Quando se coloca um ‘bode na sala’ e depois o tira, o problema estaria resolvido? Essa história, que vale pra atual celeuma do Pix, era brilhantemente analisada pelo saudoso José Eduardo Dutra

Quem contou essa história aqui pra este AnderSonsBlog foi o querido amigo Gaguinho, das antigas do PT e que, por sua vez, era muito amigo e aliado fiel do saudoso José Eduardo Dutra, sindicalista de quatro costados que chegou a senador pelo PT na década de 1990.

Conta Gaguinho que, para exemplificar como é que, em algumas situações, o problema é causado mais pelas impressões coletivas do que por conta de fatos e acontecimentos reais, Dutra usava uma historinha bem simples, mas cheia de ensinamentos.

Numa sala cheia de gente, mas apinhada mesmo, as pessoas começaram a reclamar de que não tinha espaço pra todas elas ali. Aí alguém teve a ideia de pegar um bode e colocar bem no meio dessa sala. Dali em diante as pessoas pararam de reclamar da falta de espaço e passaram a reclamar do mau-cheiro do bode. E então ficou simples de resolver o problema do aperto no local: tiraram o bode da sala e ninguém, nunca mais, reclamou sobre a falta de espaço”, dizia Zé Eduardo.

E o que isso tem a ver com a recente celeuma sobre a fiscalização sobre movimentações acima de R$ 5 mil mensais no Pix? Simples demais! É que embora tenha claramente perdido a batalha no campo comunicacional, o Governo Federal tinha, desde sempre, deixado claro que a intenção com essa portaria da Receita Federal era alcançar quem viesse a usar o Pix para lavagem de dinheiro, por exemplo.

Só que a narrativa dos adversários do governo Lula foi mais rápida e ‘engenhosa’ e colocou um ‘bode na sala’. Ou seja: se a questão era o combate à sonegação e ao crime – o que representaria o ‘problema da sala cheia demais’, na história de Zé Eduardo –, colocaram a fiscalização do Pix como um ataque aos mais pobres, com ‘possibilidade’ de taxação, segundo o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), a quem usasse o Pix para tocar seus pequenos negócios – e aqui estaria, finalmente, o ‘bode na sala’.

Com o recuo do governo e com a revogação da portaria, o ‘bode’ foi retirado da sala e, assim, presume-se que não tenhamos mais nenhum problema em termos de fiscalização de ganhos não declarados, beleza?

Ao final e ao cabo, a grande questão é que informalidade é algo totalmente diferente da ilegalidade. E quando – novamente frise-se, por culpa da má Comunicação do Governo Federal – os que atacaram ferozmente a fiscalização do Pix o fizeram em ‘defesa’ daqueles que sobrevivem na informalidade da economia, no fundo, no fundo acabaram defendendo também aqueles que agem diretamente na ilegalidade.

E, leitor e leitora, pode ter certeza de que, no que depender de quem tanto atacou a medida, nada será feito no sentido de pegar quem realmente ganha muito mais do que declara oficialmente.

Essa é a natureza das coisas! Esse é o fundamento de se colocar um ‘bode na sala’ pra, depois de retirá-lo, vendendo a falsa ideia de que não existe mais nenhum problema nestes ‘tristes trópicos’. Infelizmente é isso!

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3 Comentários

  • Ribeiro Filho * Cientista Social

    17 de janeiro de 2025 - 07:48

    Realmente não sei onde você viu sabedoria nessa história do bode na sala contada por José Eduardo Dutra. O tal bode na sala não soluciona o problema não soluciona o problema de superlotação do espaço, apenas desvia a atenção das pessoas par o novo incômodo com o mau cheiro do bode. A lição que podemos retirar dessa metáfora do bode na sala é de que, as pessoas podem ser silenciadas diante de um incômodo, apenas causando a elas um incômodo maior. Quando é retirado o objeto desse grande incômodo elas passa a aceitar e silenciar diante do problema do qual estavam reclamando. O Senador comunista deve ter retirado essa lição de dominação de alguma Cartilha comunista de Lenin ou do genocida sovietico Stalin.

    No caso da recente polêmica do Pix o povo brasileiro não aceitou a suposta regulamentação da Receita Federal para pegar os ricos que sonegam impostos. Se Lulis quer equilibrar as contas do governo federal basta ele parar de distribuir a rôdao as emendas parlamentares e diminuir os gastos excessivos da justiça, do Congresso e fazer cortes nos seus gastos com viagens e hospedagem em hotéis de luxo. Nesse caso do Pix Lulis é o BODE no meio da nossa nação, temos que retirar ele urgente, o fedor já está insuportável.

    • Luciano estudante de filosofia

      17 de janeiro de 2025 - 09:24

      Triste do analfabeto político. Triste mesmo. A alegoria do bode caiu bem e foi bem analisa. Os criminoso e analfabetos políticos ou melhor olavistas acham que com a retirada da medida o problema deixou de ser visto. A polícia federal tá na cola. Ou seja o bode foi retirado da sala mas ele continua em algum lugar e fedendo do mesmo jeito. Ei pra você sonegador pode cortar preço com as pregas porque o bode tá chegando em vocês. Aí eu quero ver se quem vai dançar, se é o bode ou se são os sonegadores de impostos?

  • Cilde

    17 de janeiro de 2025 - 09:23

    Ribeiro Filho, já sou sua fã.

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