Não tem jeito: é preciso se colocar frente a frente duas CPIs para se avaliar o quanto Sergipe pode ser honrado nacionalmente e o quanto também pode ser envergonhado diante de todo o Brasil.
Comecemos pela notícia boa: nesta semana, o senador Rogério Carvalho (PT) fez a entrega, ao lado do senador Omar Asis (PSD) do Amazonas, do relatório final da CPI da Braskem ao Defensor Público Federal, Leonardo Cardoso, e ao superintendente da Polícia Federal, Andrei Passos.
Não se trata de apenas um gesto simbólico, não! Se trata do término de uma extensa investigação que culminou num relatório extremamente bem fundamentado, a cargo do relator Rogério Carvalho, e que agora segue para as mãos de quem pode e deve fazer o que for necessário para que as pessoas prejudicadas pelas Braskem em Maceió, capital das Alagoas, sejam ressarcidas e que os culpados pela tragédia ambiental sejam punidos. E é tudo como tem que ser mesmo!
Aí, cortemos a cena para a CPI das Americanas, que investigou fraude de bilhões e mais bilhões de reais que, em resumo, prejudicaram investidores e enriqueceram ainda mais os multimilionários responsáveis pela fraude. Coisa de filme americano, mas sem que, até então, minimamente se visse a mínima possibilidade de punição.
Sim, porque a CPI das Americanas, presidida pelo deputado federal sergipano Gustinho Ribeiro (Republicanos), simplesmente nem ‘encontrou’ culpados e nem sugeriu nenhum tipo de punição e nem de ressarcimento. Um crime contra a ordem financeira aconteceu e, para a CPI comandada por Gustinho, tudo foi apenas uma ‘brincadeira’, né?
Mas a justiça pode tardar, mas, graças a Deus, tende a não falhar: essa semana também, uma ação da Polícia Federal e da Interpol começou a fazer o trabalho que Gustinho simplesmente não fez e já colocou na cadeia gente graúda que tem muito a responder sobre os atos que praticou.
E agora, como é que fica a cara de quem comandou uma CPI que não teve a capacidade – ou a vontade, vai saber – de demonstrar claramente os responsáveis pela fraude e propor as reparações e as punições?
Uma CPI, como se sabe, é custeada com recursos públicos, tocada por gente que tem seus salários bancados por… recursos públicos e, ao final e ao cabo, são realizadas para investigar crimes praticados contra o interesse público ou mesmo o interesse privado, desde que legítimo e legal.
Será que não caberia uma CPI da CPI das Americanas pra entendermos como é que pode se investir recursos públicos numa investigação que não deu em nada, mas que a Polícia Federal, ao agir, já chega apresentando resultados claros? É ou não é algo pra se pensar, leitor e leitora?
Agora, ao final e ao cabo, é preciso, sim, reconhecer: enquanto Gustinho, na presidência da CPI das Americanas, envergonhou Sergipe diante de todo o Brasil, Rogério Carvalho, na relatoria da CPI da Braskem, lavou a alma dos irmãos e irmãs alagoanos e encheu de orgulho todo o povo de Sergipe, independente de quem tenha ou não votado nele. E é por aí mesmo que tem que ser!