Alessandro Vieira usa boa imagem de Danielle Garcia para ‘se limpar’, como diz o Blog do Cláudio Nunes. Mas declaração análoga a misoginia pode contaminar a própria Danielle. Entenda

O senador Alessandro Vieira (Rede, depois Cidadania, PSDB e agora MDB), tem uma estratégia clara para tentar ‘se limpar’ junto ao eleitorado que o levou ao Senado em 18: usar a imagem positiva de Danielle Garcia, secretária Especial das Mulheres do governo de Fábio Mitidieri (PSD) como um trunfo.

Essa lógica aplicada pelo senador foi muito bem desnudada pelo Blog do Cláudio Nunes na edição desta segunda, 19 (leia AQUI). Simplesmente genial a análise do jornalista e grande amigo aqui da casa! Coisa fina e que merece muito a leitura de todos!

Acontece que, mesmo que a intenção seja a de melhorar a sua própria imagem, certas declarações de Alessandro podem acabar gerando o tal do ‘abraço dos afogados’. E assim, ao invés de ‘se limpar’, o senador pode puxar Danielle para o limbo eleitoral em que ele se encontra. Duvida? Então vai vendo!

Em mais de uma oportunidade, durante entrevistas, Alessandro Vieira, questionado se votaria em Yandra Moura (União) para prefeita de Aracaju, disse textualmente que “não voto em quem possa entregar a chave do cofre da prefeitura de Aracaju nas mãos de André Moura”.

O fato dele ser adversário de André, presidente do União em Sergipe e pai de Yandra, é algo corriqueiro na política. É do jogo.

Agora, o inaceitável nessa declaração dele é o fato de que ele apela pra uma espécie de ‘invisibilidade’ de Yandra, que é parlamentar federal como ele, é advogada, adulta e vacinada. Quer dizer então, Alessandro, que caso venha a ser eleita, Yandra não passaria de uma marionete nas mãos do pai? Quer dizer que por ser filha ela não tem capacidade de decidir por si? E, finalmente, quer dizer que por ela ser mulher será o pai, e não ela, que mandará na prefeitura em caso de vitória?

E nem a tentativa de reparo dessa declaração tão desastrosa feita por Alessandro, dizendo que Yandra “tem futuro” melhora as coisas! Ou seja: por ser filha, por ser mulher e por ser jovem, Yandra não tem cacife para ser prefeita e seria o pai quem mandaria em tudo?

Pera lá, Alessandro! Primeiro que misoginia, não! Preconceito contra a idade, não! E desconsiderar a possibilidade que uma filha pode, sim, dar seus próprios passos e pensar com sua própria cabeça, também não!

Assim, ao tentar ligar seu nome ao de Danielle Garcia, justamente alguém que ocupa uma pasta que defende a igualdade para todas as mulheres, considerar que uma mulher jovem e filha de quem quer que seja é incapaz de atuar com suas próprias capacidades é uma forma de Alessandro, ao invés de ‘se limpar’, na verdade periga levar a própria Danielle pro mesmo ocaso político que se avizinha para o próprio Alessandro. Pode anotar isso aí, leitor e leitora!

P.S.: e como a casa aqui tem batido de frente ao sempre combater a misoginia praticada pela imprensa e também por políticos, cabe a pergunta à própria Danielle Garcia do que ela acha dessa postura terrível de Alessandro. E, veja bem, a resposta tem que ser de Danielle e não de Alessandro, viu gente? Afinal, lugar de mulher é na política e onde mais ela quiser. E tenhamos dito!

 

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