Lógico que o caráter transitório da vida é um fato inevitável. Mas também é fato que Marcelo Deda nos deixou cedo demais. Se vivo estivesse, ele estaria hoje no auge de seus 65 anos. Quanta saudade!

O ano de 2013 foi triste demais para os sergipanos. É que, no final daquele ano, nós perdemos uma figura e tanto: Marcelo Deda Chagas. A bem da verdade, mesmo que respeitando ao máximo a dor da perda sofrida por seus familiares e, de uma maneira dolorosa pra todos nós, ele ali encontrava descanso de tantas batalhas que travou pela sua saúde, pois ali se encerrava uma luta bravamente travada por Deda desde 2009, quando ele passou pela primeira cirurgia.

E ele foi gigante nos anos seguintes, pois seu enfrentamento de um câncer no pâncreas – um dos mais agressivos dentre todos os tipos de câncer – foi uma verdadeira lição de vida. Ou melhor: uma verdadeira lição de amor à vida!

Mas, ainda que isso seja inútil em termos práticos, este AnderSonsBlog se pergunta, de vez em sempre, até onde Deda teria chegado se vivo estivesse? Neste 11 de março celebramos o nascimento dessa figura ímpar da nossa política. Só que Deda era mais do que apenas a figura pública que conhecemos. E a casa aqui vai lembrar dois ou três episódios que viveu com Marcelo Deda como forma de homenagear esse grande sergipano, ‘capa bode’ dos bons, admirado e respeitado tanto por aliados como por adversários e alvo de uma imensa saudade – até porque, pós-Deda, parece que já não se fazem mais políticos como antigamente, infelizmente!

Simbora! (1) Este AnderSonsBlog se considera um sujeito de muita sorte no quesito de trabalhar próximo a grandes nomes da política sergipana. Tanto assim o é que, em 2004, logo no 1º emprego em Aracaju, lá fomos nós, ainda estudante de Jornalismo, cobrir as agendas públicas do então governador João Alves – outro saudoso que receberá, em 3 de julho, um texto em sua homenagem também. E a vida foi seguindo até que, em 2009, chega o convite do querido Lucas Rosário para integrar o time de assessores de Comunicação do governo de Marcelo Deda, isso na pasta ocupada pelo queridíssimo Benedito Figueiredo, então secretário de Justiça e Cidadania.

Dali para chegar à Secom, em 2010, foi um pulo – dado, diga-se de passagem, com a ajuda do amigo Chiquinho Ferreira, então secretário-adjunto de Comunicação, a quem fomos auxiliar diretamente. E numa das agendas públicas de Deda, este que vos digita, então cultivando um ‘bigodinho mequetrefe’, estava na frente do local do evento quando Deda chega e, num dos seus chistes costumeiros, olha pra o assessor aqui e tasca: “e esse bigode de Clark Gable dos pobres?”. Estava ali dada a senha de que uma das paixões de Deda, o cinema, era algo real, efetivo e afetivo! Ainda nesse mesmo evento, ao final, Deda tasca mais uma: “eu tenho a impressão de que lhe conheço de algum lugar”. E a resposta, tímida, por óbvio, já que saída de um ‘foca’, não poderia ser outra: “é possível que sim. Mas deixemos que você descubra isso mais a frente”.

Aí (2) vem 2010 e a campanha de reeleição de Marcelo Deda. Como a função do titular da casa aqui era institucional dentro do governo, nada de dar as caras na campanha em si, visto que o trampo era mesmo dar destaque as ações do governo. E como o hoje X, à época Twitter, era uma ferramenta constantemente utilizada por Deda, eis que, numa ação de campanha, lá estava o governador em Lagarto e, ao passar na av. Presidente Vargas, na altura do número 12, Deda abraça carinhosamente uma senhorinha e a foto é publicada no Twitter.

A casa aqui não perdeu tempo e comentou: “tá vendo aí, governador, que eu lhe disse que você saberia de onde é que achava que me conhecia? Essa aí na foto é D. Zezita, minha avó. E esse senhorzinho lindo ao lado de vocês é meu avô, Zé Marcelino”. E a resposta foi quase que imediata: “Ah, então você é primo de Rogério Carvalho, né? Por que não disse logo?”. Não respondi a essa pergunta na rede social, mas na vez seguinte em que nos encontramos, fui direto: “Sabe por que não disse que era primo de Rogério, governador? Pra você não achar que eu queria algum privilégio por isso!”. E Deda, com a sua espirituosidade costumeira, mandou: “já vi que é primo de Rogério mesmo, porque a inteligência vem de família, né?”. Rimos e ele seguiu para seu compromisso.

E, finalmente, (3), após a sua reeleição, lá estava este AnderSonsBlog em mais um evento, desta feita em Malhador, na casa de Dedé do Inhame, organizando o pessoal de rádio e da imprensa em geral – era essa a função, nessas agendas interioranas, passada por Chiquinho Ferreira pra casa aqui – e aguardando a chegada de Deda. Ele desceu do carro, no que fomos até o governador para dar detalhes da organização do acesso da imprensa a ele. Mas Deda nem deixou isso acontecer, pois logo passou seu braço pelas costas deste seu modesto auxiliar, no que teve o gesto retribuído. E, de forma serena, ele disse: “cansaço danado. Mas vamos a luta!”. Ele, na verdade, tinha acabado de passar por mais um procedimento cirúrgico e, ao abraçá-lo, AnderSonsBlog sentiu, por baixo de sua camisa branca, a presença de uma espécie de curativo protetor – que deve ter um nome técnico, mas que a casa aqui desconhece.

E por que aquele momento foi tão marcante? Porque ali, naquele exato instante, AnderSonsBlog viu materializada a luta de Deda pela vida! E finalizada a agenda, com o governador tendo atendido a imprensa, conversado com as lideranças políticas malhadorenses, anunciado os benefícios que seu governo estava levando ao município, retornamos a Aracaju e só em casa, sozinho, a casa aqui sentiu o peso daquela situação e chorou copiosamente – algo que está acontecendo agorinha mesmo, enquanto digita esta postagem. Afinal, Deda iria embora assim tão cedo, meu Deus?

Em 2011, indo assessorar a Comunicação de Zeca da Silva na secretaria de Desenvolvimento Econômico, nossos caminhos se distanciaram um pouco. Mas nada que uma incrível reportagem especial do Financial Times sobre a economia sergipana não nos deixasse novamente muito próximos. Em seguida, trabalhos pelo interior sergipano nos fizeram deixar o governo de Deda.

Mas a sensação de perda seguia pulsando no coração até que, em 2013, infelizmente nos despedirmos de fato de Marcelo Deda. E, nesse 11 de março, quando ele faria 65 anos, a pergunta ainda não se calou: até onde Deda chegaria se vivo estivesse? Na impossibilidade de uma resposta, resta o consolo de saber que Marcelo Deda, onde estiver, segue sendo uma referência de homem público do mais alto nível. E o que resta dizer é somente uma palavra: saudades! Muitas saudades! É isso!

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1 Comentário

  • Antonio Carlos Valadares

    11 de março de 2025 - 17:26

    Se Marcelo Déda estivesse vivo com certeza estaria brilhando. Além de orador excepcional, era um político de conduta ilibada, tinha um carisma invejável e uma simpatia natural que emergia de seus gestos magnânimos, muitas vezes surpreendentes. Nutria o senso de autoridade que nunca pode faltar a quem governa, sem ostentar o poder que detinha em suas mãos. Se estivesse vivo estaria no cimo de uma carreira política que poucos alcançaram em Sergipe. Rezo neste dia em que completaria 65 anos de vida para que Deus o tenha nos píncaros da Eternidade.

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