Interessante que a permanência de Luiz Roberto (PDT) na secretaria de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi) poderia, de forma legal, seguir até o final de maio, início de junho, no máximo limite do dia 6 do mês julino do ano da graça de 24 sem problema algum!

Mas Luiz seguiu no cargo, segundo ele mesmo, a pedido do governador Fábio Mitidieri (PSD) até esta segunda, 6. E, por ‘increça que parível’ ou por incrível que pareça, a data de desligamento do secretário bateu em cima da semana em que a liminar que garantiu o prosseguimento da licitação da ponte Ignácio Barbosa/Coroa do Meio, em face de uma cautelar do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE) que a suspendia, deve ser finalmente julgada pelo Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE).

‘Teorias da Conspiração’ à parte, é lógico, é óbvio e é também ululante que Luiz Roberto não deixaria o cargo de secretário sem que a tal licitação da tal ponte estivesse devidamente concluída.

Mas justamente na segunda, 6, em entrevista ao gigantescamente bem antenado Narcizo Machado, na Fan FM, Luiz solta a seguinte sequência de declarações: “seria a grande obra do governo nessa gestão. Se nós conseguirmos dar a ordem de serviço agora em maio ou junho, é uma obra de dois anos que muda a cara daquela região”, revelou o agora ex-Sedurbi. Até esse ponto, discordância zero da parte de AnderSonsBlog, pois a obra em questão é mesmo grandiosa!

Mas aí vem o que podemos chamar de ‘narrativa interna corporis’ da parte de Luiz Roberto na mesmíssima entrevista. Após exaltar a obra em si, o ex-Sedurbi e pré a prefeito de Aracaju manda na lata o seguinte: “eu vi agora (na imprensa), nesse final de semana, que, ao contrário de você (Narcizo), que quando quer saber de algo liga pra mim, como muitas pessoas fazem, ou ligam pra Ana Carla, pra não tá levando informações que fogem um pouco da realidade, nós estamos ainda na fase de conclusão, não foi concluída a licitação. Existe uma classificação de empresas com os preços que foram colocados” disse Luiz Roberto.

Mas é a partir daqui que a ‘porca torce o rabo’: pega a visão do verbo mandado por ele: “a empresa que apresentou o menor preço pediu pra desistir. Não fomos nós (ato falho, claro!)… a Comissão de Licitação que excluiu a empresa, foi a empresa que pediu exclusão. E sabe por quê? Porque ela recebeu uma punição na CGU”. Nesse caso, o valor a menor dessa empresa que ‘desistiu’ realmente era R$ 51 milhões a menos do que a que, nesse momento, está em primeiro lugar na tal licitação.

Mas a coisa piora ainda mais conforme Luiz seguiu falando mais e mais na entrevista a Narcizo: “entre a primeira que está hoje e a outra (N.R. que deveria ser a primeira após a desistência da… primeira colocada), a diferença é de R$ 10 milhões. E isso não disseram! A CMT (N.R. a que tinha diferença a menos de R$ 51 milhões) saiu porque ela pediu pra sair”. Com essa afirmação, o ex-Sedurbi coloca no colo dessa empresa e, principalmente, no colo da Controladoria Geral da União (CGU) a ‘culpa’ pelo governo do estado gastar R$ 51 milhões a mais na mesmíssima obra, ora pois!

E se já tá ruim, pode piorar: Luiz também considera que a então segunda colocada, a Constran, cujo valor a menor em relação a primeira era de R$ 40 milhões, mas em relação a terceira colocada era de ‘só’ R$ 10 milhões a menos, é que tem que se virar, pois “foi desclassificada por uma composição de preços e ela já recorreu”.

Veja só, leitor e leitora, essa licitação da ponte Ignácio Barbosa/Coroa do Meio tem pontos questionáveis não por se colocar em suspeição o processo. Mas é preciso que se lance luz e transparência máximas sobre uma licitação de mais de R$ 300 milhões, coisa em torno de US$ 60 milhões, cuja obra é realmente importantíssima para Aracaju e que, até este presente momento, segue no mínimo nebulosa.

E pra não deixar dúvidas sobre a motivação dos mais sinceros questionamentos acerca da coisa toda, AnderSonsBlog lembra: dos 7 concorrentes iniciais dessa licitação, 2 caíram sem nem mesmo ter o direito dos envelopes com suas respectivas propostas serem abertos; mais 1 concorrente caiu na sequência; 1 concorrente desistiu; e mais 1 concorrente foi desclassificado na fase final.

Assim, restaram somente 2 concorrentes, dos 7 que iniciaram o processo, e, desses, o Menor Preço foi o da Celi/EGTC. E aí Luiz Roberto, à francesa, declara o seguinte: “em nenhum momento houve qualquer tipo de situação que você direcionasse pra alguém. Até porque a Comissão de Licitação é independente do ponto de vista jurídico e do ponto de vista técnico. O gestor só homologa a decisão”.

Partindo dessas falas de Luiz, então a responsabilidade por todo esse processo licitatório da ponte Ignácio Barbosa/Coroa do Meio seria dele, Luiz Roberto? Ou seria do novo secretário da Sedurbi, Igor Ribeiro? Ou seria única e exclusivamente da Comissão de Licitação da Sedurbi? Perguntas, perguntas e mais perguntas…

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