Este AndersonsBlog, por zelo e discrição mesmo, deixou para se referir ao pós-pleito na OAB/SE somente agora, alguns dias depois da vitória de Danniel Alves Costa para presidente. Esperou, prudentemente, o assentar da poeira para, aí sim, cravar algumas reflexões que julga pertinentes. A primeira delas, a bem da verdade, já estava escrita tanto nas estrelas, como aqui no blog mesmo. Trata-se do chamado “vento das mudanças”, que varreu a Ordem nas eleições do último 16 de novembro, detectado por AndersonsBlog, mesmo que de forma embrionária, já em 30 de setembro, sob o título “OAB/SE terá em Danniel Alves candidatura oposicionista de fato e de direito” (leia aqui), e também no dia 2 de outubro, através do post intitulado “Reeleição na OAB/SE, ao menos por enquanto, é mais do mesmo com picolé de chuchu!” (leia aqui). E, pra fechar, no próprio dia da eleição este blog cravou: “lá pelo final da tarde saberemos o resultado. Mas, se fosse numa bolsa de apostas, AndersonsBlog arriscaria Chapa 2”, justamente a vencedora, isso no texto “ELEIÇÕES OAB/SE: dia da advocacia sergipana definir quem comanda seus destinos” (leia aqui). Bola de cristal? Síndrome de Pitonisa? Ferramental de pesquisa? Chute? Não, leitor e leitora, nada disso fundamentou as impressões emitidas aqui desde o princípio do processo sucessório. Mas uma análise básica das duas últimas eleições e seus respectivos números apontam o óbvio ululante: a chamada “era Britto”, iniciada com a eleição de Cezar Britto para a presidência em 1993, já tinha perdido seu sentido hegemônico nas disputas de 2015 e 2018. Senão, vejamos: naquele primeiro ano, Henri Clay Andrade, candidato da situação “brittista”, venceu com 1957 votos, contra 1856 de Rose Morais, a segunda colocada. Naquele pleito também concorreu Emanuel Cacho, obtendo 409 votos. A matemática fala, né? Então veio 2018 e o atual presidente, agora derrotado nas suas pretensões reeleitorais, Inácio Krauss, venceu com 2199 votos. Seu adversário, Carlos Augusto Nascimento alcançou 1852 votos. E, em terceiro lugar – olha a matemática falando alto aí, gente! –, Arnaldo Machado chegou a 1307 votos. Tava ou não tava na cara que o período “brittista” na OAB/SE estava em seu ocaso? Assim, neste 2021, Danniel Alves Costa teve 3038 votos, vencendo Inácio Krauss e seus 2644 votos, sem margem para contestações. Mas, pera aí: quer dizer que Danniel não teve méritos na vitória, devendo o resultado ser creditado à derrota do grupo até então dominante? De maneira alguma e muito pelo contrário! O presidente eleito demonstrou a sagacidade típica dos vencedores ao montar rapidamente a sua chapa, ao escolher seus alvos de forma cirúrgica e ao profissionalizar a campanha antes mesmo dela começar. Por partes: montando a chapa rapidamente, Danniel poupou esforços e discussões, gerando foco e otimização nas ações de campanha. Os diferentes públicos internos – Jovem Advocacia, Advocacia Preta, Advocacia LGBTQI+, Advocacia Senior e assim por diante – tiveram atenção específica às suas respectivas demandas. E, por fim, mas não menos importante, a profissionalização da campanha, através de um dos papas do marketing eleitoral sergipano, amigo do blog desde há muito, Cícero Mendes, se configurou num trunfo fundamental para Danniel e para a vitória. E isso é algo ainda mais relevante quando se sabe que o marketing de Inácio estava a cargo de David Leite, outro dileto amigo do blog, responsável pelas últimas vitórias situacionistas na mesmíssima OAB/SE. Ou seja: em briga de cachorro grande, a vitória de Danniel se mostra ainda mais relevante pelo fato da competência estratégica e logística de Cícero Mendes ter encarado e vencido não um “cachorro morto”, mas uma figura preparada e incontestavelmente experiente como David Leite, né isso? Mas se tudo são flores vitoriosas, por que AndersonsBlog alerta desde o título desta análise que o novo presidente da OAB/SE tem que mostrar serviço já na sua estreia na presidência, em janeiro próximo? Simples: tão importante entidade classista, cuja representatividade extrapola a advocacia e alcança a sociedade civil como um todo, não pode se dividir, num esticar de cordas interno, contínuo e açodado, sob o risco de gerar rupturas que, por fim, prejudiquem não apenas a advocacia, mas o conjunto da sociedade. Danniel Alves Costa, de forma arguta e competente, venceu a eleição e interrompeu a chamada “era Britto” na OAB/SE. Mas seu sucesso eleitoral só encontrará plenitude em seu sucesso administrativo. E, para isso, a Ordem sergipana tem que, impreterivelmente, estar unida, uníssona e mesmo homogênea, quando isso for imperativo, apesar das necessárias e democráticas diferenças. É tarefa fácil? AndersonsBlog ousa afirmar que não! Mas se, do alto dos seus apenas 38 anos, um até então quase anônimo advogado alcançou a façanha de vencer uma eleição até então quase impossível, não dá para duvidar da capacidade de Danniel Alves Costa de encarar e vencer também mais esse grande desafio. Simples assim!