A história já é uma velha conhecida: quando um município pequeno resolve investir recursos em uma festa pública e gratuita, logo surgem os ‘arautos da moralidade’ pra dizer que esses gastos poderiam ser mais bem aproveitados em outras áreas.
E em que pese esse discurso gerar engajamento – ou ‘engaJUMENTO’, a depender da ótica de quem avalia essas movimentações na internet –, também é necessário avaliar o quanto esses mesmos gastos geram no sentido do aquecimento da economia local quando se fala em atração de turistas para essas mesmas festas.
E a ‘bola da vez’ é a tradicional Festa de Março, em Malhador, no próximo dia 30. Em que pese este AnderSonsBlog tecer críticas pontuais à gestão do prefeito reeleito Assisinho (PSD), os atuais ataques em relação ao investimento de R$ 900 mil para a contratação do cantor Wesley Safadão para esse evento específico parecem carecer de melhores fundamentos pra, no mínimo, ganharem alguma credibilidade.
Vai vendo: segundo estudo encomendado em 18 pelo Ministério da Cultura à Fundação Getúlio Vargas, cada R$ 1 investido na Lei Rouanet gera de retorno à economia R$ 1,59. Lógico que o investimento da prefeitura de Malhador nessa festa não é baseado na Lei Rouanet, visto que esta prevê renúncia fiscal e a festa malhadorense é baseada em investimento de recursos públicos.
Mas, ainda assim, um retorno de 59% a cada real investido em um evento cultural não é algo desprezível. E se fosse possível fazer essa conta simples, poderíamos destacar que os R$ 900 mil investidos nessa festa de Malhador têm potencial para girar R$ 1,5 milhão na economia local.
Mas também podemos usar uma outra conta, feita mais recentemente e em um cenário realmente muito mais amplo: de acordo com a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o show de Madonna, ocorrido gratuitamente na cidade do Rio de Janeiro em 24, durante a semana da sua realização, gerou movimentação de R$ 293,4 milhões no estado, quase tudo dentro da Cidade Maravilhosa.
Vale lembrar que os investimentos totais no evento gratuito no Rio de Janeiro foram da ordem de R$ 60 milhões, sendo que, destes, R$ 10 milhões foram da prefeitura da cidade. Ou seja: por essa conta, o total investido gerou um retorno 5 vezes maior para a economia carioca!
Nem precisa frisar que o Rio é imensamente maior do que Malhador. Mas para uma cidade com pouco mais de 11 mil habitantes, segundo o IBGE, a possibilidade de em uma única festa atrair um público de 40, 50 mil pessoas ou mais – e a força popular de Wesley Safadão é pra isso mesmo! –, lógico que não haverá um só restaurante, uma distribuidora de bebidas, uma loja de roupas, de calçados, uma pequena pousada, um mercadinho, um vendedor ou uma vendedora ambulante que não vão ganhar um dinheiro extra com uma festa dessa magnitude.
E mais um detalhe: se Malhador estivesse passando por alguma crise, por atrasos de salários no serviço público ou tivesse esses mesmos serviços públicos estivessem interrompidos por alguma razão, lógico que o argumento de não se investir numa festa, ainda que pública e gratuita, fariam todo o sentido.
Agora, a cidade de Malhador ser tratada como ‘menor’ no sentido de que não pode receber uma grande festa pública – e gratuita, é bom sempre repetir – não é bem um ataque exclusivamente endereçado ao prefeito, não! Trata-se de um ataque à toda população! Ou o povo de Malhador não pode ter uma festa grandiosa e com um artista que atrai multidões? Que que é isso?!?!
Por fim, vamos reforçar: este AnderSonsBlog tem suas críticas ao prefeito Assisinho e não esconde isso de ninguém. Agora, em relação aos ataques a Festa de Março e a contratação de Wesley Safadão, há uma evidente injustiça ‘no ar’. Podes crer!