Renúncia de Renato Telles ao cargo de diretor do Consórcio de Transportes Metropolitano foi uma espécie de ‘crônica de uma renúncia óbvia’ e, na verdade, demorou até demais! Entenda

Uma coisa essencial da democracia é que, com eleições livres, a população manda seus recados claramente. Infelizmente alguns políticos parecem não querer ouvir o que o povo tem a dizer…

Essa lógica pode e deve ser aplicada à renúncia de Renato Telles do cargo de diretor do Consórcio de Transportes Metropolitano (CTM). E é fácil demais chegar a essa conclusão.

Vamos lá: das quatro cidades que compõem o CTM, três apontaram claramente para o ‘cansaço’ das suas respectivas populações quanto aos modelos de gestão que vinham sendo aplicados nelas.

Em Socorro, Samuel Carvalho (Cidadania) venceu facilmente a candidatura de Carminha Paiva (Republicanos), deputada estadual e candidata do agora ex-prefeito Padre Inaldo, também do Republicanos; na Barra dos Coqueiros, Airton Martins (PSD) venceu Alberto Macedo (MDB), que estava candidato à reeleição; e, finalmente, em Aracaju, Emília Corrêa (PL) faturou o 2º turno das Eleições 24 em cima do candidato imposto pelo agora ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), Luiz Roberto, do mesmo PDT.

E somente em São Cristóvão é que Julio Junior (União) foi eleito sucessor de seu padrinho político, o agora ex-prefeito Marcos Santana (MDB). E, mesmo se reconhecendo a importância são-cristovense perante a região metropolitana da Grande Aracaju, impossível não prestar atenção no que as urnas disseram no ano passado.

Assim, o correto mesmo seria Renato Telles ter renunciado a direção do CTM logo após o 2º turno, pois se 75% das cidades que compõem o consórcio mudaram radicalmente de gestores, elegendo ferrenhos opositores ao que estava aí até 31 de dezembro, lógico que a gestão de uma área tão sensível como é a do transporte público acabou sendo reprovada nas urnas!

E como tinham sido os antigos gestores de Aracaju, Barra e Socorro, somados ao de São Cristóvão, que tinham definido o nome de Telles como diretor do CTM, qual a lógica em manter-se no cargo se agora essas três cidades estão ‘sob nova direção’?

Na verdade, a permanência de Renato significava uma desnecessária ‘forçação de barra’, sem trocadilho, por favor!, ainda mais quando se sabe que ele é cunhado de Edvaldo, ex-prefeito da maior cidade do CTM.

E nem adianta a nota oficial que versa sobre a renúncia de Telles vir cheia de ‘justificativas’, tipo quando ele fala que “desde o início de minha gestão, sempre enfatizei que a atuação no cargo de Diretor Executivo não se baseava em um apego pessoal à posição, mas sim na solicitação e confiança dos prefeitos e do governador que compõem a Assembleia Geral do CTM nos anos de 2023 e 2024”.

Se até mesmo o governador Fábio Mitidieri (PSD) já havia manifestado que acataria o que os novos gestores decidissem, por que tamanha teimosia em não deixar que estes decidissem os destinos do CTM a partir de agora?

É aquela coisa: políticos precisam ouvir o povo. E a voz da população grita quando se trata de uma eleição em que oposicionistas venceram, repita-se, em três das quatro cidades que compõem o CTM. É isso! É apenas e tão somente isso!

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