Quando estreou em 2000, o filme norte-americano Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento, levou Julia Roberts ao Oscar de Melhor Atriz. Mas levou mais: levou ao mundo o caso real de Erin, assistente de um pequeno escritório de advocacia, que emparedou a empresa Pacific Gas & Eletric, ao final, a ter que pagar US$ 333 milhões por ter poluído o lençol freático no município de Hinkley, no sul da Califórnia.
O caso em questão foi a maior indenização já paga nos EUA e se deveu ao fato da incidência de câncer ser acima da média naquela cidade a ponto da Justiça norte-americana considerar que, de fato, a culpa era da poluição causada pela empresa.
Cortemos para o Brasil, mais precisamente para o interior de Sergipe, onde temos algumas barragens tipo Dionísio Machado, em Lagarto, e Cajaíba, em Itabaiana, nas duas maiores cidades do interior sergipano.
No entorno dessas barragens nasceram e dão ótimos frutos os chamados perímetros irrigados. São regiões prósperas, com geração de riqueza, emprego e renda. Mas ainda que cada vez mais produtores agrícolas optem pela atividade orgânica, sem utilização de agrotóxicos, o fato é que ainda há os que utilizam o recurso químico de combate às pragas, além desse mecanismo ter sido a única forma de se manter intacta a lavoura durante décadas.
E finalmente chegamos à sessão da Alese na última terça, 24, Dia da Sergipanidade. E foquemos na audiência pública da Agrese no plenário, sendo que a Agência Reguladora de Sergipe foi sabatinada pelos parlamentares – ao menos alguns poucos, especialmente da oposição, que se interessaram em participar.
Assim, então, coloquemos na alça de mira uma parte do que manifestou o deputado Marcos Oliveira, do PL. O parlamentar foi incisivo ao lembrar que em 10, a partir de um estudo elaborado por uma instituição nacional, foi descoberto que a barragem da Cajaíba, em sua água, possuía 27 tipos diferentes de agrotóxicos. E a pergunta de Marcos foi direta: a Agrese sabe informar se esse tipo de contaminação pode ser combatido apenas com o tratamento ofertado pela Deso quando capta essa água para fornecimento residencial?
Sim, porque a maior parte das barragens nascidas para servir apenas à irrigação, atualmente substanciam, ao menos em parte, o abastecimento residencial! E, como se sabe, Sergipe tem índices consideráveis de pacientes oncológicos.
Lógico que AnderSonsBlog não fará ilações irresponsáveis, mas como a Agrese disse que a responsabilidade sobre a avaliação da qualidade da água fornecida pela Deso é do ITPS, não custa nada levar em consideração a possibilidade, aventada por Marcos Oliveira, de se buscar uma perícia externa para avaliar a qualidade da água e os riscos que a contaminação por agrotóxico das barragens possa levar à população.
Não se trata de alarmismo e nem nada. Mas também não é possível que se leve no banho maria esse tipo de preocupação, afinal o câncer mata e, assim como o alerta de que consumir produtos agrícolas contaminados por agrotóxicos pode causar câncer, não se trata de nada de outro mundo levantar a possibilidade de que uma água contaminada, ainda que tratada, possa também colocar a vida das pessoas em risco, né verdade? Mandou bem demais, Marcos Oliveira! É por aí mesmo!