Antes de mais nada, duas explicações: as aspas na palavra “nulo” no título acima são para mostrar uma diferenciação clara entre quem votou efetivamente para anular o voto, seja por erro – algo cada vez mais raro visto a proximidade que as pessoas, por mais simples e humildes que sejam, têm com a tecnologia – ou por um desejo manifesto – quando as pessoas anulam o voto de forma deliberada –, daqueles votos “anulados” porque o eleitor e a eleitora pagou pra ver e votou no Pato, em Valmir de Francisquinho, teclando o 22 e, assim, tendo o seu voto “anulado” a partir de decisão do TSE.
Já as aspas na palavra “vontade” se dão justamente porque, como se verá adiante, em Sergipe a “vontade” do povo não foi respeitada. Trocando em miúdos: as pessoas votaram em Valmir com força – “deixei o botão 2 ‘foló’, viu?”, como diz um áudio que circula no zap – mas, por “força” da lei, não tiveram esse voto reconhecido e nem divulgado.
Agora, leitor e leitora, vamos a uma lista constando os percentuais de votos nulos para governador em cada um dos 26 Estados e mais o Distrito Federal. AndersonsBlog volta à carga em seguida.
PERCENTUAIS DE VOTOS NULOS PARA GOVERNADOR (ESTADOS+DF)
Acre – 4,63%
Alagoas – 10,76%
Amapá – 4,93%
Amazonas – 6,55%
Bahia – 5,64%
Ceará – 4,43%
Distrito Federal – 4,76%
Espírito Santo – 5,62%
Goiás – 4,37%
Maranhão – 8,88%
Mato Grosso – 8,58%
Mato Grosso do Sul – 3,94%
Minas Gerais – 8,62%
Paraná – 5,77%
Paraíba – 9,90%
Pará – 5,40%
Pernambuco – 9,49%
Piauí – 5,17%
Rio de Janeiro – 9,09%
Rio Grande do Norte – 7,76%
Rio Grande do Sul – 2,77%
Rondônia – 4,82%
Roraima – 4,06%
Santa Catarina – 3,73%
São Paulo – 7,92%
Sergipe – 39,78%
Tocantins – 4,31%
Bem, esses dados são oficiais, lançados pelo próprio TSE em seu site e no aplicativo de totalização dos votos. E aqui é que o bicho começa a pegar: o segundo Estado com maior taxa de votos nulos é nosso vizinho Alagoas. E mesmo que levemos em consideração que o povo lá esteja bem injuriado com seus políticos a ponto de anularem tantos votos para governador ou que haja alguma candidatura por lá que, como aqui, teve seus votos considerados “nulos”, ainda assim o total de nulos alagoanos representa cerca de ¼ do total de “nulos” sergipanos.
Partamos para uma conta simples, então: os 39,78% de votos “nulos” em Sergipe para governador somaram 542.062 votos, em números absolutos. Assim, se diminuirmos ¼ desse total, empatando os votos nulos daqui com o segundo maior quantitativo deles em todo o País, justamente os de Alagoas, ainda assim esse total seria de algo em torno de 406.500 votos “nulos”.
E como será, ao menos até aqui, decidida a eleição para governador em Sergipe? No segundo turno, para o qual passaram Rogério carvalho (PT), com 338.796 votos, e Fábio Mitidieri (PSD) com 294.936 votos. Portanto, mesmo forçando a barra com um percentual de votos efetivamente nulos muito alto, se depreende que os votos “nulos” em Valmir de Francisquinho passaram – e muito, mas muito mesmo! – da casa dos 400.000!
“Ah! Mas são nulos e acabou”, como disse um querido amigo prefeito cuja identidade AndersonsBlog irá preservar e de cuja opinião se sente a cavalheiro para discordar: não são nulos e acabou, não! São “nulos”, entre aspas mesmo, ora bolas!
E o leitor e a leitora mais céticos ainda poderão questionar: “ah! Mas não dá para saber exatamente quantos votos Valmir teve, não!”. E AndersonsBlog, mui cavalheirísticamente, também discordará: dá sim! Só que dá um trabalho fi da pé, pois são mais de 5.500 Boletins de Urna, os BUs, que estão disponíveis na internet, no site do TSE, e que mostram, urna a urna, voto a voto, quantos foram realmente os votos nulos e quantos foram os votos dados ao 22, ao Pato, à Valmir que, só aí, foram “anulados”.
Para dirimir todas as dúvidas, AndersonsBlog está fazendo esse levantamento, num trabalho de formiguinha. Mas como tem muita gente esperta e bacana que trabalha com tráfego de dados e TI, bem que algum abnegado ou abnegada poderia compilar esses números de forma tecnológica e não na mão, na unha, como AndersonsBlog está fazendo, né não? Sigamos…
1 Comentário
Aderaldo Prata
E como fica a soberania do voto da maioria?
Se na Constituição diz que a vontade do povo é soberana, o que vai acontecer com a vontade esmagadora dos sergipanos? Ou essa soberania só pertence aos juízes julgadores?