BRASIL IL IL IL! – AGU, STF e CFM: siglas importantes, lógico! Mas outra sigla, Uol, teria coragem de mandar seus leitores à PQP caso não as decifrassem numa curta manchete?

A imagem acima é autoexplicativa, estamos combinados, leitor e leitora? Sim, porque não há nada a se cobrar do leitor e da leitora em relação a ‘decifração’ de tantas siglas em sequência para, enfim, gerar algum interesse pro clique e pra leitura, ora pois!

Mas a desfaçatez é claríssima: o Uol, braço internético da Folha de São Paulo, simplesmente reduziu a menos que pó um assunto absolutamente atual a partir de um levantamento da jornalista Mônica Bergamo que ajuda a descortinar o que está por trás de tanta crueldade exposta no PL 1904.

Bergamo informa claramente que a Advocacia Geral da União – sim, a AGU! – denunciou ao Supremo Tribunal Federal – sim, o STF! – que o Conselho Federal de Medicina – finalmente, sim, o CFM – emitiu parecer interno aos seus participantes – médicos e médicas do país – coibindo a realização do aborto após as 22 semanas mesmo nos casos já previstos em lei – estupro, anencefalia e risco de morte para a mãe.

Em que pese uma decisão dessa impactar na vida de milhões e milhões de mulheres, na real se trata de uma decisão arbitrária, que fere os princípios legais previstos em lei no Brasil. Mas, pior ainda, é saber que essa ‘brecha’ aberta pelo CFM foi utilizada por parlamentares da extrema-direita para a proposição do PL 1904.

E tem como piorar ainda mais: como é que pode um conselho que representa quem estudou, se formou e pratica a Medicina se meter numa esparrela dessas? Mas sabia que a coisa pode piorar ainda mais? Pois é: como podem médicos e médicas, com tantos anos de estudo, com boas condições econômicas e sociais, simplesmente aceitarem que o conselho que os representa se porte de maneira tão vil, seja humanamente falando, seja legalmente falando?

O querido amigo aqui da casa e médico sanitarista Antônio Samarone já comentou, certa feita, que lhe causava estranheza esse “direitismo” da categoria. E AnderSonsBlog, além de concordar com ele, vai além: apesar de ser livre para ser o que quiser, não deveria caber a um profissional da Medicina ser bolsonarista, nem lulista e nem nenhum outro ‘ista’ a não ser aquele que cabe na palavra e no conceito ‘humanista’, meus caros e minhas caras! E é óbvio que, sob um suposto manto de ‘defesa da vida’, o PL 1904 é fundamentalmente  – ou fundamentalisticamente – desumano, ora pois!

Por fim, mas não menos importante, um recadinho pro Uol: quando quiserem esconder temas importantes para o debate, não façam essa sacanagem de encher de siglas uma manchete. Simplesmente não publiquem e pronto! Agora, posar de plural e amplamente favorável ao debate, mesmo dos temas mais espinhosos, e lançar mão de uma manchete dessas é o mesmo que permitir que todas as gentes se sintam no direito de, em coro, gritarem: ‘ei, Uol, VTNC!’. Sem mais.

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2 Comentários

  • Hudson Freitas

    20 de junho de 2024 - 10:53

    Showwww

  • Ribeiro Filho

    20 de junho de 2024 - 11:35

    Durante a pandemia o Conselho Federal de Medicina foi silenciado e colocado à margem de todas as decisões tomadas a respeito da segurança e das garantias das vacinas. O CFM e todos os CRMs nao participaram das decisões do protocolo médico a ser aplicado no tratamento da Covid-19. Tudo era decidido pelo STF, e repassado para os governadores e prefeitos cumprirem à risca. A imprensa geral ficou o encargo de fiscalização e denunciar quem não cumpria as regras do lockdown absurdo, que não serviu pra absolutamente nada. Médicos que tentaram fazer seu próprio protocolo de tratamento, foram ameaçados e ridicularizados, como foi o caso da Dra. Nise Yamaguchi. De uma coisa nos temos certeza os grandes hospitais faturaram milhões com a pandemia e nada fizeram para participar dos debates e das decisões. Que bom que o CFM está participando desse debate sobre o PL do Aborto. Talvez tenhamos um pouco mais de lucidez, expertise e um nível científico mais elevado nos debates e nas decisões. O resto é mi-mi-mi político.

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