Tem uma ‘lenda urbana’ em curso no Brasil que diz o seguinte: ‘o pobre não quer trabalhar por estar em programas sociais do governo’. E não é que tem gente séria mesmo, em cargos de destaque, que acredita numa coisa dessas?

Um exemplo? O senador Rogério Marinho (PL/RN) disse, esta semana, a seguinte frase: “qual é o número dos desalentados que existe no Brasil que sequer procuram emprego, mas deveriam estar na PEA (População Economicamente Ativa) e que estão sendo contemplados com programas sociais?”. E aqui, leitor e leitora, a coisa se agrava justamente por Marinho ser considerado um cabra sério, mas que tem essa visão distorcida de que o povo brasileiro não trabalha porque é beneficiado pelo governo.

Só que se isso fosse verdade, seria correto dizer que muita gente rica, também beneficiada pelo governo, também nem trabalha e nem gera emprego pra seu ninguém? Percebe o quanto de preconceito carregam essas duas questões acima?

Mas aí temos o senador Rogério Carvalho (PT), um sergipano arretado lá no Senado, que mostrou umas verdades que incomodam a quem não aceita que pobres e ricos, embora com diferenças econômicas óbvias, merecem tratamento igual por parte das políticas públicas.

E aí olha só o que Rogério, o nosso, o sergipano lá de Lagarto, bate na veia: “esse país é o país que mais transfere renda para pobres, muito pobres, e para os muito ricos! (…) porque que a gente não retirou os setores (produtivos) que vão receber subsídios? Se isso não tivesse, a desoneração, quanto a gente teria hoje? A gente teria tido superavit no ano passado!”.

Percebe, leitor e leitora, que, nesse caso específico, não se trata apenas de um embate entre a esquerda e a direita, mas entre números efetivos. Quer ver só? Com programas sociais, o governo Lula deve gastar R$ 100 bilhões esse ano. E com subsídios, esse número passa de R$ 500 bilhões!

E aí é o que o nosso Rogério, o Carvalho, destaca: o governo federal transfere renda para os pobres, sim! Mas também transfere renda, com subsídios e renúncias fiscais, para os ricos! E nem venham com ‘mimimi’: a desoneração não alcança o pequeno empreendedor, mas sim a grande indústria que é composta por empresas geridas por gente muito… rica, poxa!

O vídeo abaixo é bem legal e bem completo pra explicar essa zorra toda! Mas uma coisa é fato: seja para os muito pobres, seja para os muito ricos, o governo faz a parte dele. Agora o que se espera é que os parlamentares brasileiros ajudem o governo a poder cobrar dos que são imensamente ricos a parte deles de forma a gerar algo inédito no Brasil: Justiça Tributária! E estamos conversados!

3

0