Nosso colaborador esportivo, Luís Américo, traz sua memória afetiva do futsal lagartense ao mesmo tempo em que alerta: o esporte tem que ser uma política pública geral e irrestrita

Em que pese este AnderSonsBlog ter a consciência plena de que o município de Lagarto, em virtude da emergência financeira decretada pelo prefeito Sérgio Reis (PSD) diante do descalabro administrativo-financeiro encontrado na prefeitura após o final desastroso da gestão passada – basta lembrar que as festas ocorridas neste ano na cidade foram fruto de emendas parlamentares dos deputados federal Fábio Reis, também do PSD, e estadual Ibrain de Valmir (PV) – realmente não pode investir em determinadas questões até que a situação econômica municipal esteja totalmente equacionada, não deixa de ser comovente ler o relato do nosso colaborador esportivo, Luís Américo, sobre a não participação no Campeonato Sergipano do Lagarto Futsal por falta de recursos. E mais emocionante ainda é ver o que diz Luís sobre os velhos e bons tempos do futsal lagartense. Bora conferir?

Futsal de Lagarto: de celeiro a po (“po” de politicagem”)

Luís Américo*

Cenário das minhas primeiras emoções no esporte da bola pesada, Lagarto era uma cidade que vivia o futsal.

Em quadras cheias, equipes locais, com raros atletas de fora, travavam uma disputa acirrada pelo título municipal. AABB, AAL, Casa do Oxigênio, Maratá, Madeireira São José, dentre outras, me trazem lembranças do autêntico futsal da minha terra natal.

Com o tempo, as quadras foram acabando: quadra da praça Evandro Mendes (hoje praça do Forrodromo), quadra da Bica, quadra da AABB, todas antes cheias de vida, agora nem existem mais. Onde desfilaram crianças e adultos atrás da bola pesada, hoje restam lembranças.

E porque eu revivi isso tudo neste momento? Simplesmente me deparei com duas notícias de cair o queixo. Único vislumbre de esperança para revitalizar o futsal na cidade, o Lagarto Futsal acaba de anunciar que não participará do Campeonato Sergipano da modalidade por falta de recursos financeiros, ressaltando o corte de recursos do seu principal patrocinador, a Prefeitura Municipal. Ao mesmo tempo, blogs e sites locais informam que a prefeitura, junto com o Governo do Estado, anunciam a reforma do maior ginásio poliesportivo da cidade, o Ribeirão.

Desta forma, fica claro e evidente que não se trata de uma briga pelo esporte local e sim uma extensão dos palanques de Lagarto que nunca se desmontam. Torcedores do Lagarto Futsal alegam a suspensão do patrocínio a uma retaliação pela equipe ser “patronada” pela antiga gestão. Ao mesmo tempo, a atual gestão contra-ataca com uma boa ação na reforma do ginásio que leva o nome de um ex-líder do grupo oposto.

Enquanto isso, o esporte fica em segundo plano. É sempre política e as crianças não têm campeonatos que revelem craques locais, sempre ficando escravo de atletas de outras cidades locais e até de outros estados. É uma pena saber que cresci jogando ali em várias quadras, e criando amigos, vendo meu pai e outros amigos mais velhos disputando torneios só com equipes locais e hoje não termos sequer condições de manter uma equipe da cidade.

Se o esporte fosse prioridade, entraria governo e sairia governo e a equipe seria uma bandeira da cidade, não de grupos políticos.

Como sugestão espero ver uma final do campeonato sergipano de futsal entre Lagarto Saramandaia x Lagarto Bole-Bole. Já pensou: 2 equipes locais, representando torcidas enlouquecidas por seus políticos, travando a disputa da final maior do campeonato estadual?

Sonhar não custa nada!

*é desportista, pai de atleta e jogador-raiz de um tempo em que o futsal lagartense florescia pra valer nas quadras da cidade”.

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