Um monte de gente boa, inclusive na imprensa, mordeu a isca de que a tal reunião dos líderes da base governista, na última segunda, 25, foi uma tetéia, tipo um bate-papo de botequim, com todo mundo feliz e coisa e tal.
Na verdade, tratou-se da mais dura dentre todas as reuniões desse tipo ocorridas até o momento. E toda a dificuldade oriunda dessa reunião, seja de forma direta, seja de forma indireta, tem cargo, nome, sobrenome e partido como seus fundamentos básicos: governador Fábio Mitidieri (PSD).
Pra começo de conversa, Fábio pediu claramente que todas as prés à prefeitura de Aracaju, da base aliada, lógico, fossem retiradas, mantendo-se apenas a de Luiz Roberto (PDT), o indicado pelo prefeito Edvaldo Nogueira, do mesmo PDT.
Ora, diante desse xeque-mate do governador, só mesmo o nome da deputada federal Katarina Feitoza, também do PSD, é que acabou rifado, pois somente sobre a pré dela é que Fábio teria alguma ascendência. Até mesmo porque para cobrar desistências de Danielle Garcia, do MDB do senador Alessandro Vieira, e de Fabiano Oliveira, do Progressistas do senador Laércio Oliveira, Fábio tem que fazer o dever de casa e retirar Katarina do páreo, né não?
E a de Yandra Moura, então? Nossa, essa é a pré mais complexa pra Mitidieri contornar, visto que o União Brasil, nacionalmente, aposta fichas nela, além do presidente estadual do União, André Moura, vir tendo uma capacidade de aglutinação que faz frente ao poder da caneta estadual. E nessa mesma reunião, em virtude da ausência de André em virtude do cataclisma climático que vive o Rio de Janeiro, onde é secretário do Governo, Zeca da Silva, secretário de Agricultura que o representou na reunião, deixou claro que não pode decidir por André, beleza?
Mas tanto a pré de Yandra é uma verdade verdadeiramente absoluta que outro nome forte do PSD e desse grupo de líderes governistas, o do ex-governador Belivaldo Chagas, já está de malas prontas pra deixar o partido e ser vice de… Yandra!
Diante desses quadros todos apresentados, a reunião da última segunda foi tensa, mas muito tensa mesmo.
E o que seria a razão, ou as razões, pra que Fábio venha perdendo o controle sobre a base aliada? Bem, primeiro o fato de Fábio governar de forma muito fechada, caseira mesmo. E se isso não seria um problema no sentido do governador se aconselhar com o experiente Luiz Mitidieri, seu pai, por outro lado os aliados terem que ir até o mesmo Luiz acaba gerando uma insegurança geral sobre a capacidade de liderar de Mitidieri. Simples assim!
Mas é preciso avaliar também o que seria o perfil pretendido por Fábio pra seu governo e o que de fato está se vendo no momento. Na avaliação de AnderSonsBlog, o governador pretende ser uma espécie do saudoso João Alves no comando, mas está mais é para o estilo de governar de Albano Franco. E essa comparação não significa nenhum demérito, já que ambos foram absolutamente diferentes no estilo de conduzir suas respectivas gestões.
Explica-se: o governador, com suas ações nos municípios, seja com o Sergipe é Aqui, com a recente criação da secretaria de Articulação, com o ideário – até aqui no papel – da construção de pontes, tenta imprimir ao seu governo um estilo João Alves de ser.
Mas, na prática, com muitos tapinhas nas costas, muitas promessas à base aliada e muita pouca coisa cumprida, sempre garantindo o diálogo, mas com pouca resolutividade imediata, Fábio caminha ligeiramente pra se tonar um governo calcado no estilo Albano Franco.
Seria o fim do mundo do ponto de vista governamental? Não, de forma alguma! Tanto é que Albano se reelegeu em 1998. Mas é preciso reconhecer que João Alves, além de ter governado Sergipe por três vezes, era um líder na acepção da palavra, só dando a palavra dele quando a pudesse cumprir!
Assim, usando a força da máquina, Fábio segue o caminho da caneta pela caneta, num estilo Albano que, reforçando-se não se tratar de nenhum demérito, conseguiu governar assim mesmo, embora tenha tido diversas defecções em seus dois mandatos.
Mas para o seu próprio bem e para o bem do estado, bem que Fábio poderia optar pelo estilo João Alves, usando a força da máquina, claro, mas também mantendo total respeito a todas, mas absolutamente a todas as lideranças governistas, dizendo sim ou não, mas sempre de forma afirmativa, sem tergiversar, sem rame-rame, sem meias palavras.
É que, dessa forma, Fábio Mitidieri, se configuraria no líder maior do agrupamento que deveria ser, ao final e ao cabo, efetivamente dele mesmo, né isso? É pra se pensar, né não?