Quer ver só uma coisa? Em números de prefeitos eleitos, com seis, o PT sergipano possui o mesmo tamanho do seu arquirrival nacional, o PL. E isso não posiciona o partido de maneira menor, não! Aliás, tanto PT como PL empatam na terceira posição dentre os que mais prefeitos fizeram em Sergipe, embora o PL possa se isolar na posição caso Emília Corrêa vença em Aracaju.
Acontece que esse resultado do PT não é nada desprezível, especialmente quando se leva em consideração o quanto o partido briga internamente. Sim, briga mesmo! Porque se fosse em outros tempos, a discussão interna, os debates ‘dentro de casa’ até auxiliariam a reforçar o conceito de Democracia Petista. Acontece que, neste ano da graça de 24, a coisa ficou um pouco mais clara pra quem avalia o cenário político.
Se não, vejamos: nas Eleições 24, além dos seis municípios conquistados, o PT teve a cara e a coragem de encarar a prefeitura de Aracaju e o governo do estado na disputa pela prefeitura aracajuana. E não fez má figura de jeito nenhum: Candisse Carvalho teve quase 10% dos votos e isso é um capital político interessantíssimo.
Então, porque é que este AnderSonsBlog avalia que as cisões internas é que prejudicam severamente o PT em Sergipe? É fácil: enquanto o ministro Márcio Macedo e a responsável por renda e cidadania no governo de Lula, Eliane Aquino, simplesmente não deram as caras na disputa aracajuana, com exceção de uma mera subida numa caminhonete e de uma mera fotinha, respectivamente, o senador Rogério Carvalho foi a luta e deu a ‘cara a tapa’.
Primeiro sendo ‘detonado’ pela imprensa – governista ou não – por ter ‘imposto’ sua esposa como candidata. E nada mais injusto do que isso, porque Candisse tem vida própria – e isso é o basilar – e depois porque a candidatura petista passou pelo crivo interno do próprio PT. E cadê Márcio e Eliane para também proporem seus próprios nomes para as eleições desse ano? ‘Necas de pitibiriba!’
Assim, coube a Rogério, como única liderança disposta a retomar o protagonismo petista em Aracaju e em Sergipe, se expor ao debate público e manter posição oposicionista. Passado o primeiro turno, aí finalmente é que Márcio e Eliane se manifestam claramente em defesa da candidatura de Luiz Roberto (PDT), cujo vice, Fabiano Oliveira (Progressistas) é declaradamente bolsonarista. Captou, leitor e leitora, o grau de contradição nessa situação toda?
Enquanto isso, Candisse declara apoio crítico a Luiz, mas assegura que permanecerá na oposição. E, ato contínuo, a corrente petista Articulação de Esquerda, da qual Candisse e o próprio Rogério fazem parte, prega logo diretamente o voto nulo – uma prova de que há espaço pra divergências internas no PT e o que não cabe é a autofagia. Percebeu o grau de coerência nessas posições?
Enfim, pra fechar a tampa dessa panela fervente: enquanto o PT não fizer uma autocrítica efetiva, dificilmente retomará o protagonismo. E, a título de sugestão, vale um recorte histórico: o melhor momento do PT em Sergipe, em termos de protagonismo, claro, foi quando o saudoso Marcelo Deda se elegeu e se reelegeu prefeito de Aracaju e, depois, se elegeu e se reelegeu governador de Sergipe.
Claro que sua morte prematura impediu que muito mais coisas viessem a acontecer. Mas é inegável que, quando estava no auge de sua atuação política, Deda convivia com os debates internos ‘de boas’, mas tinha, sim, a premissa de ser uma palavra decisória nos posicionamentos estratégicos do partido.
Por isso mesmo, leitor e leitora, fica cada vez mais claro que esse papel de aceitar o debate e conviver com ele, mas de ter palavra de peso nas decisões finais, deveria caber a Rogério Carvalho! E nem é por ele ser senador, não! É pelo fato de que as outras duas lideranças que poderiam – ou mesmo deveriam – estar defendendo o PT em Sergipe, Márcio e Eliane, só se manifestaram claramente agora, no segundo turno, pra defender um projeto que, vamos e convenhamos, caso saia vitorioso, tirará de vez a chance do PT voltar a protagonizar algo em Sergipe.
P.S.: pra não cometer uma injustiça, AnderSonsBlog faz menção clara ao papel do deputado federal João Daniel nesse processo como um todo. E ele, ao lado de Rogério, também está entre os petistas sergipanos que não ‘fugiram da luta’ nas Eleições 24. Portanto, João, que preside o PT estadual, também está no mesmo patamar de Rogério: os dois ‘vão pra cima’, dão ‘as caras a tapas’ e, por fim, defendem que o PT não caia na vala comum do governismo de ocasião. E tenhamos dito!