Vamos ser bem diretos: a decisão do Sindicato dos Trabalhadores em Rádio e Televisão do Estado de Sergipe (STERTS) de denunciar o exercício ilegal da profissão de radialista por parte do vereador Alex Henrique (PP) foi absolutamente técnica.
E pra simplificar o entendimento de seu leitorado, AnderSonsBlog vai ser objetivo: tudo surge quando Alex, candidato a vereador em 20, registra-se na Justiça Eleitoral como tendo, em termos de escolaridade, o ‘fundamental incompleto’. Na verdade, o vereador itabaianense não terminou o 5º ano do Ensino Fundamental. Só que, para fazer o curso profissionalizante de Rádio do Senac, uma das exigências era o Ensino Médio completo. Percebe, leitor e leitora, que o buraco é bem mais embaixo do que tenta fazer parecer o vereador?
Sim, porque ele… mentiu! Mentiu para a Justiça Eleitoral, pois seu registro de candidatura em 16 dizia que ele tinha o Ensino Médio; mentiu para o Senac, que aceitou um ‘diploma’ sabe-se lá de onde veio; e agora mente para a população ao dizer que se trata de uma decisão política do sindicato da categoria que ele, por dever de ofício, também deveria defender.
E politizar essa questão é uma tentativa de Alex de levar um caso analisado pela Justiça do Trabalho para a vala comum da… política! É tentar se vitimizar para angariar votos e é tentar desqualificar o trabalho investigativo da Polícia Federal e a análise documental da Delegacia do Trabalho e, claro, do sindicato também.
Mas, pior do que tudo isso, é que a atitude pequena de Alex Henrique ofende ainda mais violentamente quem lutou, trabalhando ao mesmo tempo em que estudava, fazendo das tripas coração para se formar e se profissionalizar, para depois de tudo ver uma pessoa atuando de forma ilegítima num espaço que poderia ser de quem não fugiu de suas responsabilidades educacionais e profissionais. Isso é o que é mais incômodo nisso tudo!
Senão, vejamos: “mesmo sabendo, desde já, que será chacoteado por Alex em seu programa ou em suas redes sociais, Anderson Christian, Jornalista formado, dará o próprio testemunho. Lá na juventude, antes de terminar os estudos, o titular da casa aqui resolveu constituir família. E, para sustenta-la, teve que trabalhar pesado. Passado um tempo, tendo abandonado os estudos, a ideia foi retomar o caminho da Educação para garantir uma melhor qualidade de vida pra si e pros seus. Sem tempo para a sala de aula, tome supletivo do segundo grau, à época. Aí, já radialista com registro profissional, o entendimento foi de que ainda era pouco. E vamos pra faculdade, Unit, privada, paga, pra quatro anos, entre 01 e 05 – poxa, próximo ano lá se vão 20 anos de formado, hein?! – saindo de Lagarto as 16:40h, pegando estrada, 75 km, pegando o trânsito de Aracaju no horário do rush, entrando na faculdade aos atropelos, entrando na sala de aula esbaforido, estudando feito um condenado, ralando pra pagar mensalidade, pegando o ônibus, um coletivo, de volta pra Lagarto por volta das 22:30h, correndo riscos na estrada – o episódio da vaca num dos retornos é só para os fortes e Joaquim da Mangabeira, o motorista, é a quem devemos as nossas vidas, né isso, ‘galera do buzú’? –, chegando em casa as 00:30h, acordando cedo, indo trabalhar o dia todo e depois pra Praça do Forródromo, as 16:30h, pra começar tudo de novo, de segunda a sexta, durante quatro longos anos!”.
Percebe, leitor e leitora, como é difícil pra se conquistar as coisas que se almeja? Como é estressante, ralante, desgastante, muitas vezes frustrante, mas sempre dignificante, engrandecedor, enriquecedor – ao menos em conhecimento – e realizador não queimar etapas e nem usar de subterfúgios para alcançar uma conquista desse porte, educacional e profissionalmente falando?
Assim, melhor do que ficar politizando a punição da perda do registro profissional, cabe a Alex e a quem quer que seja pego nessa mesma situação, simplesmente reconhecer o erro e voltar a estudar, a se esforçar, a lutar – e hoje, pela internet, isso tudo tá tão mais fácil, meu Deus!
E outra coisa: sindicatos de Jornalistas e de Radialistas, AnderSonsBlog teve acesso a uma informação que, para ser locutor, disc jóquei, tocar música e tal, basta o diploma de radialista, ok? Mas que, em convenção coletiva, os dois sindicatos entenderam que, para o rádio jornalismo, é preciso formação em nível superior, né isso? Façam valer esse acordo, já que o acordado supera o legislado, e protejam quem leva o estudo a sério! Ou o valor da Educação seguirá sendo mera retórica?
E, por fim, pra Alex Henrique, de quem a casa aqui gosta e tem respeito, uma sugestão: siga na política, Alex! Aí, a decisão é do povo, não precisa se formar, não! Agora, não misture sua cassação de registro profissional, justa até que se prove o contrário, com a política, não! A luta de tantos homens e mulheres que dedicaram parte significativa de suas vidas estudando e se profissionalizando não merece ser jogada na mesma vala comum de nenhuma atividade politiqueira e/ou eleitoreira, viu? Sem mais!
1 Comentário
Aderaldo Prata
Assino embaixo. No