Não é de hoje que Antônio Samarone é figura cativa aqui no VALE LEITURA. É que o que ele escreve tem relevância, tem referências e tem, lógico, repercussão. Por isso que quando ele fala de sua amada Itabaiana, ainda mais em data comemorativa de importância comprovada para maior cidade do interior sergipano, vale o destaque, VALE LEITURA! Vamos à ela?
“Vinte e oito de agosto
Antonio Samarone*
Itabaiana Grande comemora as suas festas cívicas.
Em 28 de agosto de 1888, passamos de Villa a Cidade. Não sei quem disse que era o aniversário. Mesmo não sendo, pegou.
Esse ano de 2023, no dia 28, além de missa, hastearemos a bandeira e cantaremos o hino da cidade defronte à Prefeitura.
Está acontecendo a “Micarana”, uma tradição de 64 anos, quando Euclides Paes Mendonça organizou a primeira micarene (carnaval fora de época).
A Villa de Santo e Almas é antiga. Primeiro fomos Arraial. Antes, chegaram os franceses para buscar Pau Brasil.
Sebrão Sobrinho conta que antes da chegada dos portugueses, Simão Dias, filho de pai francês e mãe índia, foi criado debaixo de uma quixabeira e alimentado por uma cabra. O nosso primeiro vaqueiro. Quem sou eu para desacreditar.
Depois, Simão Dias se aborreceu com os holandeses, pegou o seu gado e mudou-se para as matas do Caiçara. Foi fundar a Villa de Simão Dias.
A grande Serra de Itabaiana foi avistada por Américo Vespúcio, em 1501. Ele conta, em seus livros.
Depois chegaram os sesmeiros, expulsando os índios. Construíram uma Igreja, no vale do Jacarecica. Criaram uma Irmandade das Santas Almas do fogo do purgatório. Compraram um sítio ao padre Sebastião, e fundaram a Villa. São quase 400 anos. Nascemos naquele tempo.
Os Peixotos ganharam uma sesmaria no vale do Jacarecica, em 1601, e dominam o comércio de Itabaiana até hoje. São os fundadores.
Itabaiana ia de Jeremoabo a Santa Rosa de Lima. Entretanto, a Villa, a parte urbana, era pequena. Morávamos nas roças. E assim permanecemos até um dia desses. Itabaiana era rural. Quando eu nasci, a metade das casas da cidade, ainda era de rancho.
Na cultura, dominava a música, desde 1745. Depois a fotografia, com Miguel Teixeira.
A foto postada é do final do Século XIX, certamente é a primeira foto de Itabaiana, da lavra de Teixeirinha. A raridade é do rico acervo de Robério Santos.
O território de Itabaiana foi reduzido, ficou imprensado entre o seco Sertão e os doces canaviais. Sobrou o Agreste, que depois foi esquartejado. Nos restou produzir alimentos: Itabaiana tornou-se o celeiro de Sergipe e do Sertão da Bahia.
Na metade do século XX, chegou a BR 235 e o Ginásio Murilo Braga. Itabaiana tornou-se um entreposto comercial, puxado pelos caminhões.
Nos últimos 70 anos, crescemos e multiplicamos. Itabaiana ultrapassou a barreira dos cem mil. Tornou-se um centro metropolitano de desenvolvimento, em competição com a Capital.
Itabaiana tornou-se uma Região metropolitana, centralizando todo o Agreste. A capital nacional do caminhão criou um comércio competitivo, em qualidade e preço.
O que não se encontrar em Aracaju, não pense duas vezes, em Itabaiana tem pela metade do preço. Diz um ditado popular: “de tudo o que existe no mundo, em Itabaiana tem pelo menos dois.”
Itabaiana transformou-se em polo na economia. Na política, pela primeira, os destinos de Sergipe passam pelo interior. A gestão da cidade é um exemplo, até para os adversários.
O futebol voltou ao cume e pensa alto. Aguardem 2024.
Eu não tenho dúvidas, em breve, a Cultura mostrará a sua pujança. Talentos não faltam. Se não bastassem a Orquestra Sinfônica e a Bienal (sexta edição), que vai além dos livros, o nosso Teatro já está no forno. No início de novembro, a Bienal volta mais forte.
Nesse segundo semestre, teremos um festival internacional de cinema, um festival de música clássica, outro de música popular, um festival de Hip-hop e outro de cultura. Será a ebulição das artes.
Itabaiana é a Terra dos milagres. Que Santa Dulce junte-se a Santo Antônio, para nos abençoar.
*Médico sanitarista e secretário de Cultura de Itabaiana”