Emília Corrêa acertou ao não participar de reunião de vereadores com o governador Fábio Mitidieri. Quem aceita a mão do “algoz” se permite a “apanhar” de novo, ora pois!

Nossa senhora da santa ingenuidade! E não é que a semana passada, no que dependesse da artilharia governista, seria resumida na reunião do governador Fábio Mitidieri (PSD) com a vereança aracajuana?

Só que o povo, que não é bobo, nem “chite” pra esse jogo de cena parido no Palácio dos Despachos. O que ficou da semana passada em termos políticos mesmo foi a pesquisa da Impressos Designer que colocou a oposição, seja com Emília Corrêa (Patriota), seja com Valmir de Francisquinho (PL), como franca favorita nas Eleições 24 para a prefeitura de Aracaju.

Aí, com o objetivo de agradar a chefia, a reprodução do discurso foi em uníssono: “Emília Corrêa errou ao não ir ao encontro com o governador, que foi institucional, que foi um gesto, que foi coisa e tal” e outras bobagens tais. Uma repugnância só!

Acontece que, antes de mais nada, ninguém tem o direito de exigir a presença de nenhuma figura pública em qualquer que seja o tipo de evento. E ainda mais quando o evento é político, sim, como o foi o tal do encontro de Fábio com a vereança.

Comecemos pelo momento que o governador usa para tal encontro: o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), em missão oficial na China, estava substituído pelo presidente da Câmara de Aracaju, Ricardo Vasconcelos (Rede). Só essa deselegância de Fábio já é um sinal político dos mais eloquentes, né não?

Ora, “mostrar o que o governo está fazendo por Aracaju” sem que o prefeito de fato e de direito esteja presente? Precisa desenhar o tamanho do desdém do governador?

Outra coisa: ao se reunir com os vereadores, jurar que não falou de política e que tudo foi institucionalmente combinado fere a inteligência alheia. E precisa falar sobre política quando se reúne o tal do Grupo dos 15, majoritário na Câmara, e que já bateu o pé de que quer porque quer lançar uma candidatura à prefeito?

O gesto em si da reunião já é politizado o suficiente para deixar na cara que Mitidieri sabe dos riscos das Eleições 24 se tornarem uma antecipação dos palanques das Eleições 26. E se os governistas ficarem de fora da prefeitura aracajuana à partir de 25, aí o caldo corre risco de entornar. Por isso a reunião aconteceu justamente após pesquisa eleitoral mostrar que o bicho está pegando na sucessão aracajuana, viu?

Além desses pontos todos, o não comparecimento de Emília também pode e deve ser creditado ao fato de que ela é uma mulher de firmes concepções políticas, concorde-se ou não com elas.

Mas diga lá, leitor e leitora, se caberia mesmo a vereadora almoçando com o governador cujo o partido, o PSD, assinou procuração para atuar como auxiliar da acusação no caso do Processo da Cor Azul que, por fim, retirou Valmir das Eleições 22 e a possibilidade de Emília hoje ser a vice-governadora e, com isso, candidatíssima à prefeitura de Aracaju? Seria falta de vergonha na cara uma participação festiva nessa fuzarca, né não?

“Ah, mas e se ela ganhar a prefeitura, como vai ficar o relacionamento com o governador?” Tá aí uma das falácias mais bem vendidas pelos “marquetingues” da vida.

Só que isso cai por terra ao se analisar a situação das capitais de nossos dois estados vizinhos: tanto Maceió, nas Alagoas, como Salvador, na Bahia, são cidades administradas por oposicionistas ferrenhos dos seus respectivos governos estaduais. E seguem crescendo num ritmo acelerado, sem problema algum.

Até porque, leitor e leitora, quando o governo estadual e a prefeitura da capital são adversários, ambos querem mostrar serviço e fazer um mais do que o outro.

E quando são aliados, algum lado dessa corda arrebenta, geralmente pra cima da prefeitura – vide o sofrimento de Edvaldo com a Deso, por exemplo, quando a companhia de abastecimento quebra até ruas recém inauguradas pela prefeitura, sendo isso culpa do governador que não chama o feito à ordem na Deso e ponto!

Nos finalmentes, é preciso reconhecer: Emília Corrêa mandou bem demais ao marcar seu território oposicionista de maneira clara e indelével. Ganhou respeito entre opositores ao governo, entre os eleitores comuns e, cá pra nós, aqui de AnderSonsBlog também.

Afinal, quem quer ser “meio barro, meio tijolo” na política, na verdade não quer é ser nada além do que governista à atender seja qual for o governo de plantão. E estamos conversados!

 

Gostei 0
Não Gostei 0

Deixe um Comentário