A internet está coberta de informações sobre a queda de um avião no Cazaquistão, inclusive com vídeos e tudo o mais. Assim, vamos nos limitar ao básico: o acidente aéreo aconteceu nesta quarta, 25, sendo que o avião transportava 62 passageiros e 5 tripulantes. Até o momento, as autoridades cazaquistanesas indicaram que 32 pessoas sobreviveram, graças a Deus!
Dadas as informações básicas, vamos ao que interessa aqui pra AnderSonsBlog: rode na internet, leitor e leitora, vá em sites de notícias do Brasil e veja que em praticamente 100% das coberturas sobre o assunto o título já vem com “avião fabricado pela brasileira Embraer”.
E, sim, essa informação está correta, afinal a Embraer é mesmo brasileira e é ela quem fabrica o modelo Embraer 190 como o utilizado pela empresa Azerbaijan Airlines no fatídico voo entre Baku, capital do Azerbaijão, e Grosny, na Chechênia.
Mas por que cargas d’água a imprensa brasileira, nesse caso específico, bate na tecla de que o avião que caiu foi ‘fabricado pela brasileira Embraer’? Em outros acidentes aéreos, alguém lembra de ter lido manchetes que dissessem ‘o avião que caiu foi fabricado pela norte-americana Boieng’ ou ‘o avião que caiu foi fabricado pela francesa Airbus’?
Entende o ponto, leitor e leitora? Lógico que a Embraer é brasileira e tal. Mas, em momentos assim, em relação a acidentes aéreos, a nossa digníssima imprensa trata as empresas fabricantes sem destacar a nacionalidade delas, afinal, essa informação é relevante, mas mais relevante ainda é o acidente em si. E é fato que as empresas fabricantes de aviões, pela natureza das suas operações, são empresas globais!
Assim, só resta avaliar que a insistência em posicionar a Embraer como sendo ‘brasileira’ – ou seja, chover no molhado, ora pois! – é mais um caso do tal ‘complexo de vira-latas’ que o brasileiro tem e que foi tão bem batizado pelo genial Nelson Rodrigues, né verdade?
Ao final e ao cabo, dá mesmo vergonha de ser brasileiro em alguns momentos. Mas não pelo que o país e o nosso povo são, mas por certos tipos de compatriotas que temos e por conta de, em momentos como esse, vermos a grande imprensa brasileira reforçando um estereótipo de que se ‘é do Brasil, não presta!’. Uma lástima, diga-se de passagem. E tenhamos dito!