Antes do mimimi tradicional e ao qual AnderSonsBlog já tá mais do que acostumado: esta postagem não diz respeito, assim como não desrespeita sob nenhuma hipótese, a questões de foro íntimo e familiar, conforme você, leitor e leitora, poderá perceber ao longo do texto em si.
O fato é que colocar a família na política é algo mais do que normal, se configurando numa prática histórica mesmo, que perpassa pela capacidade da liderança exercida por quem insere algum parente na seara política.
Nas Eleições 22 em Sergipe, no plano federal, os exemplos são claros e muito bem resolvidos: Yandra de André (UB) e Ícaro de Valmir (PL) foram as duas candidaturas mais votadas para uma vaga na Câmara dos Deputados em Brasília.
E não tem como fugir do óbvio: André Moura e Valmir de Francisquinho, respectivamente os pais dos eleitos com a maior votação, são lideranças incontestes da política sergipana. Mas, atente bem, leitor e leitora, para o fato de que os dois nomes, o de Yandra e o de Ícaro, foram submetidos ao sufrágio popular e a decisão oriunda das urnas.
E assim, finalmente, chegamos ao ponto de que trata esta postagem: há um burburinho, um zum-zum-zum danado, que dá conta de que o governador Belivaldo Chagas (PSD), no apagar das luzes de seu governo, tentaria emplacar o nome de sua filha, Priscila Felizola, na eleição que definirá o comando do Sebrae/SE.
Nada contra Priscila, que fez um trabalho ok no comando do Senac/SE até a eleição (?!) da atual diretoria da Fecomércio/SE, que tem seus próprios imbróglios judiciais a serem resolvidos. É preciso que se registre que, com diferenças e discordâncias entre as partes, Priscila, muito dignamente, diga-se, optou por deixar o comando do Senac.
Mas será mesmo que os empresários sergipanos estão de acordo com uma suposta solução “caseira”, da parte de Belivaldo, para o comando do Sebrae/SE?
E mesmo na seara política, será que os aliados do atual governador consideram que essa solução “caseira” é viável e factível diante da promessa de “renovação” que o futuro governador, Fábio Mitidieri, também do PSD, vaticinou em sua campanha nas Eleições 22?
Independente das insatisfações que ocorrem no empresariado e também no âmbito político que gravita em torno do governador, seja do atual, seja do futuro, uma coisa é certa: Belivaldo, ou quem quer que seja o governador, detém 3 dos 15 votos que definirão o próximo superintendente do Sebrae/SE. Votam Sedetec, ITPS e Banese, todos nomeados pelo… governador, ora pois!
“Mas poxa”, poderá pensar o leitor e a leitora, “se tratam de apenas 3 votos num colegiado de 15”. Vamos por partes: um desses 15 votos é do Sebrae nacional que, por sua vez, vota com a maioria. Daí que a decisão recai sobre 14 votantes que representam instituições diversas como a FIES, o IEL, Caixa, Banco do Brasil, a Fecomércio/SE, o Senac, Federação de Agricultura, Senar, CDL, FCDL, Acese, além dos três órgãos do Governo do Estado já citados.
Dessa maneira, Belivaldo até 31 de dezembro deste ano, tem, sem dúvida, o poder de influenciar no resultado final em relação a escolha da próxima superintendência do Sebrae/SE, que tem que acontecer antes do final desse ano da graça de 22.
E por isso mesmo que a boataria de que o governador indicaria a filha está tão forte, sendo que, lembremos, a indicaria não para passar pelo crivo da população, mas pelo voto de um pequeno colegiado no qual o governador tem, direta e objetivamente, o comando de parte desse mesmo colegiado.
E mesmo que não acredite que Belivaldo encerraria sua governança com uma atitude exacerbadamente personalista, pessoal e até mesmo familiar, não custa nada alertar geral e levantar esse assunto para debate, né mesmo?
O Sebrae/SE, até mesmo pela necessidade e pela obrigação que lhe cabem, por se tratar de uma entidade tão assertivamente influente sobre o futuro da economia sergipana, não pode, sob nenhuma hipótese, se curvar diante de decisões meramente oriundas do poder político de plantão, ora pois!
E ainda que o governador Belivaldo Chagas, inadvertidamente que fosse, intencionasse fazer de sua filha a próxima superintendente do Sebrae/SE, só pelo fato dele ter votos no colegiado – perceba, leitor e leitora, que reforçamos não se tratar do crivo popular, mas de uma decisão restrita a um pequeno grupo – já o instrumenta a ser decisivo no resultado final.
E é isso o que o empresariado de Sergipe quer? E é isso o que a economia de Sergipe precisa? E é isso o que Sergipe merece? Se todos estiverem de acordo, sem problemas. Mas se houver divergências e discordâncias, e o governador realmente levar adiante o que se diz nos bastidores do poder, há o sério risco de Belivaldo passar do governador que “chegou pra resolver” para o governador do “tá resolvido”, ao menos na casa dele, né não? Sigamos! E oremos…