Entrevista de Inácio Krauss no início desta semana teria tido como objetivo deslegitimar a escolha do Quinto Constitucional e, por tabela, também a instituição OAB/SE? Se sim, “que deselegante!”

Quando o discordar de algo é levado às últimas consequências, isso acaba se tonando algo patológico e irracional. A discordância é vital para a democracia. Agora, o ‘embirramento’, o ‘enfezamento’ e o ‘não-aceitar’ por ‘não-aceitar’ representam muito mais um posicionamento ditatorial do que um debate democrático, né verdade?

Feitos esses alertas vamos a uma frase específica do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE), Inácio Krauss, proferida esta semana em entrevista ao Metropolitana News, com Luiz Carlos Focca. Olha o shape do que diz um ex-presidente da OAB/SE.

Eu vou dizer aqui que (…) eu já passei por algumas eleições, participei de algumas eleições no Conselho Federal (da OAB, em Brasília) para tribunais superiores, como o TST, como o TRF, e eu sei, eu vou dizer aqui, que lá no Conselho Federal a eleição é indireta, certo? Já vem pronta a lista com seis candidatos. Já vem pronta e geralmente a lista que tá pronta com seis candidatos é a lista que ganha”.

Ou seja: Krauss confessa não acreditar em nenhuma dessas eleições por ele citadas por elas serem indiretas? Mesmo sendo que a regra delas seja essa mesma, ainda assim elas estariam sob suspeição, na avaliação de Krauss? E veja, leitor e leitora, aqui não se está afirmando nada, apenas se analisando se essas eleições, por serem como são, teriam algo de errado, o que não parece razoável de maneira alguma, claro!

Só que a fala citada acima serviu, na verdade, para que o ex-presidente da OAB/SE fizesse uma comparação pra lá de infeliz com o processo eleitoral que chegará à lista sêxtupla para a escolha da vaga do Quinto Constitucional por parte de advogados e advogadas de Sergipe.

Ao citar os exemplos que citou, Krauss intencionou dizer que a lista de 12 que serão votados para dela se extrair as 6 candidaturas com mais votos livres e democráticos da advocacia sergipana seria uma espécie de ‘cartas marcadas’ e ele ainda foi além: disse que já sabia os nomes dos 12 indicados pelo Conselho Seccional da Ordem. E, finalmente, extrapolou dizendo que não falaria os nomes porque “tem amigos dos dois lados” e que entregaria a tal lista ao radialista – perdão da suposta cacofonia, leitor e leitora.

Olha, seria cômico se não fosse trágico ver um ex-presidente da OAB/SE fazer uma denúncia grave dessas sem apresentar provas concretas. Sim, porque, mesmo levando-se em consideração a seriedade do radialista ou de quem quer que fosse seu interlocutor midiático, uma lista dessas não pode ser levada a sério se não for apresentada em juízo, ora pois!

Além disso, Krauss ataca diretamente o Conselho Seccional ao acabar atribuindo a ele uma absurda falta de independência e, em última análise, falta de caráter mesmo, caso se sujeitasse a aceitar uma lista de 12 nomes pronta, sem que passe pelo crivo do próprio conselho a escolha desses nomes através de análise curricular e de sabatina, regramento desse processo todo aprovado pelo próprio Conselho Seccional.

Reforce-se: Inácio Kraus discordar da forma como se definiu o processo de escolha do Quinto Constitucional é uma coisa. E, tanto assim o é, que o caminho correto já foi buscado, no caso a Justiça Federal que, em duas instâncias, segue considerando a definição do processo como legítima da parte da OAB/SE.

Agora, por conta dessa discordância, detonar o processo como um todo, atingindo diretamente o Conselho Seccional, que é quem definirá os 12 nomes que serão votados direta, democrática e livremente para a escolha da lista sêxtupla por parte de nossos advogados e advogadas, é, sim, tentar tumultuar o processo e, por fim, atacar diretamente a instituição OAB/SE, que é atemporal e não merece passar por isso.

Assim, como diria um dos ‘memes’ históricos gerados na mídia brasileira a partir da grande jornalista Sandra Annenberg, em situações como essa só se há uma expressão a utilizar: “que deselegante!”. Sem mais!

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