Não se trata de defender o senador Rogério Carvalho (PT), até porque ele tem gente o suficiente para fazer isso. Mas o fato é que o cabra teve 582.940 votos, o que representou nada menos do que 48,30% dos votos válidos. E isso significou que Rogério emergiu das urnas muito forte.

Acontece que o ranço anti-petista – apesar de não ter sido maior do que o ranço anti-bolsonarista, vide a vitória acachapante de Lula (PT) sobre Bolsonaro (PL) em Sergipe – foi utilizado de forma inteligente pela comunicação do governador Fábio Mitidieri (PSD) durante o 2º turno no ano passado. E o resultado todos sabemos.

Só que a manutenção de uma campanha intensa pra tentar desmerecer Rogério Carvalho continuou e continua até os dias atuais. Isso, em verdade, revela uma preocupação governista no sentido de impedir o petista de capitanear a oposição no estado.

Dentre essas investidas está a famosa fake news de que Rogério não tem espaços no governo de Lula. Poxa vida, querem brincar com a inteligência alheia, né não? Olha só: Rogério está na 1ª secretaria do Senado, cargo que cabe ao PT e, por isso mesmo, resta comprovada a importância do senador sergipano na estrutura partidária petista.

Agora, os “burros n’água” para essa estratégia de detonar Rogério começam por aqui: com a reforma ministerial, que visa incluir partidos do Centrão no governo federal, quem é que deve perder espaço na Esplanada dos Ministérios em Brasília? Ora, quem tem mais gordura, né isso? E quem é que tem mais gordura? O PT, lógico!

Claro que isso não significa que o PT sacrificaria um Márcio Macedo, por exemplo, que é um interlocutor contumaz de Lula – e que bom que isso não ocorra, pois Sergipe precisa se manter na Esplanada, assim como se manterá na 1ª secretaria do Senado até o final de 24, pelo menos, por favor, né? –, mas fica cada vez mais claro que, para garantir a governabilidade, será o partido do presidente que terá que ceder espaços. E nada mais natural do que isso! Afinal, o PT quer ou não quer o sucesso de Lula? Lógico que quer!

Assim, essa tentativa de desmerecer o senador sergipano por conta de uma suposta “falta de espaços” deveria ser mesmo é um elogio a ele, que sabe da importância de compor no Congresso e de não colocar a faca no pescoço do presidente por um cargo aqui ou outro ali. Então, ponto pra Rogério.

Agora, a mais flagrante – e destrambelhada – tentativa de desmerecer Rogério na política sergipana é bem recente. É que quando o deputado federal Marco Feliciano (PL/SP) ameaçou, com tapa na mesa e gritaria, a senadora Soraya Thronicke (Podemos/MS), quem estava ao lado de Feliciano era justamente Rogério, que prontamente se levantou indignado e confrontou Feliciano para que ele parasse com aquele comportamento ridículo.

Daí que teve gente “vibrando” em Sergipe, esfregando as mãos como que a dizer: “agora ele sifu!”, numa clara referência a Rogério e a sua atitude. E a coisa ficou ainda pior quando se levantou a hipótese de que Rogério teria cuspido em Feliciano.

Pois bem, o sempre competente Luiz Carlos Focca entrevistou Feliciano esta semana e este, por sua vez, veio com uma historinha de que o senador havia “salivado” em seu braço. E que, ato contínuo, ao ser questionado sobre isso, teria respondido: “cuspi e cuspo de novo, seu lixo!”.

Ora, ora, é difícil, numa sala cheia de gente em plena CPI do 8 de Janeiro, tudo isso ter acontecido e só o Feliciano ter ouvido. Na verdade, ficou parecendo mesmo é que o deputado, ciente da bobagem que fez ao atacar a senadora de forma tão rude, estava mesmo é tentando desviar a atenção da sua postura reprovável. Mas nada que um VAR na CPMI não esclareça, né verdade, leitor e leitora?

Pois bem, quando os adversários de Rogério vibraram com a possibilidade dele ser punido ou algo que o valha por esse episódio, esqueceram de um “detalhezinho”: Feliciano é da tropa de choque bolsonarista.

E, para quem não gosta de Bolsonaro, o papel de Rogério Carvalho acabou sendo positivo por demais para ele. Afinal, o “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, correto?

É por essas e outras que fica claro que a estratégia de emparedar Rogério Carvalho pode ser a pior maneira de tentar diminuir o papel dele no Senado e, principalmente, na política sergipana. Que os governistas atentem pra isso ou, em caso contrário, se preparem para um Rogério cada vez mais forte na oposição, viu? E segue o fluxo!

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