A foto feita no gabinete do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), flagrando aperto de mão efusivo entre ele e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) é sintomática. Primeiro vamos olhar a superfície: nota que acompanha a foto destaca que eles discutiram emendas para Aracaju e que estão de boas quanto à sucessão estadual. Agora vamos as falas: “estamos juntos, somos amigos, fazemos parte do mesmo grupo e encontraremos o melhor caminho”, disse Edvaldo. E “a amizade entre nós continua a mesma”, disse Fábio. Ok, não há porque duvidar da palavra dos dois, certo? Até porque esse negócio de fazer política deixando rastro de inimizade e rancor não tá com nada, né não? Mas a ênfase que ambos dão ao bom relacionamento entre eles dá sinais de que algo não está correndo bem no agrupamento governista. Agora vamos submergir, pra analisar essa foto, esse fato e essas falas de maneira mais profunda. Quem conhece o governador Belivaldo Chagas (PSD) sabe que aquele jeitão brutão, sem papas na língua, um jeito meio Seu Lunga de ser, na verdade trata-se mais de uma personagem. Belivaldo é cerebral, analítico e com um GPS apuradíssimo pra entender qual a melhor maneira de se posicionar politicamente em qualquer tempo. Mas quando dois de seus possíveis pré-candidatos ao governo, Edvaldo e Fábio, precisam vir à público reiterar laços de amizade, o que retorna à tona é que Belivaldo está perdendo a mão e o controle do processo de sua sucessão. Seja por estar preocupado com o governo em si, com o julgamento em Brasília de sua chapa, ou ainda por ter percebido que tem gente muito próxima a ele trabalhando para que ele caia no afã de ocupar o seu lugar, Belivaldo não é mais o mesmo de três, quatro meses atrás, isso em relação exclusivamente ao comando de seu agrupamento. Assim, por cerebral e analítico que o governador é, pode-se ter uma certeza: vem por aí um freio de arrumação daqueles. E quem enfiará o pé no pedal será o próprio Belivaldo. Pode anotar aí, leitor e leitora.