O Pastor Heleno, agora Heleno Silva, homem forte do Republicanos em Sergipe, concedeu bela entrevista ao jornalista Joedson Teles – parêntese: um dos essenciais no jornalismo político sergipano, na minha opinião – e deu interessantes e importantes declarações ao longo dela, que pode ser lida aqui. Mas Joedson, pela sua sagacidade, destacou a seguinte fala do entrevistado: “é preciso destravar o coração de Paulo Guedes, que só pensa em teto, em números, e não olha o lado social que o brasileiro precisa”. A lógica de Heleno é crível: diante de uma pandemia sem precedentes, cabem aos governantes as soluções para o drama real na vida de quem não tem perspectivas de emprego e nem de renda. Mas há um ponto que Heleno não cita, mas que AndersonsBlog faz questão de lembrar: ele foi prefeito de Canindé do São Francisco entre 2013 e 2016. Ao final de seu mandato na belíssima cidade do Sertão sergipano, Heleno nem quis tentar a reeleição. Teria sido ele um péssimo prefeito? Não me arrisco a essa avaliação. Mas é fato que, dentre os problemas que ele enfrentou naquela gestão, esteve a incapacidade orçamentária da prefeitura para honrar seus compromissos financeiros, especialmente os salariais. E isso foi causado por ele? De jeito maneira! Acontece que Canindé tinha uma arrecadação incrivelmente generosa, através da Hidrelétrica de Xingó. Só que foi justamente na gestão de Heleno que essa dinheirama começou a encolher, por conta do desastre que são as (i)lógicas tributações e distribuições arrecadatórias brasileiras. Arrecada-se muito, distribui-se “à migué” e o povo, que nada tem a ver com isso, é quem sofre as consequências. Por essa razão é que estranho a declaração de Heleno. Ora bolas, não se trata do coração do ministro da Economia, Paulo Guedes, que precisa ser destravado. É o cérebro dele que precisa encontrar as soluções, seja no próprio governo, seja no Congresso, para que tanta gente não sofra! Ou será que Heleno deseja ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) o mesmo destino que teve sua gestão em Canindé? Porque não se trata de não ter coração, se trata de não ter recursos. Foi assim em Canindé, sob Heleno, e será assim no Brasil, sob Bolsonaro e Guedes, se os corações, e não os cérebros, decidirem os gastos a serem efetuados. Precisa desenhar?