A denúncia da ex-assessora Brunna Nunes, que atuava na equipe da deputada Linda Brasil (PSOL), pode se tornar emblemático em relação a uma questão grave e que alcança as duas.
Mas vamos por partes: no caso de Brunna, nada de se criminalizar a vítima.
Se ela se sentiu acuada e atribuiu isso a um suposto ambiente de trabalho tóxico, ela está no direito de levantar esse debate e procurar seus direitos.
Mas essa situação toda abre espaço para algumas ponderações.
A primeira delas é sobre a intensidade do trabalho em assessoria política, seja eleitoral, seja num mandato.
Se trata sempre de atividades em nível absolutamente hard, pesado mesmo. E isso está correto? Olha, aqui depende muito de quem atua.
E a razão é simples: no caso de um mandato, como é o caso de Linda, realmente fica complicado não se ter um comprometimento em tempo total.
É muito difícil dissociar os tempos e as dedicações, ainda que isso fosse o ideal.
Acontece que, especialmente em mandatos combativos como o de Linda e os do PSOL, de maneira geral, a linha limítrofe entre a atuação profissional e a militância é muito tênue.
Então deve ser por essa mesma razão que Brunna, dentre 40 funcionários, foi a única a se insurgir.
E, como já dito, ela tem todo o direito de fazer isso, sem problema algum.
E cabe ao mandato de Linda Brasil dar as devidas explicações e fazer as necessárias correções de rota.
Acontece que, diante desse imbróglio, fica claro que Linda também está sendo vítima.
No caso dela de um “apontar de dedos” hipócrita e interesseiro. Sim, porque a forma como o caso vem sendo tratado é como se fosse uma espécie de “fogueira inquisitória”.
E sabe o que mais se ouve entre adversários – sejam os do campo político mais à direita, seja do “fogo amigo” mais à esquerda – da parlamentar? “Olha aí, tá vendo, ela defende causas, como o respeito no ambiente de trabalho, e não faz a parte dela!”.
Por si só esse tipo de ataque já é criminoso. Sim, porque se as relações de trabalho fossem “suaves na nave”, nem o mandato de Linda e nem o de ninguém precisaria encampar esse tipo de bandeira, né verdade?
Ou seja: quando a crítica à deputada parte desse pressuposto mesquinho, o que se tenta mesmo é desmerecer a luta como um todo.
E nada mais canalha do que isso, pois se trata de atacar o mensageiro para desconsiderar a importância da mensagem, né isso?
De mais a mais, Linda Brasil tem se manifestado em relação ao caso de Brunna Nunes de maneira aberta e clara, indicando estar comprometida com uma solução para a situação, o que acaba confirmando que a sua bandeira segue firme e que não se trata apenas de discurso bonitinho.
No final das contas, ao não temer a exposição a que foi condicionada, Linda Brasil aproveita a oportunidade de também lançar luz sobre relações de trabalho que possam ser tóxicas.
E aí é aquela história: só é realmente grande e digno quem tem coragem de tocar o dedo na ferida mesmo que essa chaga ocorra no próprio espaço de atuação.
E isso ninguém pode negar que Linda Brasil está fazendo. Que siga assim!