Não há nada o que se questionar sobre a bela iniciativa da realização da ExpoRingo, evento do agro em Lagarto que segue até domingo, 8. Aliás, se trata da abertura, neste outubro, de uma saudável safra de atividades do agronegócio em Sergipe que segue até a Sealba, em fevereiro de 24, aí já em Itabaiana.
Tudo bom, tudo certo, tudo beleza demais! Acontece que Lagarto, com seus 60 anos de tradição da Exposição Feira de Animais da Região Centro Sul, realizada ao longo desse tempão no Parque de Exposições Nicolau Almeida, merecia mais! E esse “mais” deveria ser, como sempre foi enquanto a exposição funcionou, uma ação do poder público municipal, buscando parcerias estadual, federal e no próprio mercado!
Mas ao deixar tudo nas mãos da iniciativa privada – e, pior ainda, tentar pegar uma “ponga” no trabalho dos outros, uma “aba” no chapéu alheio – a prefeitura de Lagarto simplesmente desrespeita uma tradição genuinamente lagartense e ainda se imiscui em algo que não tem nem uma unhazinha do mindinho dela pra ser realizada, ora pois! E o povo de Lagarto, aonde entra nessa história? Pois é… não entra em lugar nenhum!
Mas melhor do que a análise de AnderSonsBlog é ler o texto do jornalista Netto Ribeiro em seu blog (leia o original AQUI), fundamental para entendermos a realidade nua e crua atual de Lagarto, né? Boa leitura!
“Pobre na ExpoRingo é luxo
Netto Ribeiro*
A abertura da ExpoRingo em Lagarto (quinta-feira, 5) consolidou de vez uma característica desprezível e contraditória da classe política lagartense: se é quase impossível unirem-se para resolver os graves problemas da população, como é o caso da precária situação do atendimento médico, o mesmo não ocorre quando o assunto é estar próximo de um empresário milionário e influente como o senhor Geraldo Magela.
No Parque das Palmeiras, a união é fácil, todos se misturam para irrigar e serem irrigados pelo agronegócio, o que demonstra não só algo pitoresco, mas também, no fundo, uma fraqueza desses representantes… Apesar das honras à produtividade do agro, à força empresarial, grandeza, beleza, riqueza e blá, blá, blá… sabe-se que eles, salvo raríssima exceção, não foram até lá sinalizar positivamente ao setor para gerar desenvolvimento local.
A verdade oculta, ou nem tanto, é que foram demonstrar apoio para recebê-lo em troca, ou pelo menos deixar a possibilidade aberta. Com as eleições de 2024 chegando, não se quer ficar mal na fita com o importante e financeiramente ativo Magela.
É sabido que a ExpoRingo é um grande evento privado que representa uma parcela produtiva da sociedade, mas que abarca um nicho restrito a uma elite econômica que pertence a certo grupo social.
O problema está no fato dos políticos abandonarem o que é público em detrimento do privado, como faz o deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos) e a sua esposa, a atual prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro (Solidariedade), que encampam a narrativa dissimulada de que a ExpoRingo é a tradicional e sexagenária Exposição de Lagarto. Balela!
E esse discurso faz parte da sanha criminosa de tentar dar ares legítimos a algo repugnante, que é a negociação do Parque Paulo Nicolau de Almeida, Patrimônio Histórico-Cultural e espaço original da Exposição.
E não foi Geraldo Magela que retirou a Exposição do povo de Lagarto, mas a postura desse grupo político. A agricultura familiar não é incentivada, isso é possível sentir não só na falta de políticas públicas no município para os pequenos produtores, mas também a partir da análise da fala do deputado Gustinho.
Para ele existe o “produtor de grãos”, já a expressão agricultura familiar parece horrorizar as suas mandíbulas – coisa de pobre. À essa altura já pode-se dizer: Gustinho e Hilda sepultaram a Exposição de Lagarto!
A ExpoRingo é a ExpoRingo até que Magela assim decida. Para lá, sempre vão os ricos, ela é feita para quem tem dinheiro, não para o povo. E apesar de todos sermos ricos aos olhos de Deus, todos hão de convir que pobre na ExpoRingo é um luxo.
*é Jornalista”.