Bem, a ideia é dar vez e voz a todas as correntes políticas e linhas de pensamento possíveis aqui no AndersonsBlog. Por isso que vamos, nesta segunda, 14, com um artigo do deputado federal e presidente do PT em Sergipe, João Daniel. Leitor e leitora: leia, comente, concorde ou discorde. O importante é não deixar passar batida uma oportunidade de você, também, manifestar a sua opinião.
“Uma nova forma de aproveitar a crise para passar a boiada
Por João Daniel*
O presidente Bolsonaro, aproveitando-se do conflito entre Rússia e Ucrânia, solicitou ao Presidente da Câmara Artur Lira para votar com urgência o Projeto de Lei Nº 191/2020 que permite a exploração mineral em terras indígenas.
O PL faz parte da estratégia do seu governo de incentivar as invasões dos territórios indígenas, por garimpeiros, madeireiros, loteamentos imobiliários, construções de estradas, além da expansão do agronegócio para o plantio de grãos e a pecuária.
Lembrar que durante a pandemia aprovado na Câmara e no Senado o PL 1142, com medidas urgentíssimas de apoio aos povos indígenas diante da omissão do governo federal. Aprovado o projeto de lei, o presidente da República vetou 16 dos seus 25 artigos, inclusive o que possibilitava o acesso à água potável para as comunidades indígenas.
Com a lógica de que, com o conflito no leste europeu, cai a produtividade de fertilizantes no País, e regiões como a foz do Rio Madeira, uma reserva indígena, poderia suprir essa demanda, vem a proposta desse PL. Será que está só em busca de potássio, ou tem outros minerais mais promissores que querem nos roubar?
Para a Conferência dos Bispos do Brasil – CNBB, “ministros e lideranças do governo falam há dois anos em passar a boiada enquanto o povo está ‘distraído’ e que “agora, com o planeta olhando com atenção à guerra que acontece na Europa, parlamentares governistas querem apreciar em regime de urgência essas proposições, a começar pelo PL 191/20”.
O Ministério Público Federal já tem parecer sobre a matéria, defendendo o que diz a Constituição de que “apenas os índios podem usufruir das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes (art. 231, § 2); O aproveitamento dos seus recursos hídricos, aí incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais, só pode ser efetivado com a autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada a participação nos resultados da lavra (art. 231, § 3, art. 49, XVI). Ainda diz, que “é vedado remover os índios de suas terras, salvo casos excepcionais e temporários (art. 231, § 5)”.
O argumentando de que é preciso diminuir a dependência do Brasil em relação a fertilizantes, hoje importados da Rússia (23%) e Belarus (3%), não se sustentam, em razão de dois pontos: primeiro, em relação aos fertilizantes químicos, o governo/Petrobrás abdicou de produzi-los; segundo porque os fertilizantes minerais estão em outras áreas da Amazônia, não só em terras indígenas.
É importante que toda a sociedade se mobilize contra mais esse crime ambiental e esse atentado aos povos indígenas, exigindo que uma decisão dessa não possa ser levada em caráter de urgência, sob o comando de uma bancada de ruralistas e entreguistas, como é a que apoia esse governo que só tem projetos de destruição e entrega do nosso patrimônio físico e material.
*é Deputado Federal e Presidente do PT/SE.”
2 Comentários
João Farias Figueiredo
Boa noite amigo e jornalista Anderson..
Li essa nota por duas vezes para consequir entender qual o objetivo palpável,concreto e favorável ao nosso Brasil de todos os brasileiros. Não percebi NADA…
Comprendir a nota como “um planfeto ” estudantil universitário, quando revoltados com tudo e com todos publicavam, sim só publicavam. Uma narrativa truncada sem conteúdo e ausência de propostas de como contornar a falta dos fertilizantes pronto para o uso na produção de ALIMENTOS , para eles e os outros humanos e também os animais.
Amigo… Não suporto mais essas falácias daquele tempo inglório que nós brasileiros não queremos ver de novo…e ponto final.
Paulo Meneses
Boa noite. Gostaria de perguntar ao nobre parlamentar qual seria a solução para que o Brasil resolva a questão? Essa coisa de exploração em terra indígena é complicado, tem terras que são maiores que o estado de Sergipe.