Deixemos em segundo plano as (1) denúncias de que o aumento de alunos e, por consequência, de recursos do Fundeb em Capela pode ser fruto de fraude. A Polícia Federal que cuide disso.
Relevemos ainda que a (2) desaprovação de contas da prefeitura de Ilha das Flores pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe podem vir a ter consequências nefastas num futuro breve.
E façamos isso porque o marido da prefeita de Capela, Silvany Mamlak (SD), e ex-prefeito de Ilha das Flores, deputado estadual Cristiano Cavalcante (UB), embora possa ter ligação com o primeiro caso e seja responsável direto pelo segundo, nesses dois momentos específicos nem era deputado e muito menos líder governo de Fábio Mitidieri (PSD) na Alese.
Tentar macular o papel do líder por esses dois episódios seria regredir constitucionalmente e culpar alguém em algum cargo pelo que possa ter ocorrido anteriormente a ocupação desse mesmo cargo. Aí é uma séria e desnecessária forçação de barra, né isso?
Agora, não dá para eximir Cristiano de dois episódios recentes: o primeiro a terrível “distribuição” de dinheiro entre populares, no meio da rua, em Ilha das Flores. Nesse caso, deixemos de lado a hipocrisia: a pergunta não é quem distribui, mas sim quem é que não distribui? Raros são os casos de políticos que não dão um jeitinho de atender aos principais pedidos da população: “me ajude a pagar a energia”, “despache essa receita pra mim”, “o gás acabou” e por aí vai.
Mas uma coisa é dar uma “mãozinha”, ainda que, principalmente em períodos eleitorais, isso seja uma conduta vedada e reprovável. Só que ajudar não é “jogar” dinheiro pra cima, pro lado e mandar o povo ir catar, né isso?
Tanto a coisa é grave que o Ministério Público Estadual (MPE/SE) já entrou em campo e promete investigar o caso para saber em detalhes em quais circunstâncias se deram essa “síndrome de Silvio Santos” que acometeu Cristiano Cavalcante.
Mas, na opinião deste AnderSonsBlog, o segundo e mais grave episódio que envolve Cristiano já como líder do governo na Alese foi relatado pelo jornalista Jozailto Lima, do JL Política & Negócios, num verdadeiro primor analítico recentemente publicado (leia a íntegra AQUI).
Confira esse trecho da matéria linkada acima lá de JL Política: “Na semana passada, antes do vídeo, chegou ao Governo de Sergipe a informação de que – preste bem a atenção nisso, leitor – uma Associação de Rizicultores de Ilha das Flores estaria assumindo o controle acionário da Usina Campo Lindo, em Nossa Senhora das Dores.
“O estranho é que a Usina Campo Lindo, um bem de parte da família G.Barbosa, está sob intervenção da justiça, devendo algo que passa dos R$ 300 milhões, já foi alvo de interesse de uns três a quatro grupos economicamente razoáveis que se aproximam dela, colhem uma safra e capam o gato. Diz-se que economicamente ela é inviável de ser assumida com a dívida que tem, exceto se for arrematada em leilão e com preço bem mais em conta.
“Como então uma Associação de Rizicultores de Ilha das Flores assumiria o comando de um negócio desse porte? A informação que chegou ao Governo de Sergipe e a essa Coluna Aparte aponta que toda a transação da Associação de Rizicultores estaria sendo arquitetada diretamente por Cristiano Cavalcante, mas sem que ele aparecesse oficialmente nessa fita”.
Olha só, leitor e leitora, se esse tema levantado por Jozailto em seu site – e que não pode cair no esquecimento não, viu? – tiver a mínima fundamentação, estaria caracterizado, sem a menor sombra de dúvidas, um violento tráfico de influência. E seria ainda mais grave por vir, em caso de confirmação, do líder do governo na Alese!
Enfim, é um cheiro pesado de queimação! Nesse caso, o ideal seria o próprio Cristiano pedir o afastamento da liderança pelo menos até os episódios do dinheiro e da Campo Lindo serem exaustivamente esclarecidos.
Mas como esse tipo de postura não encontra eco na forma de atuar de Cristiano Cavalcante, a saída honrosa será mesmo Fábio Mitidieri promover um rodízio de líderes de seu governo na Alese. Mas, para isso, teria que ir levando com a barriga até, pelo menos, a virada do ano, né verdade?
Só que, até lá, é bom o governador ficar esperto, ligadíssimo mesmo. Até porque o risco de ter um líder que, de alguma forma, possa contaminar o ambiente interno na Alese é apenas o pontapé inicial de uma contaminação que pode alcançar a sociedade como um todo, né verdade?
Assim, ABRA O OLHO, governador!