A palavra dá uma força legal, mas é o exemplo que arrasta. E isso para o bem e para o mal. É o caso do governador Belivaldo Chagas (PSD) que, nesse momento, parece ter memória seletiva em relação ao que lhe aconteceu em passado recentíssimo, como se se tratasse de estresse pós-traumático. Explica-se: quem não lembra o sufoco que o governador viveu no ano passado quando do julgamento final de sua cassação, ocorrida aqui, no TRE/SE, pelo TSE? E quem pode garantir que, ao menos em parte, todo o mal-estar vivido pelo Estado nos anos anteriores do governo belivaldista não tinha alguma ligação direta com essa insegurança jurídica causada pela incerteza do término ou não do mandato? Vai saber, né? Afinal, imagina o cabra acordar cedo, olhar no espelho e se perguntar: “porra, será que eu termino o que estou fazendo ou vou ser cassado? Ó vida, ó céus!”. Não é fácil, né mesmo? E vale lembrar porque Belivaldo passou por esse perrengue todo: assim que assumiu, em abril de 2018 com a renúncia de Jackson Barreto (ainda MDB) para concorrer ao Senado –mesmo depois de afirmar que “se eu for candidato a alguma coisa, não votem em mim” –, o então governador “novinho” tacou a assinar ordem de serviço por tudo quanto é lugar de Sergipe. E a Procuradoria Regional Eleitoral viu riscos desses anúncios de obras desequilibrar o pleito que viria a seguir – algo que tem, sim, muito fundamento! Em relação a Belivaldo, este blog não se preocupou, pois ele é maior de idade e devidamente vacinado. Mas o que causou incômodo a AndersonsBlog e a imensa maioria dos sergipanos foi justamente a insegurança jurídica pela qual Sergipe passou ao longo de quase todo o mandato do atual governador. Será que ele vai ser cassado, será que não vai? E, como se sabe, insegurança jurídica atravanca o progresso, ora bolas! Cortemos a cena para este ano da graça de 22. Com a escolha do deputado Fábio Mititieri (PSD) em detrimento daquele que estava três vezes maior do que ele na preferência do eleitorado, o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira (PDT), Belivaldo e sua trupe decidiram dar um arranque final, um sprint, como se diz no atletismo, na reta final da atual gestão. E como não se escolheu Edvaldo Nogueira, cuja necessidade de participar desse tipo de ato de assinaturas de ordens de serviço não existiria, pois ele assinou elas aos borbotões e entregou, inclusive, as próprias obras, toca a arrastar Mitidieri pra tudo quanto é evento governamental. Geralmente ele assina as tais ordens de serviço como “testemunha”, mas com claro fito de colocá-lo na mídia, nas redes sociais, como alguém que participa ativamente desse tipo de evento, uma ideia tão genial, quanto bestial! E sabe por quê, leitor e leitora? Bem, isso é simples: genial porque a visibilidade de Mitidieri aumenta e, com isso, seus engenheiros político-eleitorais esperam por um aumento também nas intenções de voto. Mas é algo bestial também porque, em caso da Procuradoria Eleitoral estar de olho – como invariavelmente fica – nessas ordens de serviço, lá vamos nós, enquanto Estado, correr o risco de termos, em caso de vitória de Fábio, novamente o governo arrastado à barras da Justiça Eleitoral, ora pois! Pois é: aqui não se trata de preocupação com Fábio Mitidieri, afinal ele é maior e vacinado. Mas Sergipe aguentaria passar pela tensão de ter alguém no seu comando com risco de ser cassado peremptoriamente pelo cometimento de possíveis crimes eleitorais. Lógico que não! Abra o olho, Fábio Mitidieri! Abra o olho, população sergipana!
1 Comentário
Ribeiro Filho
Texto bastante necessário do Anderson Cristian, para alertar os políticos sobre os limites das leis eleitorais, bem como, alertar também o povo sergipano, sobre uma possível repetição do que aconteceu na eleição passada, e na gestão equivkcada de Belivaldo Chagas, que governou o Estado de Sergipe somente com decretos repressivos. Quase não existem obras que justifique os quatro anos de sua passagem. Ele deve disputar com Jackson Barreto e Albano Franco, qual o pior governador de Sergipe nos últimos 50 anos.