É lógico que o reducionismo típico de nossos tempos, tão cheios de uma suposta urgência insuflada artificialmente pela circulação de informações na Internet, muitas vezes impede a gente de separar o joio do trigo, de diferenciar alhos de bugalhos.
Por isso mesmo é que tanta gente acredita que ser oposição é repetir o cansado jargão “nós contra eles”, também insuflado artificialmente, com objetivos eleitoreiros, pelos Lulas, Bolsonaros e congêneres afins. Mas isso não é oposicionismo, isso é apenas reducionismo.
Oposição é outra coisa! Quer ver, leitor e leitora? Então tá: o deputado federal Rodrigo Valadares (UB) deu um baile na Câmara Federal essa semana. Aliás, um só, não! Ele de vários bailes – e isso sem perder a compostura e mantendo a sua combatividade de opositor, ora pois! Vai vendo!
Numa audiência pública com o ministro Flávio Dino, da Justiça, Rodrigo, na elegância, emparedou o ministro sem perdão. Isso você confere no vídeo abaixo, pois vale à pena.
Mas, para além de sua fala, Rodrigo, que é bolsonarista assumido, mostrou a que veio emplacando dois convites para outros dois ministros: Fernando Haddad, Fazenda, e Simone Tebet, Planejamento.
Assim, quando for à audiência pública na Câmara, Haddad terá que esclarecer detalhes do tal arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos, e, por óbvio, a quantas anda a secular Reforma Tributária.
Já no caso de Simone, o convite de Rodrigo tem mais incisividade ainda: a ministra terá que esclarecer porque fez cometário sobre a taxa de juros um dia antes da reunião do Copom que decidiria a… taxa de juros!
Alguém pode até pensar que se trata de um caso menor, mas não é e explica-se: num país em que a economia sempre está vulnerável, tocar num assunto importante desses, no caso de uma ministra de Estado, pode causar sobressaltos na Bolsa de Valores, por exemplo, fazendo muita gente ganhar ou perder dinheiro, numa possibilidade real de um agente público ter utilizado informação privilegiada pra mexer “os pauzinhos” na economia nacional, né não?
Enfim, Rodrigo Valadares faz o papel institucional dele e, por isso mesmo, vem sendo o parlamentar sergipano mais destacado pela mídia nacional.
E você, leitor e leitora, concordando ou discordando da posição oposionista de Rodrigo, só não poderá discordar de que ele, no papel de deputado de oposição, está fazendo de maneira correta exatamente o papel que lhe cabe e lhe foi conferido pelo povo através do voto. Simples assim!