Ainda sobre o resultado das Eleições 24, encerradas no último domingo, 27 de outubro. E, nesse caso, vamos analisar duas derrotas, a de Luiz Roberto (PDT) para Emília Corrêa (PL), e a de Márcio Macedo, o petista que jogou contra o próprio PT nesse ano da graça de 24.
Comecemos pelo começo, redundantemente falando: embora muita gente tenha até tentado, as eleições aracajuanas não foram uma polarização entre esquerda e direita, não! Até porque Emília teve como vice Ricardo Marques, que é do Cidadania que, por sua vez, já foi o Partido Comunista Brasileiro, o PCB. Já do lado de Luiz, embora ele se colocasse como um candidato de centro esquerda, o seu vice foi Fabiano Oliveira, do Progressistas, comandado em Sergipe pelo senador bolsonarista Laércio Oliveira.
Diante de um cenário desses, só mesmo muita ingenuidade política pra achar que houve algum tipo de embate entre esquerda e direita, né não?
Só que a disputa do 2º turno aracajuano caiu como uma luva no sentido de impedir que o ministro da Secretaria da Presidência da República, Márcio Macedo, fizesse o presidente Lula, ambos do PT, passar uma vergonha danada com o resultado final da eleição, já que quem venceu a disputa e assume a prefeitura de Aracaju em 1º de janeiro foi o PL do arquirrival do lulismo, obviamente o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Explica-se: depois de passar o 1º turno se fingindo de planta, ignorando que o PT tinha candidatura própria na pessoa de Candisse Carvalho, escolhida legitimamente pelo processo interno do próprio PT, Márcio deu uma guinada em sua postura no 2º turno e foi pra carreata, gravou vídeo, fez discurso, deu entrevista e só faltou dancinha no Tik Tok, tudo em apoio a Luiz Roberto.
Só que o presidente Lula, do alto da sua inteligência política acima da média, sentiu o ‘cheiro de queimado’ e nem sequer um videozinho em apoio a Luiz ele gravou, como fez no 1º turno ao pedir voto pra Candisse que, por sua vez, declarou apoio crítico a Luiz e viu a Articulação de Esquerda, uma das correntes do PT, se definir pelo voto nulo no 2º turno.
E assim, por muito pouco, mas por muito pouco mesmo, a postura de Márcio não jogou no colo de Lula uma derrota direta para o PL.
E por quais razões Márcio Macedo simplesmente ignorou o seu partido no 1º turno de forma tão acintosa e apoiou um candidato cuja chapa tinha um bolsonarista, de forma tão afrontosa, no 2º turno?
Bem, primeiro porque ele tem todo o direito democrático de apoiar ou não quem ele quiser, lógico. E, em segundo lugar, porque é público e notório que Márcio tem uma rixa muito forte com o senador Rogério Carvalho, também petista.
Só que, leitor e leitora, vejamos a diferença de postura entre os dois: enquanto Rogério teve coragem e deu a ‘cara a tapa’ ao apoiar uma candidatura genuinamente petista, com chapa puro sangue, inclusive, já que a vice era a histórica do PT, Professora Rosangela, ajudando a manter o PT vivo no cenário eleitoral aracajuano e sergipano, já que Candisse teve quase 10% dos votos e isso significa muito para uma candidata neófita em disputas eleitorais, Márcio, por sua vez, numa decisão pessoal e personalista, preferiu se omitir e, com isso, deixou de fazer o que se espera de um militante do PT ou de qualquer que seja o partido: apoiar a sua agremiação para vê-la forte e competitiva. Simples assim!
Até quando o PT aceitará esse tipo de postura adotada por Márcio e colocará em risco a sua própria sobrevivência política? Bom, aí já é uma questão sobre a qual o PT e seus filiados terão que se debruçar e avaliar, afinal, que PT é esse que não dá um pio sobre um de seus nomes, no caso Márcio Macedo, simplesmente ignorar o partido durante uma eleição em que o petismo teve candidatura própria? É ou não é pra se refletir? Sem mais!