Quem acompanha AnderSonsBlog sabe o quanto a gente da casa valoriza a turma nova da política. Isso para garantir que essa gente nova no processo tenha espaço de fala e de debates sobre as suas ideias.
O deputado federal Rodrigo Valadares é dos que, ao longo do tempo, tem tido generosos espaços pra divulgação de suas ideias e atitudes. Isso desde lá de trás, quando ele era um mero candidato a deputado estadual pelo PTB no tempo em que este AnderSonsBlog ainda militava na grande mídia.
De lá pra cá, mudamos todos: AnderSonsBlog passou pro Jornalismo de Opinião, com veículo próprio, e Rodrigo deixou o PTB, foi pro União Brasil, deixou a Alese e foi pra Câmara dos Deputados em Brasília.
Acontece que, nesse caminho, houve um quiprocó danado de Rodrigo com o seu antigo partido, o PTB, com direito a escândalo nacional na disputa pelo comando da sigla.
Na oportunidade, Rodrigo chegou a ser exposto com prints de conversas em um grupo de zap-zap interno do partido de uma forma nada lisonjeira, com ameaças, ainda que em tom de sarcasmo, a adversários na luta pelo comando do PTB. Uma coisa bem chata, ocorrida ainda no início de 22.
Naquela queda de braço, Rodrigo perdeu pro grupo da ex-deputada Cristiane Brasil e, com isso, ficou sem partido, sem lenço e sem documento pra disputar as Eleições 22. Mas a solução chegou: o União Brasil, fusão do PSL e do DEM, abrigou Rodrigo e seu projeto eleitoral. Aqui, registre-se: o mérito inicial foi de Rodrigo, visto sua boa relação com o deputado federal pernambucano Luciano Bivar, que presidia o PSL e passou a comandar o União até bem recentemente.
Só que é preciso levar em consideração que o União em Sergipe, com a votação de Yandra Moura, a maior da história no estado, foi decisivo para que Rodrigo chegasse aonde chegou. Assim como o comando do PTB, chancelado pela nacional da sigla ligada umbilicalmente a Roberto Jeferson, lá em 18, também o ajudou a chegar na Alese. Ou seja: gratidão em ambos os casos da parte de Rodrigo é o que deveria ser esperado, né?
Mas assim como no final de 21 e início de 22 o parlamentar sergipano largou os pés pra cima da então direção nacional do PTB, agora, nesse final de 23, Rodrigo larga os pés pra cima do União. A diferença é que agora ele anda a falar cobras e lagartos do presidente sigla, cujo presidente é André Moura, como fez em entrevista ao radialista George Magalhães na quinta, 13.
Olha, leitor e leitora, aqui nem se trata de defender André, que é maior, vacinado e inteligente demais em política – tanto é que ele nem respondeu às provocações de Rodrigo. A questão maior é levantar uns pontos: afinal, para Rodrigo Valadares, os partidos pelos quais ele se elege seriam descartáveis? Porque é essa a impressão que ele passa ao se envolver numa tentativa de tomada de comando no PTB e agora ao tentar arranjar indisposições internas para ser ‘expulso’ do União, o que lhe garantiria a manutenção do mandato.
Então, antes de se filiar, Rodrigo não sabia ao que teria que se submeter, em termos de definições partidárias? Se sabia, porque não se filiou a outra agremiação? Ou, no caso mais recente, a esperada grande votação de Yandra Moura foi a motivação para a filiação e, com isso resultando em sua eleição, Rodrigo, que já usou o União, avalia que está na hora de partir pra um partido pra chamar de seu? Detalhe: o Solidariedade, em Sergipe, é comandado por gente ligada a Rodrigo, viu?
Olha, até pelo seu caráter intrínseco de defender a liberdade de opinião, AnderSonsBlog defende que Rodrigo vote em quem ele desejar, pessoalmente falando. Mas enquanto agente público, eleito a partir de uma obrigatória filiação, fica chato demais esse mi-mi-mi de Rodrigo. E a casa aqui já até o defendeu de uma acusação que ele sofreu por parte do senador Alessandro Vieira (MDB), que o apontou como responsável por produção de fake news.
Mas fica difícil defender o posicionamento de quem, em menos de um ano após eleito, passa a defenestrar o partido que abriu suas portas para que ele se elegesse, repetindo o modus operandi que ele já havia praticado contra seu partido anterior, o PTB.
Porque tudo isso depõe contra a ideia que o próprio Rodrigo tenta passar de que ele não faz o jogo da velha política, né verdade? E, de mais a mais, diante dessas demonstrações claras de ingratidão partidária de Rodrigo Valadares, talvez seja necessário prestar mais atenção nas palavras e conceitos pouco elogiosos que o ex-vereador por Aracaju, Cabo Amintas, dirige ao deputado federal sergipano. Sem mais!