Mesmo com o sucesso que foi o Sergipão 25, impossível ignorar as falhas ocorridas da última partida do campeonato. Até porque é com os erros que se aprende, né isso? Fala Luís Américo!

Inegável que o Sergipão 25 foi o melhor campeonato de futebol em Sergipe em muito tempo. Premiação decente, clubes, mesmo os pequenos, minimamente organizados, um futebol realmente mais qualificado – o que gera esperança nas participações dos nossos clubes em competições nacionais – e a torcida cada vez mais presente nos estádios. E foi nesse quesito, torcida presente, que tivemos o maior problema na partida entre Confiança e Itabaiana no último sábado, 29. E lógico que culpa não foi da torcida, mas sim da organização – ou da falta de – que imperou geral e dificultou a vida de quem foi prestigiar o espetáculo pessoalmente. Mas dá pra consertar isso tudo, conforme muito bem observa nosso colaborador para assuntos esportivos, Luís Américo, sempre à base de organização, planejamento e estratégia. Bora conferir?

Final do Sergipão 25 – Parte II – Festa nas arquibancadas, caos no planejamento

*Luís Américo

Quero aqui deixar clara a admiração que tenho pelo trabalho de Sidrack Marinho na administração da Arena Batistão, pela sólida e eficiente gestão do vereador Milton Dantas a frente da FSF e, especialmente, ao comando da nossa Polícia Militar.

Isso posto, não podemos e não vamos nos omitir diante do caótico planejamento estratégico para a condução da grande final do Campeonato Sergipano de 2025.

Vamos aos fatos e por partes: pra começar, a FSF e a administração do Batistão tinham pleno conhecimento do número de torcedores que prestigiariam o espetáculo, visto que são responsáveis pela liberação e controle dos ingressos e gratuidades da partida.

Sendo assim, por que tratar essa partida como outra qualquer? Com mais de 3/4 do estádio ocupado, os responsáveis pelo acesso dos torcedores ao Estádio Lourival Batista mantiveram as mesmas entradas abertas para acesso, as quais sejam: catracas das Cadeiras Brancas (Setor Misto), catracas das Cadeiras Azuis (Setor do Confiança) e catracas das Cadeiras Vermelhas (no jogo do sábado, 29, Setor do Itabaiana).

Este procedimento gerou filas homéricas, principalmente nas Cadeiras Brancas e Azuis, com torcedores Azulinos só conseguindo entrar no estádio após minutos de bola rolando. Sabemos das dificuldades da logística de abrir outros acessos, mas, em casos como esse e em outros, como o jogo entre Confiança x Flamengo pela Copa do Brasil 2016, a administração tem que ter um plano contingencial para que se facilite o acesso ao estádio.

Para piorar e afunilar ainda mais o acesso ao jogo do torcedor Azulino, que lotou quase 3/4 das arquibancadas (cadeiras brancas, azuis, setor frontal misto na marquise oposta às cadeiras brancas e parte das cadeiras vermelhas), apenas uma rampa e uma escada que davam acesso às arquibancadas estavam abertas, outras três estavam fechadas, como de praxe.

Pra piorar, a bateria da maior torcida organizada do Confiança, ocupou a escada como palco para tocar para os torcedores que estavam embaixo das arquibancadas bebendo. Espetáculo muito bonito, caso não impedisse o acesso dos demais torcedores (na maioria idosos, mulheres e crianças) às arquibancadas para assistir o espetáculo que importava, a partida de futebol.

Com a rampa congestionada e sem dar vazão aos torcedores, e com a truculência dos integrantes da bateria da organizada e seus seguidores com os demais torcedores, não havia como chegar nas cadeiras. Somente após o início da partida e com um número gigantesco de torcedores nas escadas e sem acesso, a administração resolveu abrir os outros acessos.

Já assentados, os torcedores Azulinos estavam espremidos por um cordão de isolamento da Polícia Militar, que ficava na metade da zona mista das arquibancadas azuis e vermelhas. Somente após muitos apelos, o cordão se deslocou, avançando até parte das cadeiras vermelhas, aliviando o acesso dos torcedores, ora espremidos, para locais desocupados do estádio, já que a torcida do Itabaiana ocupava somente os 3 ou 4 primeiros setores.

Na saída, mais confusão, despreparo e falta de bom-senso dos administradores do estádio e policiais. Todos sabiam que os torcedores da equipe que levantasse a taça, só teriam a saída liberada após 30 ou 40 minutos da saída dos derrotados. Porém, mesmo com toda a torcida adversária fora do campo e com as organizadas invadindo o gramado para comemorar o título com os jogadores, mulheres, crianças e idosos se espremiam a frente de um cordão policial que isolava um portão fechado para saída do estádio.

Todos sabemos que o quesito segurança vem em primeiro lugar, mas, antes de tudo, tem que prevalecer o bom senso. Crianças, mulheres grávidas e idosos, alguns deles passando mal, e uma turba de torcedores desinformados e irritados iam empurrando todos contra o portão, podendo causar uma tragédia.

Ora, nenhum torcedor comum vai atrás de torcedores adversários para brigar, as organizadas já estavam no gramado comemorando e não iriam importunar a segurança da torcida adversária. E, se fosse o caso, os cordões policiais de isolamento poderiam ser feitos na entrada da rua Vila Cristina, após o ginásio Constâncio Vieira, e na rua Cedro, após a entrada das Cadeiras Brancas, liberando o torcedor comum para sair do estádio por vias que não cruzassem com os adversários.

Para completar a lambança da organização, o trânsito, como previsto, ficou caótico após a partida. Isso porque a TV que transmite o campeonato definiu que o jogo teria que ser no sábado às 16:30h, horário liberado pela grade nacional da emissora. E tudo isso mesmo sabendo que, ao término da partida, várias vias próximas ao estádio estariam bloqueadas em virtude da 40ª Corrida Cidade de Aracaju, com término previsto para quase o mesmo horário do fim da partida.

Além desses dois eventos, ainda tivemos o Campeonato Brasileiro de Judô no Ginásio Constâncio Vieira, parte do complexo Batistão. O resultado dessa lambança: caos generalizado no trânsito da cidade, com Uber chegando ao valor de mais de 40 reais para corridas de menos de 5km. Eu mesmo levei quase uma hora e meia para sair do Batistão, pegar meu filho no complexo esportivo Oratório de Bebé e retornar ao meu apartamento, que fica próximo ao estádio. Carros na contramão, motocicletas subindo calçadas e arriscando vida de pedestres e deles próprios e um total desrespeito aos semáforos e sinalizações de trânsito.

Espero que fique a lição para que os envolvidos planejem melhor os próximos eventos e respeitem o principal fomento do nosso futebol que é o torcedor.

*é desportista, pai de atleta e está atento a tudo o que pode levar o torcedor a deixar de ir para o estádio, inclusive a questão da (des)organização!”.

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2 Comentários

  • Geraldo Majella

    31 de março de 2025 - 10:35

    Além de tudo isso, os alagamentos das ruas próximas ao Batistão dificultava ainda mais o trânsito e principalmente as pessoas que se dirigiam à pé ao estádio. Esses alagamentos que acontecem nas imediações do Batistão são antigos e ninguém consegue resolver. Basta uma maré alta para transbordar. O mau cheiro é insuportável. Diz a DESO que trata o esgoto, mas a cidade fede muito. Nesse bairro então é o caos.

    • Luis+Americo

      31 de março de 2025 - 12:56

      Verdade, e eles também tem acesso à tábua de maré, que é pública. Vários agravantes que dificultaram a vida do torcedor. E com transmissão, fica cada vez mais fácil esvaziar nossos estádios, já que alguns torcedores menos engajados, preferem o conforto e segurança do seu lar.

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