AnderSonsBlog não gosta do termo cruzada, que carrega consigo algumas machas históricas e possui um quê de messianismo até certo ponto perigoso. Mas não deixa de reconhecer que, em alguns momentos, é preciso um esforço concentrado para expor mazelas que a sociedade vive, até mesmo para que ela acorde e vá a luta.
Assim, seguimos por aqui reforçando algo que vem sido dito pela casa há algum tempo: entidades representativas precisam, de fato, representar. E mais uma dentre elas é a Federação das Indústrias do Estado de Sergipe, a popularmente conhecida como FIES.
Aliás, antes de seguir, há uma piada interna que circula entre os industriais sergipanos. A de que a diretoria da FIES deveria se reunir e propor uma mudança estatutária para trocar o nome de FIES para FIEP, tornando-a, assim, Federação das Indústrias de “Eduardo Prado”! Lógico que é um chiste, mas a seguir AnderSonsBlog explica melhor.
É que no próximo dia 5 de maio de 23, precisamente, o atual presidente da FIES, Eduardo Prado, completa 20 anos no cargo representativo mais importante do setor industrial sergipano, à frente de uma instituição que tem braços importantíssimos como o SESI e o SENAI, que podem e devem ser decisivos para o avanço da indústria local.
Mas o que se tem visto é justamente a estagnação! Afinal, quando não há renovação, tudo fica no mesmo lugar e a realidade do setor industrial sergipano é a prova viva de que o segmento parou no tempo. Mas e de onde viria tanto poder para um homem só, durante tanto tempo?
Bem, aqui está mais uma prova de que a FIES está estacionada temporalmente: as eleições da diretoria, incluindo a presidência, ocorrem num colegiado composto por 16 sindicatos. Destes, 3 estão sob a “asa” de Eduardo Prado, sendo votos certos e certeiros, ao longo dos anos, para que ele se mantenha no comando: o da Construção Naval, comandado por um irmão de Eduardo; o da Indústria Pesqueira, a cargo de um funcionário da FIES; e o da Extração de Sal, cujo comando é de… Eduardo Prado.
Nos demais sindicatos, um misto de apatia, de falta de representatividade e de desinteresse mesmo acabam colocando, eleição após eleição, o comando da FIES nas mãos de Eduardo Prado e pronto!
Mas e ninguém reage a isso? Seja por conta de interesses variados, inclusive com a possibilidade da troca cruzada de favores e cargos – o site está investigando melhor esse ponto para apresenta-lo com provas e consistência –, seja pelo fato de novos sindicatos terem tentado entrar na FIES e terem encontrado um muro intransponível de dificuldades, ficando, infelizmente, de fora, dentro da federação nada tem mudado há duas décadas em termos de relações de poder.
E isso tem levado à lona a capacidade representativa da instituição e a força que ela deveria ter para peitar governantes por políticas públicas assertivas e qualificadas para o desenvolvimento industrial sergipano.
Veja, leitor e leitora, somente no período de Eduardo Prado a frente da FIES chegaremos a 5 (!) governadores: João Alves e Marcelo Deda, ambos de saudosa memória, Jackson Barreto, Belivaldo Chagas e agora o futuro governador, Fábio Mitidieri! E, em sã consciência, de forma intelectualmente honesta, alguém viu alguma discussão aprofundada, com políticas claras e resolutivas que tenham, no âmbito estadual, impactado para o crescimento seja das plantas industriais, seja da produtividade, seja, enfim, do setor industrial sergipano como um todo?
Está na hora dos empresários que fazem a brava indústria sergipana se unirem, se estruturarem e tomarem para si a responsabilidade pela renovação da FIES. Um bom começo seria bater chapa, vencer a eleição e propor, logo de cara, uma mudança estatutária simples: mandato de 4 anos sem possibilidade de reeleição. Só isso já garantiria a oxigenação futura da FIES.
Afinal, para quem representa a indústria de Extração de Sal sergipana (aonde ela fica mesmo?) junta à federação, esses 20 anos de Eduardo Prado na FIES têm se saído como um período bem sem sal, sem tempero, sem gosto e sem conquistas palpáveis alcançadas para a indústria sergipana, justamente quem a FIES deveria representar e defender os interesses. Simples assim!
2 Comentários
Andrade
Bravas palavras nobre Anderson! O sistema FIES faz uso de recursos compulsórios da indústria para se manter viva, mas é vergonhosa a postura que tem diante do mesmo ecossistema que há manter! Mesmo que eles cheguem aqui e justifique. Que isso é por causa da atual conjuntura como informa em seus relatórios de gestão anuais, mas eles não estão nenhum pouco preocupados com s indústria! Apenas estão ali para encher seus próprios bolsos!
@bts
Pura verdade! Um organização arcaica.