Sonhos de uma noite de verão de que um governo não precisa de oposição: Fábio Mitidieri, ao eleger Rogério Carvalho como seu principal opositor, dá de cara com alguém que sabe ser oposição pra valer. Pega a visão!

AnderSonsBlog, por mais de uma vez, já disse e aproveita para repetir: embora para o governante de plantão possa parecer cômodo uma oposição raquítica, muda e incapaz de fazer frente às suas ações, ter oposição é fundamental para o sucesso de uma gestão.

E embora haja, cá entre nós e a torcida do Flamengo, uma intenção declarada de parte da mídia de blindar o governador Fábio Mitidieri (PSD) de críticas, principalmente quando elas partem de um opositor firme e forte como é o caso de Rogério Carvalho (PT), eis aí uma postura que mais atrapalha do que ajuda.

Ninguém é uma ilha e, principalmente na política, viver sem o contraditório é algo tão egocêntrico, mas tão egocêntrico que o gestor de plantão acaba cegado pelo próprio ‘brilho’, já que, recorrendo ao poeta, “Narciso acha feio/o que não é espelho’.

Dito isso, vamos à resfrega que vem se dando entre o senador Rogério Carvalho que, de forma séria e sem tergiversar, subiu ao púlpito do Senado há coisa de quase um mês e levantou sua preocupação com o possível aparelhamento de instituições com o intuito de suprimir a existência de oposição em Sergipe, via ameaças, via pressões violentas e que tais.

Passou-se quase um mês para que o governador Fábio Mitidieri desse alguma resposta – um adendo: coisa das antigas, num antigo programa humorístico televisivo, uma personagem, do nada, ‘ofendia’ a outra e, depois, se justificava que a resposta era para uma ofensa que tinha sofrido anteriormente. Como a primeira figura era bem enjoadinha, a segunda também se irritava e dizia poucas e boas, as quais a primeira personagem só respondia “ah é, é? Ah é, é?” e assim ficava até quando a resposta surgia, mas aí já no pé do ouvido de uma terceira personagem. Ou seja: a resposta sempre era atrasadona, leitor e leitora. Saca?

Não se entra no mérito por quais razões Fábio demorou tanto a responder uma preocupação legítima de um oposicionista sobre os riscos de não de poder mais fazer oposição no estado. Mas é preocupante ver que demorou a resposta e que ela, na verdade, se tratou de uma pergunta, pois Fábio provocou Rogério a declinar nomes. Voltando a usar recursos humorísticos, seria como se Tiririca, naquele jeitão meio lerdo, perguntasse: “quem é o cantor?”.

Rogério, que de besta não tem nem o caminhado, em uma entrevista vai pra cima: “olha, eu coloco sob suspeição o próprio governador Fábio Mitidieri!” E alguém esperaria outro tipo de resposta de um opositor sério e engajado?

Aí o caldo entornou, com gente querendo dizer que Rogério estava fazendo denúncias vazias e tal. Mas e o que seria mais vazio? Rogério externar suas dúvidas em relação ao governo de Fábio ou Fábio pedir que Rogério dissesse nomes de quem estaria tentando impedir a oposição de atuar em Sergipe? Precisa nem desenhar, né verdade?

E, de mais a mais, quando o senador cobra investigações e fiscalizações sobre o governador, na verdade ele está fazendo o seu papel de opositor. Assim como o Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE) faz seu papel ao impedir o prosseguimento de uma licitação, a da ponte Tancredo Neves/Coroa do Meio, por conta de denúncias de um dos concorrentes, o Consórcio Aracaju. Ou seja: o TCE/SE está no seu papel de fiscalizador. Ou Fábio acharia que o TCE/SE é uma espécie de ‘órgão opositor’ a ele? Lógico que não, né?

Assim, finalmente chegando às mais recentes cenas desse imbróglio todo, agora Fábio é que faz as vezes de um condutor de stand up comedy, dizendo que Rogério “em Brasília é um leão, mas em Sergipe é um gatinho”.

Mas, pera lá, e o papel de um senador não é justamente, em Brasília, cobrar por melhorias para seu estado e para a população que o elegeu? Sendo assim, o lugar de rugir, no caso de Rogério, é em Brasília ou é em Sergipe? Também nem precisa desenhar. E também nem é preciso ser adivinho para saber que Rogério Carvalho seguirá no encalço de Fábio Mitidieri até mesmo pelo fato do governador ter ‘eleito’ o senador como seu maior opositor. Simples assim!

 

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