Na semana passada, quando circularam as primeiras informações de que o Cidadania realizaria encontro para eleger um novo comando para seu diretório estadual, AndersonsBlog atentou para a cidade escolhida para tal intento: Itabaiana. Lógico que a definição da região Agreste para o evento teria uma razão óbvia, baseada no merecimento: o deputado estadual cidadanista Georgeo Passos, cuja origem política se dá – mas não se limita, viu? – na também agresteira Ribeirópolis, estaria sendo prestigiado. Mas, para não se limitar na personalização pura e simples da questão, é factível avaliar que uma estratégia interessante pode ter passado pelas cabeças que pensam o Cidadania em Sergipe. É que Itabaiana, ao menos até agora, tem sido epicentro político de fato e de direito, pois tem um ex-prefeito, Valmir de Francisquinho (PL), reconhecido até pelos seus adversários como um fenômeno eleitoral, além de ser de Itabaiana também o atual presidente da Alese, Luciano Bispo (MDB). Valmir segue cortejado geral e já confirmou que conversa com todos, sem distinção – inclusive com o próprio Cidadania. Já Luciano, que presidindo a Alese de certa forma a transformou num “puxadinho” do Executivo estadual desde Jackson Barreto, de seu mesmo MDB, e assim segue até agora, sob a égide de Belivaldo Chagas (PSD) governando, também possui seu charme eleitoral, digamos assim. Ou seja: Itabaiana tem e deve exercer muita força no pleito de 22. Assim, seja por estratégia ou para prestigiar seu novo presidente, o Cidadania acertou em cheio ao escolher Itabaiana para realizar o seu congresso estadual. Mas AndersonsBlog ousa ir além: o partido deu muitos passos – perdão pelo trocadilho – adiante ao escolher Georgeo Passos como novo comandante. Comecemos pelo que seria potencialmente negativo: Alessandro Vieira, senador cidadanista, desde o último sábado, 11, não é mais o bam-bam-bam da sigla. Claro que em termos, afinal Alessandro é senador e a estrela mais visível dentre os integrantes da agremiação. Mas é aqui que começam os desafios para Georgeo: o senador, por seu estilo fechadão de fazer política, não é reconhecido por um papel aglutinador. E nem se trata de um juízo de valor, visto que Alessandro é senador e ganhou a sua eleição ao seu estilo. Já Georgeo, de família política até a medula, pode, finalmente, garantir ao Cidadania a capilaridade que o partido tanto precisa. Então, eis o primeiro ponto a favor do novo comando. Mas tem mais. Não é exagero dizer que Georgeo, na medida certa, exerce um papel legislativo que se aproxima do ideal. Claro que ninguém é perfeito, lógico! Mas enquanto deputado, o novo presidente do Cidadania se demonstra um estudioso profundo da atividade parlamentar, das permissões e limitações do regimento interno. Aliás, bem mais limitações do que qualquer outra coisa, algo que o próprio deputado já reconheceu em mais de uma oportunidade, especialmente quando declarou considerar um desperdício de dinheiro público manter uma assembleia que não vota nada que não seja do interesse do governo estadual e ponto. Por essas e outras, é possível ver em Georgeo Passos um idealismo – favor não confundir com inocência, viu? – que é, sim, bem vindo na política, ainda mais nos atuais tenebrosos tempos. Outro ponto a favor de Georgeo no comando do Cidadania: o parlamentar não foge de nenhuma briga, mesmo quando corre riscos de sair arranhado, vide os episódios do CPI da Covid, quando rasgou o verbo pra cima do seu colega de parlamento, Zezinho Guimarães (MDB), taxado por ele claramente de “traidor”, com todas as letras, por ter retirado sua assinatura do pedido de instalação da comissão; e, mais recentemente, ao estar processado pelo governo de Belivaldo Chagas por afirmar, corretamente, que se o IPVA 2022 for calculado pela tabela Fipe isso acarretará num aumento de cerca de 20% no imposto. Baseado, erroneamente, que se trataria de uma fake news, o governo vai a Justiça contra um parlamentar, demonstrando que democracia é uma palavra meio fora de moda, né não? Por fim, mas mais importante do que os outros pontos que AndersonsBlog avalia como positivos nessa mudança de comando do Cidadania, com Georgeo Passos na presidência, o partido passa a ter uma cara efetiva de oposição. E isso se explica pelo fato de Alessandro, além de passar mais tempo em Brasília, por óbvio, acaba sendo vítima de seu próprio sucesso eleitoral, pois se elegeu na onda conservadora, pelo Rede, mas é tido e havido como um “bolsonarista arrependido”. Isso, além de injusto, por inverídico, acabou reduzindo o Cidadania a um papel coadjuvante, já que Alessandro Vieira, por bem ou por mal, acabava chamando todos os holofotes para si. Já Georgeo, queira ou não queira, é oposição ao governo estadual há dois mandatos. Não é de fazer piquete, murrinha e coisa e tal. Mas é o opositor que mais incomoda o governo – algo que o processo citado acima só faz confirmar – por ter peso no discurso afiado, por estudar muito antes de se manifestar e, prova cabal de sua atuação antenada com os novos tempos, por até votar em matéria do interesse do governo, mas sempre com um embasamento claro e devidamente transmitido ao seu eleitorado. Se essas características positivas de Georgeo farão, de fato, o Cidadania crescer e aparecer, aí é com o novo presidente e com sua atuação efetiva. Mas, para AndersonsBlog, a presidência do Cidadania sob o comando de Georgeo Passos é uma lufada de ar fresco na combalida oposição sergipana. Até porque, convenhamos, acreditar que o PT, com a candidatura de Rogério Carvalho ao governo, é mesmo um partido oposicionista é também se permitir acreditar em Papai Noel. E olha que estamos em dezembro, né isso?