e deve aumentar o cachê de cada um deles. Não é na base da ‘canetada’ que se aumenta cachê, não! É na base do trabalho, de muito suor e, claro, talento que se conquista espaços cada vez melhores e, consequentemente, cachês cada vez mais altos, ora pois!
Portanto, a prefeita Emília Corrêa está fazendo a parte dela ao contratar 60% de atrações locais para estas festas juninas em Aracaju. Já Tonico Saraiava, ao tentar ‘inflamar’ os músicos com essa conversa de que o ‘certo’ seria 60% do valor investido em cachês para os músicos locais, simplesmente presta um desserviço e uma tremenda desinformação aos músicos e à sociedade como um todo. Simples assim!
1 Comentário
Ribeiro Filho
O músico sergipano já entra na concorrência perdendo espaço e dinheiro em sua própria casa. Esse escalonamento com apresentação de três cachês pagos com nota fiscal, já retira quase 30% dos artistas desses 60%, a serem contratados, pois grande parte dos músicos amadores acertam shows com pequenas empresas que pagam o cachê sem nota fiscal. É o dono de loja do centro comercial que contrata um trio de forró para tocar em frente a loja, ou na festa junina de pequenas empresas.
Outro problema grave gerado pelo escalonamento é que o cachê desses artistas vai permanecer igual para sempre. Eles sempre apresentaram notas fiscais do mesmo valor ou com pequenos reajustes. O cachê de Iguinho e Lulinha, João Gomes e Simone, das festas junina de 2025 jamais vai ser igual ao de 2024. Eles vão reajustar sem precisar apresentar nenhuma nota fiscal.
Um dado que deve ser levado em consideração é que o dinheiro que paga todos os cachês das festas junina, é dinheiro de impostos arrecadados pela prefeitura de Aracaju. Não existe maneira de justificar que apenas uma cachê de Wesley Safadão seja maior que os cachês de dos todos músicos sergipanos que irão tocar no ForróCaju.
Esse escalonamento de três cachês com nota fiscal vai enterrar para sempre nossos músicos, que já largam perdendo feio nos palcos de sua casa. Sabe qual a possibilidade desses músicos entrarem no mercado nacional e competir em igualdade com os músicos de.outris estados? ZERO