Numa semana que se encerra, politicamente falando, com um gostinho de “cabo de guarda-chuva”, numa analogia certeira pruma tremenda ressaca, por conta do revés, ao menos até este momento, do líder inconteste, também ao menos até este exato momento, na disputa pelo governo sergipano, Valmir de Francisquinho (PL), uma postura de quase todos os demais postulantes ao mesmo cargo chamou a atenção de AndersonsBlog.
É que essa turma, sem exceção, com cada um seguindo a sua respectiva estratégia, resolveu passar a semana tentando nacionalizar a disputa local, como se as Eleições 22, em Sergipe, fossem um mero pano de fundo para a disputa nacional.
Comecemos pelo senador Rogério Carvalho (PT). E, nesse caso específico, vale uma justificativa: o petista recebeu o pré a presidente, nome máximo – e, possivelmente, único – do PT, Lula, no sábado, 18.
Lógico que o evento no CIC poderia, deveria e merecia total repercussão. Mas daí a passar praticamente uma semana inteira destacando, nas suas redes sociais, a mesmíssima coisa, não seria um sinal de que Rogério usa Lula pra se promover e que não tá nem aí pra Sergipe e seus problemas?
Ato contínuo, o pré governista, Fábio Mitidieri (PSD), embora não tenha recorrido às suas redes sociais, disse na coluna Primeira Mão, do jornalista Eugênio Nascimento (leia aqui), textualmente o seguinte: “Eu votei em Lula por duas vezes, votei em Dilma duas vezes e votei no Haddad. O fato do PT ter candidato a governador de Sergipe não muda isso”.
Estaria Mitidieri passando recibo por conta de Rogério Carvalho se amparar em Lula pra tentar alavancar sua pré ao governo? Vai saber, né? Mas, pelo sim, pelo não, Mitidieri também nacionalizou um debate que deveria ser voltado e focado nas questões locais, né isso?
E que tal a postura do pré ao governo pelo PTB, João Fontes, que se apressou em gravar vídeos e mais vídeos, além de conceder entrevistas e mais entrevistas para garantir que Valmir de Francisquinho não teria, na concepção jurídica dele, nenhuma possibilidade de reverter a decisão do TSE da última quinta, 23?
Mesmo sendo um profissional do Direito, mesmo se arvorando disso para defender a sua tese, não é possível dissociar João Fontes de sua pré ao governo, até mesmo porque, desde que se lançou, ele não parou de cobrar uma declaração bolsonarista de Valmir, que é do PL desde 09, partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro se filiou neste ano da graça de 22. Ao final e ao cabo, sem meios termos, o que João Fontes intenciona é se posicionar como “candidato de Bolsonaro” em Sergipe, nacionalizando também a peleja local. E, no caso dele, isso é um tanto quanto difícil por conta de declarações do próprio, por exemplo, no fodástico JL Política, do querido Jozailto Lima, há pouco mais de um ano (leia aqui).
Pra fechar, mais um pré ao governo, Alessandro Vieira (PSDB), também se dedicou a nacionalizar a eleição sergipana. E embora não seja prudente vaticinar que ele fechará questão nesse tipo de postura específica, o fato da pré à Presidência dele e de seu combalido PSDB, a senadora – portanto sua colega de Senado – Simone Tebet (MDB), estar em Sergipe nesse momento é sintomático.
Alessandro, que se diz diferente dos demais, não se diferenciou em nada do restante da turma. Simone Tebet em Sergipe, justamente agora, se soma a uma desnecessária e improdutiva nacionalização da disputa local. E nem precisa desenhar, né?
E mesmo que AndersonsBlog esteja sendo chato, ainda assim não abdicará de sua posição: as Eleições 22 para governador de Sergipe dizem respeito à… Sergipe, ora pois! E todos os pleiteantes ao cargo devem, por dever de ofício, focar nisso, única e exclusivamente, pois é isso que interessa a todos, eleitores e eleitoras, que vivem e votam em Sergipe, né? Precisa desenhar?