Reforma da Previdência de Aracaju resumida: diferença entre os ‘Valdos’, egotrip midiática ridícula e a 1ª mulher prefeita com coragem pra fazer algo que a marmanjada não fez

É complicado quando se tem que tomar decisões no poder. Mas é legal de se ver quando, mesmo em meio a uma saraivada de ataques, ainda tem quem tenha coragem pra tomar decisões. Foi mais ou menos esse o enredo de cinco dias de intensas discussões sobre a Reforma da Previdência da prefeitura de Aracaju.

Mas, antes, vamos recuar ‘só’ cinco anos no tempo: antes que o STF decidisse definitivamente que a prefeitura de Aracaju e mais ou menos umas 1.200 outras pelo Brasil adentro precisavam se adequar as novas regras previdenciárias aprovadas em 19, tivemos esse ‘remédio irremediável’, posto ser uma decisão do Congresso e que virou emenda constitucional, aplicado aos governos estaduais.

E aqui começam as diferenças entre os ‘Valdos’: enquanto o primeiro deles, o então governador Belivaldo Chagas (Podemos), teve a coragem de arcar com os custos políticos e fez a adequação previdenciária para o estado que a mudança federal exigia, o outro ‘Valdo’, o Edvaldo Nogueira (PDT), preferiu judicializar a questão.

Aí, em que pese as duas decisões serem legítimas, é óbvio que Belivaldo agiu como um estadista, assumindo o ônus, mas evitando passar adiante algo que seria inevitável. Já Edvaldo, num ano que antecedeu as Eleições 20, preferiu ir à Justiça – o que, de toda forma, joga luz sobre um tema recorrente: seria a tal ‘excelência em gestão’ atribuída ao ex-prefeito de Aracaju um mero recurso de ‘marquetingue’? Sim, porque na hora do ‘pega-pa-capá’, ir ao Judiciário é tudo, menos capacidade de gerir temas complexos, né não?

Assim, combinemos, leitor e leitora: Edvaldo não tem ‘culpa’ da reforma previdenciária ter caído no colo da prefeita Emília Corrêa (PL). Mas também não fez nada para evitar que isso ocorresse! Ou seja: ele não fez a reforma que, sim, poderia lhe implicar em ônus, é lógico, mas que poderia lhe garantir o bônus de ter sido o gestor que não procurou as ‘barras da saia’ da Justiça para não ter que, em última análise, se debruçar sobre um tema espinhoso e… trabalhar nele, ora pois!

Vencida essa primeira etapa, vamos pra segunda: o que foi isso de parte – minúscula, é verdade – da mídia nesse caso todo? E aqui AnderSonsBlog não tem o menor pudor de assumir a sua fatia corporativista. Explica-se: quando coleguinhas da Comunicação fazem coisas admiráveis, a gente aqui exalta o nome. Mas quando fazem coisas ridículas, a gente preserva o nome e quem quiser que vista a carapuça.

Mas ver gente da mídia bradando um “fui EU mais vereador A, B e C e mais sindicatos X, Y e Z que ‘fizemos’ a reforma” chega doeu nos ouvidos e nos olhos, minhas gentes! É muita papagaiada! Lógico que a imprensa ajuda ao abrir os debates e levantar questões importantes. Mas querer os louros por isso é quase que uma admissão de que se tem um ego tão grande que nem a represa de Xingó daria conta de matar a sede, caramba!

E, pra fechar, o terceiro ponto proposto no título dessa postagem: veja, leitor e leitora, que não deve ser por acaso que coube a uma mulher, Emília Corrêa, a missão obrigatória – por lei mesmo – e nada fácil de resolver a reforma previdenciária da prefeitura de Aracaju. E existe uma razão que ficou visível nos últimos dias para isso.

É que o primeiro texto, que tinha, de fato, problemas, foi prontamente levado à discussão com sindicatos e com vereadores. E Emília não se portou como ‘dona da verdade’ em momento algum. Aceitou o que saiu dos debates, em especial com os sindicalistas, fez as mudanças necessárias e, por fim, teve a reforma aprovada por unanimidade pelos vereadores.

E em que pese ser preciso ter coragem tanto pra encarar essa encrenca danada que é mexer num assunto dessa magnitude, como precisa de coragem e estômago pra ver a postura reducionista de adversários que, covardemente, tratam a capacidade democrática de revisar, para melhor, um texto de um projeto como um mero ‘recuo’ da prefeita, na verdade o que Emília NÃO fez foi recuar e postergar algo que, mais cedo ou mais cedo ainda, teria que ser resolvido e que, agora, de fato o foi!

E aí a ‘marmanjada’ que fique ressabiada se quiser, mas quem fez tudo isso foi uma mulher, né? Botou pra chegar, Emília Corrêa! E que siga o baile!

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