“O senhor é senador?”: Rogério Carvalho e o destempero à moda bolsonarista

Corria o ano de 2010, disputa pelo governo estadual. De um lado, o saudoso Marcelo Déda, pelo PT, tentava a reeleição. Do outro, o também saudoso João Alves, pelo DEM, tentava chegar ao seu quarto mandato de governador. Naquele momento, assim como antes e como agora, saúde era calcanhar de Aquiles. Com o HUSE lotado, João se mandou pra porta do maior hospital do Estado, fundado por ele mesmo, acompanhado de uma equipe de filmagem, querendo entrar nas dependências hospitalares. Era a campanha eleitoral pegando fogo! E João, apesar da grandeza político-administrativa que a história lhe confere, estava tentando fazer algo claramente reprovável: filmar as dependências do HUSE lotado pra usar na propaganda eleitoral. E foi devida e acertadamente barrado. A certa altura, a jornalista Cristina Sampaio, que trabalhava na comunicação do governo dedista, disse que o ex-governador até entraria, mas como um cidadão comum, sem equipe de filmagem ou qualquer outro tipo de aparato e acompanhamento. Aí, João Alves se exaltou: “mas eu não sou um cidadão comum!”. Como tudo estava sendo filmado ali na portaria do hospital, não deu outra: a frase de João Aves ecoou na Internet e o resultado das eleições a história registra: Déda reeleito e ponto final. AndersonsBlog recupera essa história pra falar sobre a CPI da Pandemia, no Senado Federal. Na semana passada, o empresário Luciano Hang, da Havan, foi ouvido pelos senadores. E o senador sergipano Rogério Carvalho (PT), afirmando estar sendo provocado por Hang, saiu-se com a seguinte frase inquisitora, dirigida ao depoente: “o senhor é senador?”. O vídeo foi gravado, está na Internet e, nele, fica demonstrada uma agressividade por parte de Rogério muito similar à de… Jair Bolsonaro (sem partido), justamente o presidente que Rogério tanto afirma combater, inclusive por conta desse tipo de postura agressiva e desnecessária. Não se sabe se até as eleições do ano que vem tal vídeo, com tal frase, seguirá tendo grande audiência na Internet. Mas uma coisa é certa: assim como João Alves extrapolou ao dizer que não era um cidadão comum, Rogério Carvalho perdeu as estribeiras ao questionar um depoente se ele era senador! Não se trata de defender ou acusar ninguém, mas de se cobrar das pessoas públicas, que ocuparam – no caso do saudoso João – ou ocupam – no caso do senador Rogério – cargos realmente importantes um mínimo de senso de realidade, de empatia e, acima de tudo, de humildade. Não há nada pior do que alguém, por deter algum tipo de poder, se considerar acima de quem quer que seja. Simples assim!

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