Pra começar, é preciso lembrar que Luiz Roberto (PDT), candidato governista de quatro costados à sucessão de Edvaldo Nogueira, também do PDT, bancado pelo próprio e apoiado também pelo governador Fábio Mitidieri (PSD), não estava na disputa pela prefeitura de Aracaju como um neófito.
Em 22, com a apoio e suporte de Edvaldo, Luiz foi candidato a deputado federal. Naquele ano teve um total de 35.564 votos e, destes, 17.853 em Aracaju. Apesar de, na capital, ter sido o 3º mais votado, perdendo pra Eliane Aquino (PT) e pra Rodrigo Valadares (União), a votação dele não deixou de ser decepcionante.
Depois, já em 24, Luiz teve 72.427 votos no 1º turno e alcançou 122.842 votos no 2º, o que representou 42,54% do total de válidos e marcou a sua derrota para Emília Corrêa (PL).
Ou seja, Luiz Roberto não era nenhuma novidade pro eleitorado aracajuano, lógico. Mas ainda assim fora apresentado, logo no início da campanha, como o novo que daria continuidade ao trabalho de Edvaldo. Acontece que o conceito por trás da campanha dele, o de que ele era o ‘mais preparado’, acabou pecando por excesso.
Explica-se: embora seja realmente um técnico com muitos anos de atuação em espaços públicos, a exemplo da Petrobras, da Fundat, da Emsurb e mais recentemente no governo estadual, no caso na Sedurb, a exploração excessiva de sua ‘preparação’ pode ter passado a grande parte do eleitorado a ideia de arrogância e soberba.
Ora, quer dizer que só ele sabia o que fazer? E todas as outras candidaturas, por essa ótica, seriam incompetentes? Essas impressões podem ter sido decisivas no sentido de fazer a população aracajuana ‘pagar pra ver’ e dar a chance a outra pessoa de comandar os destinos de Aracaju, justamente a Emília, né verdade?
Mas houve um episódio seminal durante o 1º turno: a revelação, feita pelo senador Rogério Carvalho (PT) de que Luiz havia sido demitido da Petrobras por justa causa. E embora, no bojo dessa informação, também tenha vindo a de que ele moveu um processo contra a petrolífera na Justiça do Trabalho, que corre em segredo, jamais e em tempo algum Luiz explicou de maneira absolutamente clara o que se sucedeu no episódio da sua demissão.
E mais: durante um ou dois dias após a revelação de Rogério, ficou um ‘climão’ danado nas hostes governistas, como se tivesse gente importante na campanha que não sabia desse imbróglio de Luiz com a Petrobras. E se isso não foi suficiente para tirar Luiz do 2º turno, seguramente foi algo que o impediu de crescer mais e realmente ter alguma chance de vencer a etapa final da disputa.
Por fim, em seu discurso de agradecimento, Luiz foi protocolar, desejou boa sorte, avisou que ligou para Emília, mas não conseguiu falar com ela, e se posicionou como uma liderança política a disposição de seu agrupamento.
Acontece que, nessas falas, duas implicam em complicações pra Luiz: a primeira foi a questão da ligação, pois ao dizer que Emília não o atendeu, talvez até involuntariamente, Luiz tratou isso como se fosse uma ‘falha’ da prefeita eleita. Mas não lembrou que a sua campanha mentiu claramente sobre o episódio da Maternidade Lourdes Nogueira? Isso é algo para se colocar na balança e medir o peso das palavras durante a campanha e o que esse mesmo peso causou em termos de incômodo na adversária – que também foi tratada como ‘fujona’ pela campanha de Luiz por não ir aos debates de 2º turno, mesmo procedimento de Edvaldo em 20!
E o papel de liderança política disponível ao seu agrupamento pode vir a ser contestado justamente por quem mais defendeu o nome de Luiz, ou seja, por Edvaldo Nogueira que, apesar de derrotado nessa eleição, já entregou os pontos e já saiu da política? AnderSonsBlog não acredita nem minimamente nessa ideia, embora os caminhos do atual prefeito de Aracaju até 26 sejam bem tortuosos.
Em política, um erro clássico é considerar alguém completamente descartado do jogo. Se cometerem isso contra Edvaldo, seja da parte de Luiz, seja da parte de quem for, podem acabar errando na avaliação, viu? Sigamos!