No dia 31 de dezembro deste ano, Edvaldo Nogueira (PDT) completará o mais longo ciclo de um prefeito de Aracaju na história: 14 anos e 8 meses – sim, ele assumiu em abril de 06, ao substituir o saudoso Marcelo Deda, de quem era vice, se reelegeu em 08, voltou ao mandato em 16 e se reelegeu em 20.
É um número difícil de ser batido. Só para ficar em um único exemplo: Edvaldo tem 63 anos agora. E a prefeita eleita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), tem 62. Para que ela possa superar o tempo de mandato de Edvaldo, teria que se reeleger em 28, sair do mandato em 32, voltar a prefeita em 36 e se reeleger em 40. Sabe com quantos anos Emília estaria ao findar esses hipotéticos 16 anos de gestão? Nada menos do que 82 anos de idade.
Lógico que isso pode acontecer, mas, vamos e convenhamos, o marco alcançado pelo atual gestor de Aracaju é bem difícil de ser batido, não é mesmo? E por que esse texto, para analisar o papel de Edvaldo nas últimas eleições, começa justamente pelo tempo que ele completará como prefeito ao final deste ano? Simples: é que tem gente demais avaliando que Edvaldo ‘sacabô’ como político.
E assim como o genial Nelson Rodrigues vaticinou que “toda unanimidade é burra”, este AnderSonsBlog, humildemente, avalia que ‘toda obviedade é tola’, numa referência clara ao fato de que o senso comum de que Edvaldo ‘sacabô’ politicamente pode ser uma análise precipitada.
Mas o leitor e a leitora mais incisivos aqui da casa podem sustentar que a conta da derrota de Luiz Roberto, do seu mesmo PDT, pode ser colocada no colo de Edvaldo. É, e há certa razão nisso.
Senão, vejamos: Edvaldo foi quem escolheu Luiz e não abriu mão disso mesmo havendo outras duas – talvez até três ou mais – opções dentro da base governista – sendo que as que se concretizaram foram Yandra Moura (União) e Danielle Garcia (MDB).
Acontece que a avaliação política de Edvaldo não estava de todo errada, não! Lógico que, depois da derrota, tem muito ‘engenheiro de obra pronta’ a dar pitaco. Só que o que o atual prefeito viu quando lançou Luiz como seu pré a prefeito, isso na modesta avaliação aqui de AnderSonsBlog, era a sua boa avaliação e a quantidade de obras em curso na capital – e em conversa rápida com o radialista Eraldo Sousa, que também é da assessoria de Comunicação da Emurb, a casa aqui ficou sabendo que Emília deverá ter cerca de 15 obras para inaugurar já no início de sua gestão, todas oriundas da atual gestão de Edvaldo.
Com esses dados em mãos, Edvaldo tinha argumentos de sobra para escolher o nome para disputar a sua sucessão. Acontece que, e aqui sim temos uma falha de leitura efetiva da parte dele, a disputa pela prefeitura de Aracaju nesse ano de 24 tinha, como restou provado, um viés claramente feminino. Se Edvaldo tivesse apontado o nome de uma mulher, talvez o resultado fosse outro. Mas aí é aquela coisa do ‘se’, né?
Por outro lado, Edvaldo também apostou num certo conservadorismo do eleitorado aracajuano. Mas, pera lá: não se trata de um posicionamento ideológico, não! Se trata dos aracajuanos e aracajuanas não quererem trocar o ‘certo’ pelo ‘duvidoso’, ok?
Mas aqui temos mais um problema: o povo de Aracaju sempre teve Edvaldo como o ‘certo’ e não deixou de considerar outros nomes como ‘duvidosos’. Explica-se: em 08, quando enfrentou Almeida Lima e Mendonça Prado, Edvaldo acabou vencendo porque já estava na prefeitura – reeleição é reeleição, né não?
Em 12, o saudoso João Alves venceu Valadares Filho por ser quem o povo entendia como o ‘certo’ e Valadares seria o ‘duvidoso’, mesmo papel que ele exerceu em 16, quando o ‘certo’ voltou a ser Edvaldo, que se manteve nessa posição em 20, quando o perfil ‘duvidoso’ passou a ser o da então candidata Danielle Garcia.
Ou seja: a leitura de Edvaldo no sentido desse tipo de conservadorismo estava certa. Só que Luiz, em 24, estava equiparado no campo de ‘duvidoso’ juntamente com as demais 7 candidaturas, posto que nenhuma delas havia ainda ocupado nem a prefeitura de Aracaju e nem nenhum cargo público eletivo no executivo, entende, leitor e leitora?
Assim, não se pode ‘crucificar’ Edvaldo, lógico. Mas também não se pode eximi-lo da culpa – que não foi só dele e em outras postagens mostraremos isso. Porém, mais importante do que se estar apontando dedos agora, é avaliar que Edvaldo, embora esteja enfraquecido eleitoralmente nesse momento, não pode ser considerado carta fora do baralho político de jeito nenhum. E quem assim o fizer, na verdade, pode dar com a cara na parede, pode anotar isso aí!
E o que Edvaldo Nogueira fará assim que deixar a prefeitura em 31 de dezembro? Bem, nem ele mesmo falou sobre isso ainda. Mas é bom ficar de olho nos próximos movimentos dele.
“Ah, AnderSonsBlog, então você estaria passando pano pra Edvaldo?”, perguntariam o leitor e a leitora mais cri-cris. De jeito nenhum! Na verdade, essa análise, se fosse pra ajudar alguém, estaria mesmo é ajudando aos adversários dele, sejam aqueles que militam em lados opostos, sejam aqueles que estão no mesmo campo dele, os chamados de ‘fogo-amigo’.
É que quem ignorar que Edvaldo Nogueira, com a sua experiência administrativa, ainda pode dar ‘caldo’ na política aracajuana e sergipana e quem achar que ele realmente ‘sacabô’, já começa lendo a política muito mal. E esse erro de leitura, como o próprio Edvaldo é prova nessas Eleições 24, pode significar… derrota, né não? É isso!
2 Comentários
Luis+Americo
No máximo deputado Estadual, ou se for pra federal vai ter q ser um fenômeno em Aracaju, pois resto do estado não vota nele, salvo algumas exceções.
Ribeiro Filho
O eleitor aracajuanp e sergipano tem aceitado certas permanências de alguns políticos, como se estivesse dando corda para ver até eles vão. Porém, quando a corda estica, o eleitor puxa, mas puxa com vontade, até torar algumas vértebras. Daí não tem mais jeito, é invalidez permanente. O caso Jackson Barreto é bastante emblemático, havia um confiança cega dos aracajuanos nesse político e em quem ele indicasse. A corda esticou e rompeu, não teve emenda que sustentasse esse quebra, Jackson não consegue mais eleger-se nem eleger seu pupilo bonitinho…kkkkk
Assim se deu com a família Franco, teve mais de trinta anos de uma estabilidade confortável, quando terminou esse longo namoro, não sobrou espaço nem para amizade.
O povo de Aracaju e o povo sergipano está exausto das promessas e administrações pífias desses políticos, que estão na cena política há 40 anos e lá vai… A corda arrebentou e não tem como fazer emendas, agora é hora de renovar, trazer novos gestores e parlamentares. A Câmara de Vereadores tem deixado de fora dois terços dos antigos vereadores, a cada nova eleição, o mesmo tem acontecido na Assembleia.
A mudança está avançando e oxigenando essas instituições, o povo precisa de novas perspectivas para respirar novos ares.