A PEC dos Precatórios, que deve ter votação em segundo turno ainda essa semana, não terá vida fácil na Câmara Federal. E, quer saber?, isso é bom, sim, pois, ao forçar mais debates, esclarece muita coisa. Mas vamos aos fatos: a PEC, alcunhada pela oposição como do Calote, visa abrir espaço orçamentário, “furando”, por assim dizer, o teto dos gastos públicos, criado também via PEC em 2016. E, claro, dar uma mãozona eleitoral ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), através do Auxílio Brasil e seus R$ 400 para quem era beneficiado ou se encaixa nos requisitos do, agora, aposentado Bolsa Família. A crítica é procedente, mas a autocrítica deveria ser obrigatória, no caso dos opositores que atacam a PEC por esse viés. Chamar o Auxílio Brasil de eleitoreiro e deixar de fora dessa mesma conceituação o Bolsa Família? Aí se trata de cara de pau e nada mais, né isso? Agora, chama a atenção do AndersonsBlog o fato do único deputado federal sergipano a votar contra a polêmica PEC, João Daniel (PT), ter dito, há três anos, que “o Brasil vai ter que voltar a discutir a Emenda Constitucional 95, a qual a nossa bancada, a bancada do Partido dos Trabalhadores, denunciou, junto com as demais bancadas de oposição, que seria nefasta para o Brasil e que ela levaria o nosso País a graves problemas sociais, aumentando a fome e a miséria. Precisamos revogar a Emenda Constitucional 95”. Então, a tal emenda a que João Daniel se refere diz respeito justamente ao teto dos gastos públicos que a PEC dos Precatórios, se não vai revogar de fato e de direito, irá, sim, burlar justamente desrespeitando o teto dos gastos públicos. A matéria em que o parlamentar petista faz tal manifestação está no site do próprio PT (leia aqui). Quer dizer, enquanto o PT e seus braços sindicais atacam os deputados sergipanos que votaram a favor da atual PEC, matreiramente empurram pra debaixo do tapete o fato de que o único a votar contra, agora, já declarou que seria a favor não apenas de uma burla momentânea, mas do cancelamento amplo, geral e irrestrito, do teto dos gastos públicos. Como é que chama mesmo? Dois pesos e duas medidas, né?
2 Comentários
Nilmara Oliveira Ribeiro
Matéria muito bem construída e muito bem embasada. Parabéns 👏🏼. A pergunta que não quer calar é: porque esse deputado descarado e sem pescoço não foi contra o fundão eleitoral?
Liene Oliveira
Parabéns pelo excelente texto, e mostrar a contradição do referido deputado.