Narcizo Machado, da Fan FM, é um daqueles primores que a radiofonia sergipana sempre produziu e segue produzindo. Ele não ‘empareda’ ninguém, não coloca a ‘faca no pescoço’ de nenhum entrevistado, mas é sagaz para produzir perguntas que deixam personagens de suas entrevistas completamente expostos e isso é muito bom para o jornalismo! E quando se trata de uma entrevista política, isso é muito bom para a democracia.

Nesta quarta, 23, por exemplo, ele entrevistou o ministro o Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo. E, no afã de justificar sua presença quase que diária neste segundo turno em Aracaju, Márcio deu um tremendo tiro no próprio pé.

É que Márcio visivelmente tentou diminuir o papel da candidatura petista no primeiro turno da eleição de Aracaju, a cargo de Candisse Carvalho. Disse ele que o resultado já era esperado pela forma como a candidatura foi construída.

Pera lá, até onde AnderSonsBlog e todo mundo acompanhou, Candisse se fez candidata por ter passado pelo crivo de todos os processos internos do PT, que não são fáceis e que não poupam de críticas e questionamentos quem quer que seja que se proponha a concorrer.

E se Márcio não quis ir pra disputa interna e nem apresentar uma candidatura de sua corrente, aí ele não pode reclamar nadica de nada e nem, muito menos, fazer insinuações, ao dizer que “o PT não tem dono”, de que Candisse só foi candidata por ser esposa de Rogério Carvalho porque isso é um tapa na cara do próprio PT, ora pois!

Além da óbvia misoginia e do flagrante machismo que uma insinuação dessas revela, Márcio Macedo parece esquecer o que ele mesmo fez na eleição municipal passada, quando já tinha sido deputado federal, depois suplente de deputado, já tinha sido secretário de estado, diretor do Ibama e tinha mais de duas décadas de militância, mas com aquele resultado eleitoral dele sendo praticamente o mesmo do de Candisse, numa quarta colocação, com quase o mesmo percentual de votos, sendo que Candisse, em votos nominais, inclusive superou o total obtido por Márcio em 20.

Percebe que a ‘emenda sai pior do que o soneto’ nessa tentativa do ministro de desqualificar o processo eleitoral petista neste ano da graça de 24?

Mas a coisa piora ainda mais: na mesma entrevista a Narcizo, Márcio defende seu apoio a Luiz Roberto (PDT) e sua presença quase que cotidiana na campanha do candidato de Edvaldo Nogueira, também do PDT, e de Fábio Mitidieri (PSD) como sendo uma ‘luta contra o bolsonarismo’.

Mas ele faz isso apoiando uma chapa que tem como vice Fabiano Oliveira (Progressistas) que é bolsonarista declarado. E, leitor e leitora, atentai bem: essa observação da casa aqui se dá não por extremismo, pois Fabiano pode apoiar quem ele quiser e isso é mais do que legítimo. Mas não cabe a Márcio vir com essa cantilena anti-bolsonarista quando ele mesmo está apoiando a eleição de um bolsonarista, né não?

E pra não deixarmos a história se apagar e nem ser ‘varrida pra debaixo do tapete’, será que esse posicionamento político de Márcio mereceria a afirmação ‘eu sei o que você fez no PréCaju passado’?

Sim, porque Fabiano, afavelmente apoiado por Márcio, é quem faz o belo PréCaju. E Márcio, em novembro do ano passado, protagonizou um verdadeiro vexame que foi o custeio com os cofres públicos da presença de assessores dele na festa aracajuana.

Aliás, alguém sabe o resultado das investigações internas no ministério ocupado por Márcio pra identificar quem foi o responsável pelo único caso explícito de uso indevido de dinheiro público no atual governo de Lula? Pois é, né?

Assim, caso Márcio Macedo insista nesses discursos atabalhoados, vale lembrar o que disse o saudoso Marcelo Deda numa de suas sempre inspiradas reflexões: “quem não é fiel ao projeto político de seu grupo, dificilmente será fiel ao povo”. Nem precisa desenhar, né?

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