Recentemente, em setembro último, o jornal A Tarde, veículo baiano dentre os maiores do País, publicou reportagem intitulada “Litoral Norte tem boom imobiliário” – leia aqui – em que trata duma região específica da Bahia que diz muito respeito a Sergipe. Veja, leitor e leitora, como a jornalista Miriam Hermes abre seu competente texto. “O crescimento do mercado imobiliário na Bahia anima corretores, imobiliárias, empresas de incorporação, notadamente da região do Litoral Norte, entre Salvador e o município de Jandira, na divisa com Sergipe, acompanhando a Estrada do Coco”. A partir daí a jornalista traça um cenário detalhado, ouvindo gente do mercado, especialistas, analisando preços – em alta – e dando um veredito certeiro: o Litoral Norte baiano tem procura crescente e incessante de pessoas que desejam morar ou ter uma segunda casa na cobiçada região e, principalmente, de empresas que querem investir pesado em infraestrutura para atender justamente essa explosão habitacional. Mas antes que apressadinhos ataquem os baianos, supondo que eles estão detonando o meio ambiente em tão linda região, visando só lucrar, ou, em outra frente, ataquem os sergipanos, considerando como morosos os investimentos imobiliários do lado de cá da divisa estadual, um adendo: a Bahia, simplesmente, discutiu e resolveu a maior parte das questões ambientais e econômicas de seu Litoral Norte antes de Sergipe. E aqui cabe um novo adendo: AndersonsBlog está tratando da mesmíssima faixa litorânea brasileira, que pros baianos é Litoral Norte e, pros sergipanos, é Litoral Sul, ok? Assim, juntamente com Aracaju, Itaporanga, Estância, Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba são os municípios que abrigam esse pedaço de paraíso em nossas sergipaníssimas terras. Mas, vale frisar, essa análise do IMI passa ao largo do chamado Complexo de Vira-Latas, do coitadismo ou de quaisquer diminuições das nossas potencialidades empreendedoras, pois Sergipe, lá atrás, na verdade se antecipou à Bahia e iniciou a exploração imobiliária de seu Litoral Sul de maneira muito mais racional, em detrimento à priorização, da parte dos baianos, pela utilização do Litoral Norte deles, num primeiro momento, para a instalação de empreendimentos turísticos/hoteleiros muito mais agressivos e danosos ao meio ambiente. Só que, com o endurecimento das regras e das fiscalizações ambientais no decorrer das três ultimas décadas, a coisa toda meio que foi se perdendo ao longo do caminho – Estância e sua fantástica Praia do Saco são exemplos contundentes das dificuldades surgidas quanto a uma exploração imobiliária exequível e responsável do Litoral Sul sergipano. Mas eis que, ainda bem, surgem boas notícias: desde março deste ano que Aracaju já tem, legalmente, a parte que lhe cabe nesse Litoral Sul transformada em bairros, desburocratizando e, ao mesmo tempo, municipalizando as necessárias fiscalizações e punições contra eventuais agressões ambientais, além do Governo do Estado investindo na Orla Sul aracajuana de maneira constante, firme e ecologicamente responsável. Mas a melhor de todas as notícias é a seguinte: na última terça, 19, em Estância, foi realizada, pelo governo estadual, Audiência Pública de Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Litoral Sul Sergipano (ZEEC). E essa é a forma correta – que o digam o Ministério Público do Estado de Sergipe (MP/SE) e, principalmente, o Ministério Público Federal (MPF) – de buscar, oficial e legalmente, dirimir dúvidas, estabelecer responsabilidades, definir procedimentos e, por fim, garantir legalidade na utilização, inclusive imobiliária, de um lugar tão abençoado por Deus e, por isso mesmo, tão merecedor de todos os cuidados e proteções possíveis e imagináveis.
Por fim…
…mas não menos importante, o incentivo que AndersonsBlog faz para que parta de Sergipe a utilização responsável do nosso Litoral Sul, linkando isso a questão imobiliária, não é sangria desatada e nem competição com a Bahia, de jeito maneira! Assim, comecemos pelo viés imobiliário aqui destacado: ao considerar a região como referencial para esse mercado, este site aposta numa obviedade. Afinal, quem é que, optando por determinada localidade para morar ou para ter um segundo endereço pessoal e familiar, vai deixar de lado ou menosprezar a questão ambiental nessa mesma localidade? Percebe a obviedade?
Por fim 2
Só que, para garantir a você, leitor e leitora, a possibilidade de formar juízo de valor próprio e independente sobre o tema, exercitemos, analiticamente, probabilidades de um futuro que não deve tardar: se os investimentos baianos, no Litoral Norte deles, mantiverem o ritmo atual, serão nossos vizinhos estaduais, pela expertise adquirida, que explorarão as potencialidades do nosso Litoral Sul, né isso? E não se trata de xenofobia e nem de protecionismo. Na verdade, é algo mais básico: empreendimentos locais tendem a priorizar trabalhadores, empreendedores, investidores e consumidores… locais, ora pois!
Por fim 3
E é por isso tudo que a análise do deputado Zezinho Sobral (Podemos) merece ser recortada de sua fala na audiência pública da terça passada em Estância e devidamente destacada: Zezinho disse, em suma, o que precisa ser dito para que todos os sergipanos entendam a urgência de buscar soluções legais para que possamos, de forma responsável e preservacionista, fazermos uso do que é nosso, constitucionalmente falando. Leia o que ele disse, na nota seguinte, e discorde, se for capaz!
Por fim 4
“A Zona Costeira da Bahia possui 53 municípios subdivididos em três setores e subsetores: Litoral Norte, Salvador/Baía de Todos os Santos e Litoral Sul. Já Alagoas conta com o gerenciamento em 22 municípios e sua área marinha costeira está dividida em litoral médio, norte e sul. Precisamos do zoneamento econômico costeiro que indique potencialidades e vocações, que consolide as habitações da região urbana já garantida. Temos que eliminar as restrições. Em todo o litoral baiano e alagoano pode empreender, fazer turismo e desenvolver. E no nosso? Não podemos fazer nada”. Sem mais…