Antes de partir pras ‘vias de fato’ dessa análise, duas considerações: a primeira é que nem Zé Paulo (Novo) e nem Felipe Vilanova (PCO) têm espaço na propaganda eleitoral radiofônica ou televisiva. O primeiro pelo fato de seu partido ter eleito apenas 3 deputados federais em 22. E o segundo porque o PCO não elegeu nenhum representante pra Câmara dos Deputados.
E a segunda consideração diz respeito ao fato de que até o dia 3 de outubro, todos os dias, com exceção dos domingos, das 07:00h às 07:10h e das 12:00h às 12:10h nas emissoras de rádio, e das 13:00h às 13:10h e das 20:30h às 20:40h nas emissoras de TV, serão veiculados os programas da propaganda eleitoral e, neste ano, com uma novidade: apenas quem concorre às prefeituras terá direito a esse espaço, cabendo aos que almejam a vereança as chamadas inserções de 30 segundos nas programações lineares dos veículos de comunicação, sendo que essas inserções também incluirão a disputa majoritária, beleza?
Dito isso, vamos ao que interessa: não faltarão oportunidades para que o eleitor e a eleitora assistam e ouçam o que têm a dizer as candidaturas que buscam uma cadeira legislativa e muito menos para conferir o que dizem as candidaturas que buscam comandar os destinos das cidades em que vivemos, pois estas terão tempo de sobra pra mostrar à que vieram. E isso sem levar em conta as redes sociais de cada candidatura – e AnderSonsBlog tá devendo um texto específico sobre os efeitos das redes e dos social medias nas Eleições 24 – e os espaços democráticos que todos os veículos de comunicação ofertarão em forma de entrevistas.
Mas nesse fim de noite do dia da estreia dessa turma toda no rádio e na TV, a casa aqui vai fazer um brevíssimo apanhado sobre o que assistiu em cada um dos programas que foram levados ao ar. Como bom brasileiro, AnderSonsBlog optou por, em pleno sextou, assistir os programas televisivos veiculados à partir das 20:30h.
Lógico que não será possível fazer uma cobertura diária dessa importante ferramenta comunicacional. Assim, vamos analisar a estreia de cada candidatura em pleno ‘horário nobre’ televisivo. No decorrer da campanha, caso veja necessidade, voltaremos a esse tipo de avaliação.
Vamos lá, então? Simbora pela ordem de apresentação de cada candidatura conforme sorteio realizado na Justiça Eleitoral.
Luiz Roberto (PDT) – Com o maior tempo nos programas, Luiz já começou defendendo seu padrinho, Edvaldo Nogueira. Mas, na opinião aqui da casa, cometeu uma gafe ao insistir em algo que já havia sido alertado: atacar a gestão do saudoso João Alves, cujo estado de saúde em sua última passagem pela prefeitura de Aracaju é algo público e notório, não diz respeito ao atual debate, visto que ninguém que está na disputa, com a proteção e a benção de Deus, passará pelo mesmo drama ocorrido com João, notadamente em 16, seu último ano na prefeitura. Além disso, vamos e convenhamos: com a ex-senadora Maria do Carmo, viúva de João, passando neste exato momento por uma grave situação justamente de saúde, a citação acabou sendo extremamente desnecessária. Precisa melhorar, portanto.
Emília Corrêa (PL) – Detentora do segundo maior tempo nos programas de rádio e de TV, Emília começou, digamos, do princípio: após uma bucólica varandinha com uma senhorinha olhando prum celular, as imagens de drone saem do fundo da Igreja de Santo Antônio. E aqui, salvo engano, um primeiro deslize que diz muito: ao mostrar o campanário da igreja, uns pássaros extremamente fakes cruzaram a tela. Olha, não precisava disso, não! Mas seguiu o programa e a série de clichês: imagens aéreas que ‘desciam’ até a candidata, as falas devidamente preparadas para apresentar Emília, um jingle em tom emocional e por aí vai. Na verdade, numa análise bem fria, lembrou muito um vídeo do genial Marcelo Adnet sobre como as campanhas políticas se ‘clichezaram’ – tá na net, é só procurar. Mas teve um ponto alto: Emília apresentou seu vice, Ricardo Marques, também como protagonista. Ponto pra ela.
Yandra Moura (União) – Yandra tem o terceiro maior tempo nos programas eleitorais. E na TV isso é um trunfo danado. Por isso mesmo que AnderSonsBlog foi surpreendido pelo fato dela ter utilizado um vídeo muito bem feito, mas que já havia sido veiculado em suas redes sociais lá atrás. E voltar a usá-lo na abertura da sua estreia na TV? E tem mais: na verdade, ainda que muito bem executado imageticamente, o vídeo tem narração profissional. Olha, leitor e leitora, como profissional da Comunicação, este AnderSonsBlog dá o maior ponto pra quem se utiliza dos serviços de gente qualificada e preparada para tal. Mas como Yandra está começando na política, não seria mais interessante que a voz dela narrasse o tal vídeo? Pois é, né?
Niully Campos (PSOL) – Niully tem o menor tempo dentre todos os que almejam a prefeitura de Aracaju. Lógico que isso pesa contra ela. Mas é lógico também que isso exige muita criatividade que, caso funcione e emplaque, pode acabar sendo um belo trunfo – afinal, a população não tem lá muita paciência pra assistir programas eleitorais e, nesse caso, qualquer coisa realmente interessante que seja produzido acaba tendo um potencial efetivo de chamar a atenção, né isso? Assim, Niully abre sua participação na TV com um problema real, que é o alto custo dos aluguéis em Aracaju. Ao fundo, casas claramente periféricas, numa opção estética pelo que chamam de ‘cinema verdade’. Mas, em tempos de tanta tecnologia disponível em celulares nem tão caros assim, deixar a candidata sem uma luz adequada, quase na penumbra? É algo a se corrigir.
Candisse Carvalho (PT) – Candisse tem o quarto maior tempo pra explorar nos programas eleitorais. Não é muito, mas também não é pouco. E, na sua estreia, a candidata do PT não ‘inventou a roda’: sentada, olhando para a câmera – algo que ela faz com muita qualidade por ser a jornalista tarimbada que é – e falando de maneira muito simples, sem nenhum excesso tecnológico, Candisse amarrou de forma suave a sua vida pessoal, algo muito necessário pra quem está disputando sua primeira eleição, ao ideário político que se propõe a defender nessas eleições aracajuanas. E, nesse caso, não resta a menor dúvida de que Candisse fará, sem nenhuma cerimônia, a defesa do governo Lula e dos programas sociais que são marcas registradas do petista ao longo das suas administrações. E isso é um trunfo que não pode ser desconsiderado, né não?
Danielle Garcia (MDB) – Pra fechar essa estreia, Danielle tem o quinto tempo dentre as seis candidaturas, quase um minuto. Tempo suficiente? Depende… no primeiro programa, por exemplo, ela se posicionou como quem já sabe do que se trata a lida eleitoral. E usou o tempo pra listar uma série de programas que, se eleita, pretende implantar. Ficou um tanto quanto corrido, é verdade. Mas como ainda teremos muitos programas, há tempo para que tudo seja detalhado, né? Além disso, Danielle ressaltou sua passagem pelo governo estadual e levantou números, cujo recorte de AnderSonsBlog focou num deles: ela disse que recebeu 240 mil votos em Aracaju. Certo, mas faltou lembrar que esse total diz respeito a soma de duas eleições: a de prefeita, em 20, no 1º e no 2º turnos, e a de senadora, em 22. Assim, essa continha que foi feita é meio marota, né não?