A casa aqui não assina nenhum dos ditos grandes portais noticiosos da imprensa nacional, mas também não burla os firewalls dessa turma. Então, quando quer ler gente muito boa do jornalismo nosso de cada dia, a saída é ir às redes sociais.
Por isso que esse texto a seguir, da lavra do genial Nelson Motta, foi ‘pescado’ nas redes sociais do próprio. Mas, no caso do leitor e da leitora divergirem dessa forma opcional de AnderSonsBlog, que fiquem à vontade e leiam o original n’O Globo (leia AQUI) que tá valendo também.
No mais, o que Nelson Motta escreve é fundamental pra que todo mundo entenda o que o Brasil vive, o país em que todos nós vivemos! Sem mais, ótima leitura procê!
“De volta ao atraso
Ok, o assunto não é para ser discutido e decidido pelo Supremo Tribunal Federal, mas só está sendo pela inércia da Câmara e o Senado, pelos representantes do povo e dos Estados, que deveriam regular a matéria e não quiseram sequer discuti-la, não por ser moral ou imoral, nociva ou inócua, curativa ou danosa, mas porque discutir o assunto “drogas” tira votos no Brasil conservador, o Brasil profundo das manadas e das planícies, que acaba sendo influência decisiva em nosso atraso. A ignorância e o preconceito vencem a ciência e a razão.
Os Estados Unidos, a Europa e boa parte da América Latina devem ser estúpidos, ingênuos ou atrasados, porque com a legalização da cannabis acabaram com o tráfico, controlam quem compra, quem vende e quem planta, e estão ganhando rios de dinheiro em impostos.
Nós devemos ser os espertos, os malandros, os sabichões, os guardiões da moral, que agora vamos criminalizar um moleque que fuma, ou vende, um baseado. E queimar dinheiro e encher as cadeias de jovens.
A liberação da cannabis medicinal, por “razões humanitárias”, até a hipocrisia nacional já aceitou, diante de um quase consenso internacional. Mas para o Senado Federal e sua PEC do Atraso, se o cidadão usá-la para se divertir é crime. Ou pecado (no Brasil de hoje cada vez mais as duas coisas se confundem).
Como pode a mesma planta, aceita pela ciência para curar, ser nociva se usada para se divertir, para criar, para dançar, para transar, para falar besteira e morrer de rir? É o remédio que mata, dependendo da dosagem? Alguém já morreu de uma overdose de cannabis? No máximo chapou.
Já do álcool, aceito e legalizado ao alcance de qualquer boca, nem vamos falar! Quantas mortes e doenças e demências e terríveis dependências. Se não é hipocrisia, o que seria? Má fé? Covardia? Oportunismo? Um pouco de tudo, né?
Como na abolição da escravidão, nós seremos os últimos a liberar a cannabis no mundo, sempre sacolejando nos últimos vagões do trem da história”.
2 Comentários
Luís Américo
Perfeito o Nelsão, como de praxe! Junta uma classe média decadente e indecente(mas com Deus, Pátria e Família como escudo), a uma crescente manada evangélica(exclua-se aí os religiosos sérios que pregam o evangelho sem fins lucrativos e seus seguidores conscientes) e o resultado é o total atraso e desconhecimento sobre ciência e patologias sociais criadas pela proibição/criminalização do uso adequado da cannabis, e consequentemente, uma barreira legal e um tanto antiquada, baseados num conservadorismo que serve de bandeira e escudo pra canalhas de extrema-direita subversiva e subserviente.
Aderaldo Prata
O que foge ao meu entendimento, é como esses congressistas classificam uma planta como uma droga. Tem erro aí. Será de semântica?