Mais cargos e mais gastos representam “renovação” ou significam “mais do mesmo”? Eis aí a primeira incógnita do governo Mitidieri

O mais legal de fazer um recesso em plena transição governamental é que não se corre o risco de analisar os fatos decorrentes das ações e decisões do governo que se inicia de forma açodada.

E isso aconteceu com este AnderSonsBlog, cuja parada foi realmente generosa para com seu autor: exatos 30 dias sem se imiscuir em nadica de nada do que foi – e segue sendo – o início do mandato de Fábio Mitidieri (PSD) como governador de Sergipe.

Mas a casa confessa: em alguns momentos ao longo desse período os dedos andaram coçando pra vir aqui digitar opinativamente. Mas a vontade foi refreada em respeito ao que fora decidido antes, ora pois!

E assim, no final das contas, AnderSonsBlog considera que acertou na decisão, pois deu uma refrescada na cuca e se permitiu avaliar à distância os primeiros passos do novo governo, que tem coisas legais, coisas questionáveis e, claro, muitas incógnitas.

Como detonar enfaticamente o que considera questionável, assim como elogiar desbragadamente o que considera legal, seria prematuro, visto que os resultados, obrigatoriamente, levarão algum tempo até aparecerem, a opção da casa foi focar em algo objetivo: o PL 330/2022, aprovado no apagar das luzes do governo anterior, em 29/12/22, mas obviamente voltado para a formatação do atual governo.

Sem entrar nos detalhes técnicos, que já foram devidamente esmiuçados pela imprensa, AnderSonsBlog lembra a você, leitor e leitora, que o tal Projeto de Lei desmembrou secretarias e órgãos, criando novos espaços administrativos justamente para atender as demandas propostas pelo novo governador.

Na oportunidade, a oposição, com destaque para Georgeo Passos (Cidadania) e Talysson de Valmir (PL), se manifestou contrária ao projeto por entender que a criação de 92 novos cargos em comissão não condizia com as necessidades efetivas do Estado. Já o líder do governo de então, agora vice-governador e secretário de Educação, Zezinho Sobral (PDT), sustentou que o rearranjo da estrutura administrativa, além de atender aos ditames do novo governo, representava uma porção ínfima no oceano de cargos estaduais, fossem eles efetivos ou comissionados.

De fato não há o que se questionar em relação ao que argumentou Zezinho Sobral: é um novo governo, com sua forma, legítima, aliás, de entender como deve ser o funcionamento da máquina estadual. Além disso, é necessário aguardar os resultados dessas mudanças em termos práticos, cotidianos até.

Mas há um questionamento que se faz necessário: por sustentar, durante sua campanha, que representaria a “renovação” com o intuito de “avançar”, ao criar esses novos cargos, retomando, por exemplo, a figura de secretários “adjuntos”, agora batizados sob o pomposo nome de “secretários executivos”, Fábio Mitidieri, repetindo uma prática que, salvo engano, remonta aos governos de Albano Franco, além de João Alves e Marcelo Deda, ambos de saudosa memória, e ainda de Jackson Barreto, estaria “renovando” ao repetir o modus operandi governamental do passado?

Como já disse, AnderSonsBlog não quer açodar nenhuma análise justamente pelo governo estar absolutamente no seu início. Mas não deixa de ser sintomático que o povo de Sergipe vá pagar pra ver se essa “renovação”, desde já tão eivada de práticas do passado, valerá a pena. Aliás, já se sabe até o valor que todos nós pagaremos: os tais 92 novos cargos custarão ao erário público sergipano a exata quantia de R$ 16.930.191,75. Sigamos…

 

 

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